Um dos principais símbolos do clube, o estádio Leônidas Sodré de Castro, há muito conhecido popularmente como Curuzu, esteve no “berço” na última sexta-feira. A tradicional praça de esportes do Paysandu chegou a 100 anos como propriedade do clube. Motivo de orgulho para o torcedor bicolor, o “Vovô da Cidade”, como é chamado por grande parte da torcida e imprensa, foi palco de grandes façanhas do time. Como no futebol, assim como em qualquer outro esporte, não se vive só de glórias, o torcedor também teve os seus momentos de amargura no local.

Decepções esquecidas num momento festivo de mais um centenário bicolor. A velha, porém, charmosa e acolhedora Curuzu, na verdade, possui um pouco mais de 100 anos, afinal de contas o estádio foi inaugurado no ano de 1914, construído pela firma Ferreira & Comandita, que o vendeu, em 1918, ao Paysandu, que o inaugurou no dia 27 de julho daquele ano.

Com tantos e tantos anos, o estádio, um dos mais antigos e conhecidos do futebol brasileiro, passou por diversas reformas, sempre para acolher da melhor maneira possível o torcedor bicolor e os visitantes. No início, os jogos só eram disputados no período diurno, visto que o local não contava, ainda, com sistema de iluminação, orgulho de outros grandes estádios pelo Brasil.

JOGO NOTURNO

Mas, no dia 1º de novembro de 1950, ocorreu a primeira partida noturna no estádio, com o Papão derrotando seu maior rival, o Remo, por 3 a 1, com Teixeirinha, Hélio e Pau Preto, marcando os gols dos bicolores. Remodelado, em 1974, o estádio passou a ser denominado oficialmente de Leônidas Sodré de Castro, merecida homenagem ao ex-presidente, principal baluarte na compra do imóvel.

A Curuzu de hoje é bem diferente de seus primeiros anos. As arquibancadas de madeira, como as existentes em outros estádios da época, hoje dão lugar a arquibancadas de concreto, setor de cadeiras e camarotes refrigerados, que oferecem comodidade ao público.

O “garoto do placar” foi substituído por um placar eletrônico, entre tantas outras modernizações. Até mesmo a capacidade de público é bem maior, hoje pouco mais de 16 mil pessoas. Além de grandes conquistas, como os Brasileiros da Série B de 1991, cuja final ocorreu no Mangueirão, e 2001; pelo gramado do estádio desfilaram craques e craques, que ficaram marcados na memória e nos anais do clube. Uns com gols, muitos gols, outros com defesas milagrosas ou jogadas de grande estilo, capazes de encantar os torcedores do clube e até mesmo os do adversário.

Quem não lembra do gol marcado em segundos? 


Onde quer que se vá, Brasil afora, qualquer apaixonado por futebol, daqueles que fuçam curiosidades desse esporte, será capaz de apontar o estádio da Curuzu como o palco de um dos gols mais rápidos já registrado na história do futebol mundial. O feito aconteceu no dia 4 de junho de 1997. Com apenas e tão somente dois míseros segundos de bola rolando (conforme a súmula da partida), o cabeludo Vital Filho, na saída de bola contra o Santa Rosa arrisca um chute do meio de campo e surpreende o goleiro adversário. O jogador, o Paysandu e a Curuzu também entravam em mais um capítulo da história do futebol.

O gol continua vivo na memória dos bicolores apaixonados.

MAIS FAÇANHAS

No jogo contra o Figueirense, na última sexta-feira, o torcedor que foi ao Leônidas Castro pôde recordar em vídeos a conquista do segundo título da Série B pelo clube; o jogo contra o ABC-RN, em 1991; a conquista da Copa Norte de 2002 e outros momentos marcantes na história do centenário estádio bicolor.

FICHA TÉCNICA

– Nome: Estádio Leônidas Sodré de Castro
– Aquisição: 27 de julho de 1918
– Primeiro jogo: Paysandu 1 x 2 Remo – 14 de junho de 1914
– Capacidade oficial: 16.400 pessoas
– Maior público: Não oficial – Combinado Paysandu-Tuna x Peñarol – 27 mil torcedores (1965); oficial – Paysandu 4×0 Avaí-SC – 18.024 torcedores (2001)

ORIGEM DO NOME

– O nome oficial do estádio é Leônidas Sodré de Castro, homenagem a um bicolor histórico que ajudou a comprar o estádio, em 1918, e a construir a sede social do clube, em 1927. Leônidas presidiu o Paysandu na década de 1930.

– Já o nome popular, Curuzu, tem raízes históricas interessantes que o conectam ao próprio clube. Curuzu e Chaco são os nomes das ruas que compõem o entorno do estádio, e cuja origem remete à Guerra do Paraguai.

– A Batalha de Curuzu, travada entre 1º e 3 de setembro de 1866, envolvia uma fortificação paraguaia que carregava o nome Curuzu.

– A palavra é uma corruptela na língua guarani (até hoje um dos idiomas mais falados no Paraguai) para a palavra “cruz”. O nome da fortificação denota a influência de comunidades jesuítas no Paraguai.

– Além da Batalha de Curuzu, entre as principais vitórias brasileiras naquela guerra, estão a vitória do Chaco e a própria batalha do Passo de Paysandu – maior vitória naval da história da marinha brasileira e que ajudou a nomear o próprio clube.

CURIOSIDADES

– Embora esteja há 100 anos sob a gestão do Paysandu, o estádio da Curuzu foi palco de vitórias e títulos marcantes de diversas equipes – incluindo as rivais.

– Os três Titãs do futebol paraense, curiosamente, levantaram seus primeiros troféus de lá. O Remo faturou seu segundo título estadual (1914), o Paysandu (1920) e Tuna Luso (1937) seus primeiros.

– Em um jogo entre Paysandu e Santa Rosa, válido pelo Campeonato Paraense de 1997, o atacante bicolor Vital arriscou um chute direto no gol, logo após o toque inicial e acertou em cheio.

–  Na súmula da partida, o árbitro anotou o gol a dois segundos de jogo! O fato que rendeu ao atacante a alcunha de autor do gol mais rápido do mundo e uma placa na Curuzu.

(Nildo Lima/Diário do Pará)

 

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