Os números estão com Mazola

O torcedor esbraveja e cospe fogo, inconformado com o conservadorismo tático que o Remo exibe em campo, mas os números estão em conformidade com o resultadismo pregado por Mazola Junior. Na régua fria da tabulação matemática, goste-se ou não, o técnico tem um aproveitamento pleno de 62% em 14 partidas no comando do Leão.

A estatística é contundente, sem paixão. No total de partidas na temporada, incluindo Parazão (9) e Série C (5), Mazola venceu sete, empatou cinco e perdeu apenas duas, perfazendo 62% de rendimento.

Quando é tabulado apenas a campanha no Campeonato Estadual, foram cinco vitórias, dois empates e duas derrotas, totalizando 27 pontos disputados e 17 ganhos, com 63% de aproveitamento.

No pós-quarentena, pela Série C e Estadual, Mazola dirigiu o Remo em 11 jogos. Venceu seis, empatou três e perdeu dois, justamente na decisão contra o PSC. Disputou 33 pontos e conquistou 21, com 63,6% de aproveitamento técnico.

Quando se calcula somente os resultados na Série C, são cinco partidas (duas em casa, três fora), com duas vitórias e três empates. De 15 pontos em disputa, o time ganhou nove. O aproveitamento é de 60%.

Portanto, mesmo que Mazola não esteja entregando um futebol bonito de ver, longe disso, é inegável que o time está obtendo resultados interessantes. A matemática só não explica (e justifica) o fracasso na busca pelo tricampeonato, ponto mais questionado pela massa azulina.


A estatística (compilada pelo amigo Guilherme Guerreiro) mostra que a trajetória do Remo na Série C é no mínimo razoável. O time tem sérios problemas de organização, erra muitos passes e ataca Menos do que deveria, mas os números – sempre eles – respaldam o trabalho e a lógica de Mazola.

As lembranças de Assis, um zagueiro clássico e técnico

Assis, ex-jogador de Remo e Fluminense, partiu no meio da semana e as homenagens prestadas a ele, apesar de expressivas, não ficaram à altura do que representou no exercício da profissão. Ele foi simplesmente um dos maiores zagueiros da história do futebol paraense e um dos expoentes da posição nos anos 60-70 no país.

Integrou no Remo uma linha defensiva fortíssima. Foi lançado no time de cima ainda jovem, mas a maturidade técnica fez com que assumisse a titularidade por oito temporadas. Ganhou respeito e projeção, apesar da pouca visibilidade que o futebol nortista tinha à época.

Não vi Assis em ação no Remo. Só pude acompanhá-lo nas transmissões de jogos do Fluminense, mas colegas do período dele no Remo contam que Assis aliava técnica e força, tendo na regularidade sua maior virtude.

Foram essas qualidades que o conduziram ao Fluminense, no final dos anos 60, quando os times do Rio eram sonho de consumo de todos os boleiros.

Nas Laranjeiras, desfrutando dos encantos da Cidade Maravilhosa, Assis jogou de 1968 a 1975. Deixou currículo impecável: 424 partidas vestindo a camisa tricolor e cinco títulos conquistados, quatro pelo Carioca e o Brasileiro de 1970. Sem perder jamais o jeito humilde e discreto.

Quando Francisco Horta criou a Máquina Tricolor, lá estava Assis, ao lado dos campeões mundiais Félix, Marco Antonio, Paulo César Caju e Rivellino. Não era qualquer um que conseguia vaga naquela constelação de grandes jogadores, mas Assis foi titular até deixar o clube.

Antes de pendurar as chuteiras, voltando a morar no Pará, precisamente em Mosqueiro, o zagueirão ainda emprestou sua segurança e competência ao Sport-PE, ao Ceará – foi campeão estadual em 1978 – e ao ASA de Arapiraca, onde fechou a carreira.

Assis construiu uma bonita e digna história de dedicação ao futebol bem jogado. Merece todo o nosso respeito.

Reentrada do SBT no futebol tem forte “incentivo” governista

Para surpresa geral, o SBT deu um lance ousado e comprou os direitos de transmissão da Libertadores. Sem tradição no segmento esportivo, a emissora de Sílvio Santos de posiciona no competitivo mercado dos eventos mais caros do futebol. Apesar do festejado tino empresarial de SS, o fato é que a negociação com a Conmebol dificilmente teria sido bem sucedida se não houvesse o apoio do governo Bolsonaro por trás.

Desde 2019, a liberação das verbas publicitárias federais contemplou com maior quinhão as emissoras “amigas”, Record e SBT. Números da Secretaria de Comunicação da Presidência, subordinada ao Ministério das Comunicações, mostram que a Globo recebeu R$ 2,65 milhões em 2019. O SBT ganhou R$ 6,62 milhões, mais que o dobro.

De 2017 a 2020, a participação do SBT pulou de 24,8% para 41,01%. Apesar das observações de auditoria do Tribunal de Contas da União, que questionou os critérios de distribuição da verba, a priorização continuou.

Para tornar tudo mais favorável aos interesses de SS, o vínculo do SBT com o governo ficou mais forte com a escolha de Fábio Faria, genro do empresário, para o recriado Ministério das Comunicações.

A edição da MP 984 completou o serviço, ao dar aos mandantes de jogos o direito de comercializar os direitos de exibição. Amparado pela MP, o SBT exibiu a decisão do Carioca e sacramentou acordo com o Flamengo. A conquista do maior torneio das Américas é o coroamento do processo.

Bola na Torre

O programa começa às 22h15, na RBATV, com Guilherme Guerreiro no comando e a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Direção é de Toninho Costa. Em debate, as campanhas da dupla Re-Pa na Série C.

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