Nas últimas semanas, um assunto bem delicado chamou a atenção dos torcedores azulinos: o anúncio do leilão da sede social do Clube do Remo para sanar dívidas da agremiação. Na ocasião, a empresa Norte Leilões, inclusive, especificou a data e o horário para o arremate de um dos principais patrimônios do Leão. No entanto, conforme explicado pelo setor jurídico do Remo, a publicação feita pela empresa não teria fundamento, já que o valor requerido nas dívidas estão sendo pagos via Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut).

Desse modo, a direção azulina fez o pedido de suspensão desse leilão e foi atendida. Mas, no decorrer de sua história, o Leão Azul acabou perdendo alguns de seus principais patrimônios pelo mesmo motivo: o desleixo de sucessivas gestões à frente da instituição. Assim, o Remo deixou de ter o que, hoje, poderia ser um grande diferencial para a agremiação azulina.

SEDE CAMPESTRE

É o caso da sede campestre do clube, que era localizada em Benfica, distrito de Benevides, na Grande Belém, e que tinha mais de 517 mil metros quadrados. Só que, para abater os débitos, o empreendimento foi vendido pela bagatela de R$ 3 milhões, em 2008, cujo montante foi inteiramente para a Justiça do Trabalho.


De acordo com o contador e benemérito Orlando Ruffeil, a perda da sede campestre foi o maior baque da história do clube. “O Remo perdeu o seu futuro quando vendeu a sede campestre. Lá seria o futuro do clube, pois a área do terreno poderia abrigar todos os anseios da instituição, como: centro de treinamento, um campo, restaurantes, além de ser um enorme atrativo para os torcedores. Infelizmente foi uma perda irreparável”, lamenta. Para Ruffeil, a negligência do departamento jurídico foi fundamental para a retirada do bem. “Na época, o Remo já devia um valor alto no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), mas tinha “n” opções para negociar o valor. O jurídico foi muito infeliz ao ter aceitado a proposta e, além de ter vendido a preço de banana, o que mais doeu é que o valor foi todo para justiça”, relembra.

Posto azulino

Outro patrimônio que levou fim foi o Posto Azulino. O local, anexo ao estádio Baenão, acabou sendo negociado em forma de permuta com a Petrobrás, em 1985, para quitar o valor de 300 mil cruzeiros. “Na época foi um valor bastante expressivo. Feita a conversão para hoje, o valor seria de cerca de R$ 3,5 milhões,”, diz Ruffeil.

“Porém, o que gerou a “doação” do empreendimento, foram às contas penduradas no posto pelos atletas da época. “Como o posto era de propriedade do clube, os atletas daquele tempo, como o Alcino, enchiam o tanque e penduravam as contas. Só que isso foi se repetindo com todos os atletas, até que foi ficando insustentável. A Petrobrás, fornecedora, cobrou. E a solução encontrada foi fazer a permuta entre o local com o fim da dívida”, explicou Orlando.

SOLUÇÃO

De acordo com o consultor esportivo e marketing, Clauber Martins, a valorização do patrimônio azulino só terá sucesso, a partir do momento em que o clube agregar mais valor às suasfederações.

“O que se vê hoje, no Remo, é uma atenção apenas com futebol. Ou seja, sem o futebol, o clube não vive. E isso é extremamente errado quando se fala em uma instituição centenária com vários fatores para serem explorados. O clube precisa focar o marketing além do esporte. Como por exemplo, vestuário, restaurantes e lazer, e isso tudo o clube tem estrutura para fornecer, basta apenas cuidado e atenção para isso, além, claro, de incentivo ao esporte amador, que são os mais procurados em todos os polos do País”, analisou o consultor.

(Matheus Miranda/Diário do Pará)

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