Sobre talento e comparação

O 33º aniversário de Lionel Messi, maior jogador do futebol atual, comemorado ontem, reabriu a discussão sobre o legado e a importância do meia-atacante argentino que encanta o mundo há mais de uma década. Comparações também são feitas. O craque Tostão, por exemplo, escreveu que Neymar tem talento quase igual ao de Messi.

Avaliar o nível técnico de Messi comparando-o a Neymar ou outro grande jogador é tarefa complexa, sempre sujeita a contra-ataques. Aliás, comparar craques é sempre uma temeridade. No Barcelona, ambos jogaram em alto nível por várias temporadas, um buscando completar o outro.

Neymar mais agressivo e insistindo nos dribles até a exaustão. Fato normal para um jogador mais jovem. Messi, já assumindo persona mais madura, funcionava como um distribuidor de jogadas, atuando na área mais central do ataque e interagindo com os demais companheiros.

Tostão referiu-se à qualidade individual e ao apuro técnico de ambos. Neymar, de fato, exibe amplo repertório de dribles e mudanças repentinas de trajetória, mas precisa de mais tempo para se solidificar como jogador decisivo. Não só no Barcelona, mas, principalmente, na Seleção Brasileira.

Camisa 10 e líder incontestável do Barcelona desde que chegou a titular, em outubro de 2004, Messi tem uma vantagem preciosa e fundamental: a regularidade. Neymar jamais mostrou o mesmo afinco em multiplicar conquistas e resultados sem quedas de rendimento ao longo da carreira.


La Pulga evoluiu conforme amadurecia. Cresceu tanto, a ponto de superar largamente a capacidade de surpreender que em Diego Maradona era a arma mais letal. Neymar também surpreende, mas por vezes perde preciosos segundos preocupando-se em exibir repertório.

O maior craque da atualidade não faz da exibição uma prioridade. Ao contrário, prefere empenhar-se na busca de gols, não se importando com a construção estética deles. Afortunadamente, suas jogadas contém refinamento porque ele é um jogador pronto, ciente de seus recursos.

Messi é também mais atleta, no sentido dos cuidados com o físico e a resistência. Graças a isso, chega inteiro à fase declinante da carreira. Tem ainda a sorte de escapar a contusões sérias. Neymar coleciona lesões graves, desde aquela joelhada nas costas na Copa de 2014.

Outro brasileiro merece também comparação com Messi. Ronaldinho Gaúcho, um dos maiores malabaristas da história, possuía até mais talento para despertar encantamento. Era exuberante, altivo, quase completo.

Não chegou ao patamar de conquistas de Messi, de quem foi mentor, por ser menos obcecado por estatísticas. Bastaram a ele três temporadas (entre 2004 a 2007) brilhantes. Pelo que se vê, Neymar tende a se aproximar de R10 (sem os troféus de melhor do mundo) do que de Messi.

Aliás, o dia de S. João marca a feliz coincidência, para os argentinos, do aniversário de dois craques portentosos (Messi e Riquelme) e a vitória sobre o Brasil na Copa de 1990, com passe de Dieguito e gol de Caniggia.

Direto do blog campeão

“A pandemia de DNA chinês que assola o mundo, está a nos mostrar que existem prioridades mais importantes para aplicação de recursos públicos, do que patrocinar competições de futebol. No Brasil, onde educação e saúde nunca foram prioridades zero, a mídia se ocupa em repetir à exaustão, diariamente, sobre taxas de ocupações de leitos nos hospitais. Quando governadores e prefeitos vêm a público dizer que suas estruturas hospitalares estão próximos da saturação deveriam ter a coragem de dizerem que, a rigor, sempre faltaram leitos, equipamentos e pessoal habilitado, até para atender as condições de normalidade. Certamente que o patrocínio do governo do Pará aos campeonatos de futebol precisa ser reavaliado, diminuído e passar a exigir contrapartidas dos clubes.

As mais importantes devem ser:
1) o comprometimento com o contrato;
2) apresentarem estádios em condições mínimas (padrão CBF), proibindo-se, sumariamente, a rotineira inversão de mando de jogo, eventualmente por interesses escusos, em detrimento da cidade de origem do clube e da formação de plateias locais. O clube que não apresentar seu estádio local, na primeira rodada, deverá ser excluído,
3) fixar idade máxima do jogador, no ato da inscrição, inferior a 30 anos, a ser diminuída gradualmente, ano a ano, até alcançarmos a meta de 25 anos;
4) obrigatoriedade de estruturar divisões de base, fixando-se cotas de jogadores egressos da base, em relação ao limite de inscrições permitidas na competição. Da mesma forma, mas inversamente ao item 3, essa cota aumentaria gradualmente, ano a ano, até que estes superassem em quantidade os jogadores importados. Da cota de jogadores egressos da base, um percentual mínimo deveria ser relacionado para cada jogo, garantindo-se que partes destes comecem jogando.
Esses pré-requisitos devem ser exigidos, não somente dos clubes do interior, mas também da dupla Re-Pa, justamente os que mais têm dado maus exemplos, contratando ex-jogadores em atividade, a maioria sub-40, com limitada capacidade atlética e motivacional. Não é à toa que ambos estão na Série C”.

George Carvalho, sobre a necessidade de comprometimento dos clubes

Em meio à pandemia, exemplo edificante vem d’Além-Mar

Marcelo Rebelo de Souza, presidente de Portugal, interrompeu suas tarefas de estadista para dar uma videoaula a estudantes de ensino fundamental. Professor de formação, ele investe no projeto “Estudo em Casa” (parceria com a emissora RTP) para ofertar aulas a alunos do 1º ao 9º ano.

A aula de Marcelo foi realizada no dia 15 de junho, mas explodiu nas redes sociais somente ontem. Ao longo de 28 minutos, ele abordou temas como cidadania, direitos humanos e condições de vida em meio à crise.

Em meio ao descaso reinante no Brasil por parte das autoridades federais, a atenção e o zelo de Marcelo Souza pela educação é algo digno de aplausos – e de inveja. Que sorte ter um professor governando um país.

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