Entre a esperança e a realidade

O Remo estreia neste domingo na Série C sem ter um time pronto. No elenco, remanescentes do ano passado e sete reforços adquiridos recentemente, mas não há jeito de conseguir entrosamento em um mês de treinos e um par de jogos pelo Campeonato Estadual. Nas circunstâncias, não é justo impor cobranças ao técnico Mazola Jr.

Reina aquela expectativa otimista própria de toda estreia, amparada em esperanças sem base lógica. O fato é que ninguém pode cravar com segurança que o time está afiado e preparado para encarar o Brasileiro.

Não que isso seja impeditivo de uma vitória remista, hoje, em Riachão do Jacuípe, no interior baiano. Pelas características da Terceira Divisão, resultados inesperados acontecem principalmente pelo desconhecimento acerca de times emergentes, como a Jacuipense.

Para sorte do Remo, o comandante diz conhecer bem o adversário. Semifinalista do certame baiano, a Jacuipense foi eliminada pelo Bahia. Para Mazola, o risco está na movimentação do time, que se fecha em duas linhas de marcação e ataca com três jogadores rápidos.

Talvez por receio de conceder espaço à Jacuipense, o Remo levou à Bahia sete volantes – Charles, Júlio Rusch, Lucas, Gelson, Pingo, Lailson e Xaves (sempre ele). Em compensação, a delegação conta com apenas dois atacantes, Gustavo Ermel e Zé Carlos.

É claro que os médios, como Mazola define os volantes, podem cumprir funções ofensivas e representar uma arma tática, confundindo a marcação, mas a lógica ensina que os caminhos para o gol passam pelos atacantes.


A carência de dianteiros já havia sido notada nas partidas pelo Parazão, mas o problema foi sanado com o aproveitamento de Ronald, Wallace e Giovane. Desta vez, todo o esforço ofensivo dependerá dos dois atacantes de ofício e da participação do camisa 10 Eduardo Ramos na transição.

Para o técnico, o oponente é difícil de ser batido: “É uma equipe joga junto há algum tempo. Vai nos criar um imenso problema se tiver espaço”. Talvez essa preocupação justifique o reforço da marcação no meio, com três volantes – Charles, Lucas e Rusch.

A lateral direita ficará com Jansen ou Pingo. Para o meio, caso haja necessidade de lançar alguém para colaborar com o ataque, Robinho e Packer são as opções. Fica a dúvida se, em meio a tantos marcadores, não seria o caso de levar um atacante reserva (Ronald ou Wallace).

Volta-se ao ponto inicial da conversa. Peça por peça, o Remo tem capacidade de resolver o jogo – mesmo com a presença ameaçadora de Xaves no banco –, mas é improvável que os novos reforços, Marlon inclusive, estejam bem encaixados. Em momentos assim é melhor agarrar-se à velha máxima de que o futebol sempre pode surpreender.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração, a partir das 22h, na RBATV. Participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, a estreia dos clubes paraenses na Série C e a expectativa para as partidas semifinais do Campeonato Estadual.

Jesus brilha como o atacante que Tite renegou na Copa

Alvo de críticas e desdém no Brasil, Gabriel Jesus renasceu na temporada, com boas participações no campeonato inglês e confirmou o excelente momento com a atuação de sexta-feira contra o Real Madrid pela Champions League. Foi o homem do jogo ou, nas palavras de Pep Guardiola, “o jogador que decidiu a eliminatória”.

Palavra de Guardiola tem poder e importância. Se não conquista aplausos da torcida brasileira, Jesus vem sabendo aproveitar todas as chances que as ausências de Sergio Agüero lhe permitem. Disciplinado e perseverante, parece ter conquistado também a simpatia dos companheiros, como foi possível perceber na vibração pelo gol que confirmou a vaga.

Aos que insistem em comparar o desempenho dele no City e na Seleção de Tite vale lembrar que Guardiola nunca se arvorou a dar ao atacante tarefas de marcação nas laterais, como o técnico do Brasil ousou fazer na Copa 2018, aniquilando com a imagem de Jesus junto à torcida.

Talvez agora, com o êxito de Jesus na Champions, Tite reveja seus conceitos. Melhor ainda se o City seguir avançando. Pega o Lyon nas quartas de final e, se passar, terá pela frente Bayern, Barcelona, Nápoli ou Chelsea nas semifinais. Desafios à altura de quem pretende ir longe.

Ativismo e consciência para enfrentar o racismo no futebol

As imagens do crime que vitimou o segurança negro George Floyd, asfixiado por um policial branco, desencadearam uma onda de protestos que abalou o mundo em maio. O combate ao racismo passou a ser pauta obrigatória de qualquer pessoa esclarecida.

O futebol não podia ficar indiferente, principalmente no Brasil, país marcado por repetidos casos de racismo. Jogadores do Remo e diretoria do PSC se uniram à mobilização antirracista nas últimas semanas.

Com o gesto característico do movimento “Vidas negras importam!”, jogadores do Remo ergueram os punhos instantes antes do jogo com o Tapajós, na quinta (6), para protestar contra insultos dirigidos ao volante Gelson na partida contra o Águia, domingo passado. Além do gesto, o time entrou com a faixa “Se você é racista, não seja remista!”.

O Papão, que havia repudiado com firmeza um caso de xenofobia no YouTube, solidarizou-se com Gelson nas redes, mostrando que a consciência social está acima de tudo.

Dados do Observatório da Discriminação Racial no Futebol indicam que, somente neste ano, 15 incidentes envolvendo preconceito e intolerância registrados no futebol brasileiro. É hora de mobilizar e reagir.

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