Após a reunião com a diretoria azulina na sede social do Clube do Remo, Josué Teixeira atendeu a imprensa e foi o primeiro a confirmar o desligamento do clube. Afirma que em momento algum pediu para sair ou deixou o cargo à disposição. “Entramos em um acordo. A questão é o medo de mais protestos, de ameaças da torcida, como tem sido. Entendo, mas lamento, porque acho que abre um precedente para, a qualquer momento e por qualquer motivo, dispensar um profissional”, avaliou.

Recém liberado, Teixeira diz que não guarda mágoa e que foi uma felicidade e honra defender por seis meses o clube do Remo. Lamentou apenas a forma como a relação chegou ao fim. “A única coisa que me chateou foi a falta de respeito, quando começam a vazar nomes de treinadores antes mesmo que houvesse tido uma conversa comigo. Talvez esse tipo de conduta explique o porquê do Remo passar por algumas coisas”, comentou, aborrecido, o treinador.

O treinador lamenta não ter conseguido melhores resultados para a torcida, mas defende a qualidade do trabalho desenvolvido no clube. “Comandando um time de jogadores regionais, revelando jogadores da base, perdemos apenas 5 jogos em 6 meses. Deixamos o clube no G4, a evolução em campo era nítida, mas, tudo bem. É uma escolha da diretoria, me cabe apenas acatar”, comentou o técnico.


Josué revelou, em sua despedida do Remo, que a comissão técnica estava há dois meses sem receber salários, e que no acordo de rescisão quer apenas o pagamento dos vencimentos não pagos. “Sem a torcida, o Remo hoje não existiria. O Remo, hoje, só existe porque a torcida banca. Sem o apoio dela, o clube não tem como se pagar. Os jogadores estão com salários em dia, mas funcionários e comissão técnica não”, explicou o treinador.

Relação foi de altos e baixos…

O dia dos namorados marcou a data em que o Clube do Remo e o técnico Josué Teixeira colocaram fim a uma relação de seis meses – período cada vez menos comum para o trabalho de técnicos no clube. O clima entre clube e treinador se tornou instável após a invasão da torcida em treino, há cerca de duas semanas. Mesmo a vitória contra o Confiança-SE, não aplacou a desconfiança que se formou em torno do trabalho do técnico carioca, e o empate com o CSA foi a gota d’água.

Foi uma relação intensa, com alguns altos e baixos e vontade de tentar “fazer a coisa acontecer”. Batendo no peito, dando a cara a tapa e encarnando, à beira do gramado, a agitação das arquibancadas, Josué chegou a ser expulso em um Re-Pa por reclamação e deixou o gramado respondendo provocações da torcida adversária. Para muitos torcedores, foi o bastante para ganhar o carinho. Por outro lado, outras ações do treinador foram mais polêmicas. Bateu de frente com atletas fundamentais no elenco – como Edgar e Eduardo Ramos – e dirigentes, como Sérgio Dias – reclamando publicamente. Apesar disso, recolocou a dupla de jogadores no time titular, tornando-os peças chave outra vez. A enxurrada de contratações para o Brasileiro, a maioria indicada por Josué, não rendeu o esperado e alguns deles já foram embora por deficiência técnica, enquanto outros ainda são questionados. Isso também pesou contra Teixeira, que prometeu evolução, mas, dessa vez, não teve apoio da diretoria azulina.

(Taion Almeida/Diário do Pará)

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