Em junho do ano passado, quando ainda treinava o CSA-AL, Ney da Matta enfrentou pela primeira vez o Clube do Remo, em Belém. Na ocasião, o jogo terminou empatado em 1 a 1. Contudo, as marcas do duelo foram além do resultado do jogo. De acordo com o profissional, naquela partida, o próprio confidenciou ao filho o desejo de poder treinar o Leão um dia. Cinco meses depois, Ney da Matta teve o seu desejo atendido, ao ser anunciado como novo técnico azulino para essa temporada. Principal aposta do departamento de futebol para 2018, o profissional chegou à agremiação com a bagagem de campeão da Terceirona (bi, se levarmos em consideração que foi ele quem montou o CSA do último ano, sendo o técnico até a penúltima rodada), maior ambição remista. Hoje, passados mais de dois meses do começo dos trabalhos em campo, o técnico comentou a experiência que vem tendo no time, a pressão do dia a dia, o rendimento da equipe, a oscilação em campo e, sobretudo, o planejamento para esse ano. Confira.

 No último dia 5, foram completados dois meses de trabalho do Clube do Remo em campo. Nesse período, a equipe atuou em seis partidas oficiais, saindo vitoriosa em quatro oportunidades. Mesmo com o saldo positivo, entre uma partida e outra, o time demonstra oscilação, sobretudo quando ameaçado. Como treinador, a que você atribui esse desequilíbrio? Ao longo da carreira já tinha vivido uma oscilação como essa?
Na verdade não é só aqui no Remo, é no futebol brasileiro. Engana-se muito porque iniciamos a temporada na frente de muitos clubes, mas isso não te dá garantia de resultado positivo imediato. Ele te dá sustentação para ir atrás dos resultados positivos na competição. Falo sempre como se fosse a construção de uma casa: você não constrói do telhado pra baixo. Você tem que fazer a base primeiro para poder chegar ao telhado. E aqui não é diferente. Tem que dar ritmo aos jogadores. O futebol ficou muito difícil. Hoje é muito mais tático do que qualidade técnica. Todos os lugares onde passamos foram assim. Foi assim nas seis temporadas vitoriosas no Ipatinga, no Ituiutaba, no Boa Esporte, CSA. Tudo foi desse jeito. Fomos engrenando, encaixando, dando liga na sétima rodada do campeonato. Essa paciência eu sei que às vezes o torcedor não tem. Mas nós temos a paciência e quem tiver vai nos ajudar a colher também.

 Mesmo contando com jogadores experientes no grupo, a sua presença no comando técnico azulino foi a principal aposta do departamento de futebol para a retomada de títulos em 2018. Diante disso, existe alguma pressão ou obrigação em fazer o trabalho vingar no Clube do Remo?
Eu acho muito legal esse reconhecimento. O que fez a gente chegar aqui foi o nosso trabalho, pelos dois últimos trabalhos. Mas, se for buscar a nossa história ela também é vitoriosa. Mas isso não te dá garantia de nada. Eu sempre falo que o que você fez ontem não serve para hoje, e o de hoje não serve pro amanhã. Tem que mostrar todo dia a competência, a capacidade para buscar sempre coisas melhores na vida. Fico feliz pela minha contratação, mas tenho certeza absoluta que não vai ser só o meu trabalho que vai ajudar o Remo. Tem que parabenizar a atual gestão que tem dado uma estrutura muito boa, física e financeira para trabalhar. Eu sou uma engrenagem, sou a peça menor disso aqui. A peça principal aqui são os jogadores, e depois dos jogadores a torcida. E é isso que vai nos ajudar a buscar grandes coisas nesse ano, sem pressão ou obrigação, mas por competência nossa.


O grupo vem de uma vitória convincente diante do Atlético-ES, pela Copa do Brasil, proporcionando confiança para o jogo diante do Manaus, para a próxima quarta-feira. Por outro lado, o Remo precisa de três gols para garantir a classificação de forma direta no certame. Em caso de eliminação, o resultado iria de encontro com o que vem sendo prometido até aqui. Qual o sentimento sobre isso? Você garante a classificação?
RTemos 90 minutos para decidir esse jogo. Não podemos tomar gol se não piora as coisas. É um passo de cada vez. A gente sabe que o nosso grupo é competitivo. Garantia ninguém tem, mas vamos batalhar e buscar sempre a vitória, pra buscar a classificação para o torcedor, que tem nos ajudado muito. Não tem nada perdido, temos o poder de reação e o sentimento, nesse momento, é de virada. Vamos trabalhar passo a passo para não errar de novo.

O Clube do Remo não avançava à segunda fase da Copa do Brasil há seis anos e você, juntamente com o plantel de jogadores, conseguiu quebrar esse tabu negativo. Agora, com o duelo confirmado diante do Internacional-RS, em Belém, qual a expectativa para enfrentar um time de primeira divisão? A equipe deverá mudar o estilo de jogo?
Futebol você precisa vencer todo dia, o adversário que seja. Mudou agora a situação. Por maior que o Remo seja, nós vamos enfrentar um clube também grande, de primeira divisão. A responsabilidade mudou de lado. Quando enfrentamos o Atlético-ES, o time grande era o nosso. Hoje o maior favorito é o Internacional. Acho que ainda não é hora de focar nesse jogo. Mas temos convicção de que a preparação vai ser intensa para buscar a classificação, porque essa é uma meta nossa. De vencer, seja o adversário que for.

Aos poucos, a versão 2018 do Clube do Remo vai criando identidade, com destaque para o setor defensivo e ofensivo. No entanto, o meio-campo do time parece não ter tomado forma ainda. O que falta para o miolo central do Remo funcionar? Existe a possibilidade de uma contratação para o setor?
Eu analiso com tranquilidade. Você contrata alguns jogadores e naquele momento não encaixa, mas mais para frente encaixa. Eu falo que o meio de campo é a alma do time, ele precisa funcionar pra que as coisas funcionem também. Estamos testando algumas situações, mas infelizmente ainda não achamos aquele ponto ideal que a gente pretende e que o futebol pede. Enquanto não encerrar as inscrições, ficam abertas as contratações. Se pintar um jogador que a gente conheça e que encaixe no perfil, vai ser bem-vindo. É por isso que a gente mexe. Mas se tiver que mudar, nós vamos. Eu nunca vou estar satisfeito com aquilo que estou vendo, seja na vitória ou na derrota. Vamos sempre procurar melhorar.

Em uma autoavaliação, qual a seria a sua análise do desempenho remista até o momento? As coisas estão acontecendo conforme o planejamento? 
A única coisa que saiu do nosso controle até agora foi o resultado ruim que nós tivemos lá contra o Manaus. Só isso. O resto está tudo caminhando certinho. O grupo vem dando uma resposta boa. A montagem do grupo, vocês podem observar, é uma família. O legal de tudo é que essa briga tem que ser leal entre eles, só precisam trabalhar porque a oportunidade é pra todos. Os meninos da base, a oportunidade vai aparecer. Deus sempre foi muito bom comigo porque sempre respeitei todos. Eles sentem isso. O torcedor pode confiar na gente porque não viemos para brincar. O planejamento vencedor, de títulos e de acesso, vai acontecer porque será fruto do nosso suor. Eu não tenho outra fonte de renda. O que sustenta a minha família é essa profissão, é aqui. Tenho certeza que vamos ser vencedores, estamos trabalhando. Não tem como dar errado.

 

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