Josué Teixeira esperou durante 32 dias um posicionamento do Clube do Remo sobre sua rescisão contratual. Depois que foi demitido do comando técnico do time profissional, na Série C, o ex-treinador do Leão ia quase que diariamente à Sede Social azulina, para tentar receber. Porém, inúmeras respostas e “fugas” foram dadas, e Josué cansou. Ele já foi embora de Belém, mas contou como foi o ingrato período em que, mesmo sem ter seus vencimentos quitados, viu outros dois novos técnicos serem contratados pela diretoria azulina.

Como ficou a sua situação?
Ficamos aguardando há 32 dias, essa resolução de rescisão. Foi protelado e a gente tendo paciência, sendo honesto com o clube, aguardando. Mas deu o limite, foi prometida uma situação, que foi transferida para quarta-feira (19). Não dá mais para esperar, solicitei minha passagem e estou voltando para o Rio de Janeiro. Vou aguardar até quarta-feira, para ver o que vai acontecer.

A que acordo vocês chegaram?
Na verdade, não teve acordo. Era pagamento de salários atrasados e a multa de rescisão de contrato. E a forma de pagar isso, nunca foi feita nenhuma proposta. Hoje, o valor seria em torno de R$130 mil.

Qual a sua avaliação sobre o seu trabalho no Remo?
O trabalho que fizemos aqui foi fantástico. Se você lembrar que em dezembro, não tínhamos nem time. Tivemos de fazer avaliação de jogadores da base, para fazer uma competição. A única coisa que me pediram foi para disputar a final do campeonato Paraense. Fizemos contratações pontuais e que tiveram bom resultado. Tivemos de liberar três jogadores que não renderam mais na parte final, mas que no início deram uma boa resposta.

Como você analisa seu desempenho no Remo?
Fomos eliminados de uma Copa do Brasil injustamente pelo Brusque-SC, mesmo assim com uma equipe bastante modificada e com jogadores jovens. Fomos eliminados da Copa Verde, em um jogo atípico contra o Santos-AP, onde o Gabriel Lima, grande destaque da base, perdeu seis gols, o Igor João foi expulso com duas reclamações. Em nenhum momento culpamos os meninos.


Como ficou a relação com os dirigentes?
Eu não tenho nenhum tipo de relação com o doutor Antonio Miléo, o deputado Milton Campos (diretores de futebol), parecem boas pessoas, mas dentro da realidade deles. O Sérgio Dias (também diretor de futebol) era uma pessoa mais próxima de mim, que inclusive quando foi na minha casa me contratar, eu avisei como eu trabalhava. Então, não era surpresa a minha forma de trabalho. Tivemos problemas até bem fortes, como foi o caso do Edgar, mas que no final foi superado e entendido. Até por que ele é uma pessoa que o presidente gosta e outras pessoas também. O Magnata (Marco Antonio Pina) era diretor de futebol, eu não tinha nenhuma relação de amizade com ele. O que existia era uma relação profissional. Mas eu tenho uma forma diferente de trabalhar profissionalmente. Ele é uma pessoa que não tenho nenhuma relação de amizade, assim como outros.

Na época em que comandava o profissional do Remo, Josué procurou dar chance aos atletas da base (Foto: Mário Quadros)

E sua relação com o presidente? 
O presidente Manoel Ribeiro é uma pessoa que eu tenho um carinho e uma estima muito grandes. Ele tem um histórico grande no clube, o Marechal da Vitória. A gente lamenta a forma como eu estou saindo. Se fiquei aqui todo esse tempo, foi por que ele me pediu. Mas passou também do limite dele e não tem outra situação a não ser ir embora.

Por que o Remo não consegue evoluir?
O Remo tem uma grande torcida, apaixonada, mas não tem profissionais para gerir o futebol. São pessoas que têm a carreira deles fora do futebol com êxito, grandes profissionais. Você vai falar que o Magnata não é um grande criminalista? Você está mentindo. Ele é, comprovadamente. O doutor Miléo na área dele do direito. O deputado que consegue ser eleito, numa classe tão desacredita e conturbada, ele consegue ter o cargo dele. O Paulinho trabalha a base, conhece jogador. O Sérgio Dias dentro da construção dele, do trabalho dele. Mas não tem nenhum profissional do futebol, para fazer leitura de sequência de trabalho, observação de trabalho.

Como era sua relação com os jogadores? 
No período que eu estava no comando do time, tentei fazer isso, proteger os jogadores, o clube. Como eu visto em todos os clubes que eu passo, não sou cara de me esconder atrás de uma mesa, de um boné, de um apito. Eu boto a minha cara, visto a camisa, cobro de jogadores, da diretoria, para ter uma solução. O Remo precisa de profissionais deste tipo. Eu não vou dizer que sou espetacular, mas que estou em um nível bom para gerir, como estava gerindo. E os resultados finais provam isso.

Quais as tuas próximas medidas em relação às negociações com o Remo?
O presidente prometeu de me pagar uma parte até quarta-feira. Eu vou esperar até lá, uma posição do clube. Sobre esta parte e o restante, o que vai ser feito. Se não tiver isso, vamos ver uma justificativa para o não cumprimento. Seguir nossa vida, vida profissional. A gente vai lamentar muito. Não é meu desejo colocar o clube na justiça.

Como você avalia sua relação com os funcionários?
São profissionais extremamente dedicados, que vivem em uma constante dificuldade financeira. Mesmo assim, eles não diminuem o trabalho. Esses funcionários do Remo devem ser valorizados o tempo todo.

Você ficou marcado pela chance que dava aos atletas da base…
Estes jogadores têm futuro. Se tiver equilíbrio, calma e verdade na relação, aqui falta um pouco de verdade na relação. Você falar a verdade para a torcida, não é você iludir a torcida. Fazer factoides de dispensar jogador, treinador, para encobrir um erro de administração. No dia que o Remo conseguir fazer isso, ele vai estar bem legal.

O que tu levas de bom do Remo?
A coisa boa que eu levo é a relação com os jogadores, com os funcionários e elogiar a torcida. Mas também sem puxar-saco da torcida. Da mesma forma que elogiaram, xingaram, que é o papel da torcida realmente. Mas ficamos felizes por ter convivido e ter tido a experiência de trabalhar com eles

(Café Pinheiro/Diário do Pará)

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