Gostem ou não, há uma máxima que define a relação entre as pessoas e as redes sociais: “Havia um mundo antes delas e existe outro depois”. Não há como comparar o alcance e capacidade de articulação entre pessoas nesses dois ambientes. Articulação que pode ter propósitos positivos ou destrutivos. O Clube do Remo sentiu o bafejo de um furacão com a invasão de torcedores no gramado do Baenão na última terça-feira (30 de maio). Algumas manifestações pacíficas, outras agressivas. Para o técnico azulino Josué Teixeira, alvo de uma cusparada e ameaças, as redes sociais tiveram um papel decisivo nessa confusão.

Josué avalia que rumores, boatos e mentiras, disseminados nas redes sociais, têm insuflado a torcida e serviu como combustível para o protesto que ocorreu. “Martin Luther King dizia ‘O que preocupa não é o grito do mal, mas o silêncio do bom’. Você bradar mentiras é um direito seu, mas quem sabe a verdade e não se manifesta, preocupa. Estão usando as redes sociais para espalhar rumores mentirosos sobre o clube, para tumultuar o ambiente e gerar instabilidade”, sentencia.

O técnico reconhece que os resultados, até o momento, não foram muito bons, mas avalia que está dentro do planejamento traçado e das metas realistas. Questiona, por outro lado, que na temporada passada, com “resultados piores” em campo, não se tenha visto esse tipo de manifestação. “A manifestação demonstra, claramente, que a rede social, como foi ano passado, em caso de proteção, tem servido para denegrir o clube esse ano”, conclui.

O caso das camisas


Um dos rumores mais repercutidos nas redes sociais e que incomodou a torcida é um suposto roubo de camisas e material esportivo dentro do clube. Um dos indícios seria o fato de jogadores treinarem com camisa laranja do uniforme de goleiro. Josué nega qualquer verdade nessa acusação.

“A Topper nos mandou 300 camisas de goleiro. Em condições normais, levaríamos pelo menos uns 10 anos para gastar tudo, então o clube usou de inteligência e passamos a usar a camisa de goleiro para os jogadores treinarem. Mas é mais fácil dizer que está acontecendo roubo dentro do clube”, comentou o técnico, ressentido com os comentários.

Linchamento virtual

Outra situação constrangedora que o técnico azulino denunciou aconteceu longe dos holofotes. Dentro das suas próprias redes sociais. “Essa semana foi muito difícil. Fizeram absurdos nas minhas redes sociais, expuseram meus contatos para os torcedores. Hoje eu não tenho mais privacidade”, conta Teixeira.Josué enumera que, desde então, diariamente tem recebido mensagens pelo WhatsApp, SMS e mesmo telefonemas com ameaças e mensagens de intimidação. Apesar de todo desconforto, o treinador preferiu não cancelar seus números telefônicos ou contas. Segue recebendo cada ameaça e repassando para identificação. “Pegaram minha rede social e deram pro torcedor. De onde partiu, eu não sei. Mas tem pessoas que estão investigando e vão descobrir os responsáveis. Essas pessoas, depois de identificadas, vão responder”, prometeu.

Não está nem aí!

Com 80 anos de idade, o presidente azulino Manoel Ribeiro é um homem de outra época. Em entrevista recente, disse não levar em conta o que as redes sociais dizem ou deixam de dizer. “Desde que inventaram isso de redes sociais, todo mundo se julga no direito de dizer o que pensa. Algumas pessoas dizem como se fosse verdade”, comenta o dirigente, que afirma que seu único contato com as redes é quando amigos lhe contam o que está sendo discutido. “As pessoas leem, porque eu mesmo não leio, me contam e vejo que não é verdade, mas que estão fofocando e querendo que aquilo que eles pensam, seja realidade”, pontua.

(Taion Almeida/Diário do Pará)

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