A primeira apresentação do Remo na Série B deixou a torcida dividida. O 1º tempo diante do CRB agradou: time intenso, vibrante, com saídas e soluções rápidas. A segunda metade da partida tisnou a atuação inicial e decepcionou. Fez lembrar passagens ruins do time nas etapas decisivas da Copa Verde e do Campeonato Paraense.

Contra o Brasil de Pelotas, amanhã à noite, no Baenão, surge a oportunidade de mostrar um Remo mais sólido e organizado para a caminhada no Brasileiro. O adversário também empatou na estreia, mas atuando mal e sem mostrar repertório ofensivo.

Com o time completo, nas condições físicas ideais, a expectativa é por uma exibição mais consistente frente aos gaúchos. Consistência aqui deve ser entendida no sentido preciso do termo: um time que aguente o tranco, jogando competitivamente por 90 minutos.

Um dos graves problemas do Remo de Bonamigo no Parazão foi a ausência de força e resistência na parte final das partidas. Quando começa a substituir atletas para reforçar o condicionamento geral do time, o técnico acaba involuntariamente disparando o gatilho da desorganização, que afeta o meio-campo e o ataque, principalmente.

Diante do CRB essa situação se repetiu, lembrando o fraco segundo tempo diante da Tuna nas semifinais do certame estadual. Quando saíram os dois jogadores de extremidade, Lucas Tocantins e Jefferson, a equipe afundou completamente, perdendo poder de pressão sobre a última linha alagoana.

Não haveria problema se o meio-campo sustentasse marcação capaz de conter as investidas do adversário. Aconteceu justamente o previsível. Veio a pressão e, em consequência, o gol de empate.

O fato é que o formato de jogo adotado por Bonamigo requer intensidade permanente para superar a produção dos adversários. Para que tal milagre ocorra, os jogadores precisam estar em alto nível técnico e físico. Nem sempre isso é possível.


O desgaste físico tem sido notado na maioria dos jogos, forçando as substituições que enfraquecem as linhas do time. Fica a impressão de que, para garantir êxito, o Remo disputa o primeiro tempo sempre em alta rotação, tanto que os gols costumam acontecer nesta etapa.

Para preservar a vantagem, os reservas são acionados e quase todos (Erick Flores, Vinícius Kiss, Edson Cariús) não respondem às necessidades da equipe. Tem sido assim desde o Parazão e, ao que parece, a comissão técnica ainda não encontrou uma solução.

O confronto com o Brasil impõe a necessidade de vitória. O provável retorno de Dioguinho e a (ainda incerta) presença de Wellington Silva podem contribuir para dar movimentação, agressividade pelos lados e capacidade de surpreender. O 2º tempo disputado contra o Atlético-MG, anteontem, faz crer na evolução azulina.

Cuiabá constrói má fama junto a técnicos e atletas

Nos últimos dias, o Cuiabá tem frequentado o noticiário de forma pouco edificante. Depois da intempestiva demissão do técnico Alberto Valentim, em meio à intensa boataria e teorias picantes, eis que a diretoria produz outra matéria bombástica – e negativa. Um áudio circula mostrando ameaças do vice-presidente, Cristiano Dresch, ao jogador Luís Gustavo. Chama o atleta de “jogador de meia tigela” e insinua ameaças físicas: “Sei onde você mora. Você está na minha terra”.

Esse estilo pantaneiro de administrar pode funcionar em determinados ambientes, mas costuma ser fatal para clubes emergentes no Brasil. A gestão age de forma amadora e expõe problemas internos, manchando a imagem do Dourado em sua primeira participação na Série A.

A frase do dia

“Cepa América 2021: se você for, não me Covid”.

De Glauco Lima, publicitário e indomável bicolor

Memória elegante valoriza a histórica goleada germânica

Aprecio a análise que jogadores europeus costumam fazer de suas conquistas em campo. Sempre é possível extrair ensinamentos. São, em geral, observações bem reflexivas, longe daquele oba-oba que marca as declarações de craques brasileiros – os recentes e os antigos.

Philipp Lahm, excepcional ala direito da seleção alemã, presente naquele doloroso 7 a 1 de 2014, no Mineirão, deu uma entrevista ao jornalista Rafael Reis e desfilou elegância. Disse que a goleada foi um grande feito, “mas estaríamos felizes com 2 a 1 já que chegamos na final e fomos campeões do mundo. Foi um ótimo jogo, mas não tão decisivo assim”.

O repórter insiste: aquela foi a maior vitória da história da seleção alemã? “Não, definitivamente. A história mostra algumas grandes vitórias, como na Copa do Mudo de 1954, a final [3 a 2 sobre a Hungria] foi importante para um grande crescimento do futebol na Alemanha. Podemos lembrar também da Copa de 90, que eu vi na televisão”, diz Lahm.

Deixa ainda uma frase que permite esperanças a todos os brasileiros. Lahm não acha impossível sofrer uma forra. “Se é possível a Aleman

ha perder por 6 a 0 para a Espanha (na Liga das Nações, no ano passado), todos resultados são sempre possíveis”. Fico só a imaginar a marra que um nacional teria se a situação tivesse sido outra em 2014.

 

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