Semifinais têm embates desiguais

Definidos os cruzamentos das semifinais do Parazão, surge a expectativa quanto às possibilidades e ambições de cada um dos quatro classificados. O PSC, primeiro colocado com 25 pontos, com aproveitamento técnico de 83,3%, é o maior favorito. Marcou 25 gols, sofreu apenas 7. Tem mais entrosamento porque quase não mexeu no elenco desde a interrupção das competições. Os jogos estão previstos para as próximas quartas-feiras (12 e 19), no Mangueirão.

Sob o comando de Hélio dos Anjos, o Papão tem sido sólido na defesa, característica exibida desde a Série C 2019, e forte no ataque, superando a maior deficiência da equipe durante o Brasileiro.

Terá pela frente o Paragominas, 4º colocado com 16 pontos, cuja campanha foi surpreendente nas primeiras rodadas do Parazão, mas que sofreu um desmanche após a saída do técnico Rogerinho. Na retomada das atividades, os reforços não empolgaram. A exceção é o experiente Aleilson.

O confronto é o mais previsível das semis porque coloca no caminho do PSC o time que tem justamente a pior performance diante da equipe de Hélio dos Anjos. Nas duas vezes em que se enfrentaram, na etapa de classificação, o Papão aplicou goleadas, totalizando nove gols.

A última partida evidenciou a supremacia alviceleste. O placar de 4 a 0 foi construído com certa facilidade, apesar da insegurança da defesa bicolor nos primeiros 30 minutos. Os gols foram acontecendo naturalmente, com grande facilidade, e o jogo terminou com cara de treino.


Superar o retrospecto desfavorável é o maior desafio do Paragominas, comandado por Robson Melo. A zaga é um dos problemas. Ao longo do campeonato, o Jacaré sofreu 16 gols em 10 jogos, índice negativo inferior apenas ao do Carajás, lanterna da competição, que levou 23 gols.

Na outra semifinal, Remo e Castanhal se digladiam num duelo bem mais equilibrado. Leoninos e castanhalenses terminaram a primeira fase com bom aproveitamento. Na classificação, o Remo alcançou 23 pontos (76,7%) e o Castanhal, 20, com 66,7%.

A artilharia aponta vantagem do Japiim, que marcou 21 gols contra 16 do Leão. É também do time da estrada um dos artilheiros do campeonato – Pecel, com 8 gols. Nas últimas rodadas, ambos venceram, mas o ataque remista foi mais efetivo, anotando sete gols contra quatro do adversário.

Nos dois confrontos das semis – quintas-feiras, 13 e 20, no Mangueirão –, o diferencial pode ser justamente o trabalho ofensivo, pois os times se equivalem nas ações de meio-campo. As defesas também têm desempenhos opostos. A do Remo sofreu 8 gols, a do Castanhal levou 15.

As possibilidades dos emergentes diminuem em dois jogos e com ausência do fator campo, que certamente teria influência se o campeonato fosse disputado dentro da normalidade, com um dos jogos no interior.

As duas partidas beneficiam, em tese, os times que têm elenco maior e mais qualificado, que podem compensar o desgaste físico deste momento de retomada – e de coincidência com jogos da Série C – lançando mão de um leque maior de jogadores. De toda sorte, os dados estão rolando. Todos têm direito de sonhar com a classificação às finais.

Novos tempos e velhos erros na retomada do futebol

Nem bem a temporada do futebol foi reiniciada e já começa a repetição de falhas de arbitragem, coincidentemente sempre em favor de clubes que têm longo histórico de benefícios do tipo. Refiro-me, em especial, ao clássico entre Corinthians e Palmeiras, válido pela decisão do campeonato paulista. Um lance envolvendo o atacante Jô e o zagueiro palmeirense Gustavo Gómez reavivou antigas desconfianças quanto à lisura das arbitragens.

Jô deu um pisão violento nos pés do zagueiro e recebeu o cartão amarelo. O árbitro Raphael Claus, conhecido pela parcimônia com que atua em clássicos nacionais, deixou o cartão vermelho no bolso e preferiu, literalmente, amarelar.

A entrada seria passível da exclusão de campo, mas, talvez pelo peso da camisa corintiana, o camisa 9 foi poupado e vai poder jogar o segundo confronto da final, sábado (16h30, no estádio palmeirense). Aliás, os jornais noticiaram a dificuldade do Corinthians em relação ao ataque, pois só conta com Jô, pois o reserva Boselli está machucado.

A atitude do árbitro remeteu de imediato a um lance idêntico, ocorrido na rodada anterior, na partida entre Corinthians e Mirassol, quando o jogador Juninho recebeu o vermelho direto após pisão em atleta corintiano.

Aliás, no mesmo jogo, o lateral Fagner cometeu falta criminosa e também foi perdoado pela arbitragem. O Mirassol ainda reclama de um pênalti não marcado. Antes, em confronto com o Red Bull, o Corinthians também recebeu ajuda involuntária e importante.

O fato é que os árbitros, por coincidência, parecem inclinados a aplicar a lei de forma dúbia – sempre benevolentes com o Timão e rigorosos com os adversários. É provável que o Corinthians nem precisasse desse tipo de auxílio, mas acaba levando vantagem quando situações capitais de jogo tomam um rumo diferente do previsto nas regras.

Mais grave, ainda, porque o campeonato tem formato curto, de poucos jogos, o que dá mais visibilidade a falhas tão pontuais e estas adquirem peso mais significativo nos resultados. O erro do hesitante Claus foi mais reprovável porque cometido sem pressão da torcida, que normalmente influencia nas decisões de árbitros medrosos.

A má arbitragem suplantou a análise geral do jogo, vindo à frente da constatação de que o dérbi paulista foi um horror no aspecto técnico. Um dos piores jogos da temporada, bem abaixo até dos anêmicos duelos vistos pela decisão do campeonato do Rio (o Covidão 2020).

Fica no ar uma séria dúvida quanto à qualidade técnica e às chances dos clubes paulistas no Campeonato Brasileiro, que começa neste fim de semana. Palmeiras e Corinthians correram bastante, como se não tivessem sofrido com a paralisação, mas deixaram a bola em último plano.

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