Um jogo de desafio e recomeço

Vencer em casa é uma daquelas tarefas obrigatórias para times que cotados para classificação à fase de grupos da Série C. A razão é simples: mesmo sem a influência da torcida, os jogos tendem a ser dominados pelos mandantes. Perder a chance de pontuar dentro de seu quintal representa um desperdício que pode ter consequências sérias no momento de definição das vagas.

O Remo, que recebe o Manaus, sabe bem quanto custa atirar pela janela pontos considerados praticamente ganhos. Foi assim com Tombense e Luverdense no ano passado. Cinco pontos que fizeram muita falta nas rodadas finais.

Para deixar de vacilar em situações decisivas e encontrar um padrão mais construtivo é que o clube decidiu trocar de comando há uma semana. Depois do segundo empate em casa, diante do Botafogo da Paraíba, saiu de cena o estilo defensivista de Mazola dando lugar a um projeto mais arrojado, com Paulo Bonamigo, que volta ao Baenão.

Mesmo levando em conta que o novo técnico dirigiu apenas quatro treinos, a expectativa é de que o time já produza mais ações ofensivas e passe a valorizar as jogadas construídas.

É preciso entender que o Remo, apesar do começo com boa pontuação e um sistema assumidamente pragmático, sofria muito com a liberdade que concedia aos adversários para se movimentar.

Aferrado à ideia de jogar por uma bola, o time se acomodava ao marcar um gol ou ficava atrás esperando uma oportunidade – que muitas vezes não aparecia – para encaixar um ataque.


Em nenhuma das sete partidas disputadas até agora (2 vitórias, 4 empates e 1 derrota), o Remo tomou a iniciativa de atacar e intimidar o adversário. Nas duas vitórias, começou mal e melhorou após fazer gol. Ainda assim, na partida contra o Ferroviário, no Mangueirão, o domínio do visitante escancarou a timidez tática da equipe.

Bonamigo chegou com o desafio de mexer nesse estado de coisas. O alto percentual de erros de passe é um dos problemas a serem imediatamente atacados. Para desenvolver um jogo de imposição e controle das ações não há como abrir mão da qualidade e acerto na troca de passes.

A provável escalação não traz mudanças em relação à última formação utilizada sob o comando de Mazola. Carlos Alberto segue na articulação, tendo Eduardo Ramos mais à frente, com Tcharlles e Gustavo Ermel (ou Hélio Borges) avançados.

Mais do que as peças, importa a distribuição em campo e a atitude em relação aos objetivos do time. O torcedor azulino precisa readquirir confiança na equipe e nos planos de acesso à Série B. Com Mazola isso poderia acontecer, mas certamente com muito sofrimento. Bonamigo é a esperança remista de uma campanha um pouco mais festiva.

Clubes tentam, mas Re-Pa não terá presença de torcida

Como o Ministério da Saúde já deu OK à pretensão da CBF de voltar a ter jogos com torcida pagando ingresso, a Federação Paraense de Futebol e os clubes tentam obter autorização para adotar a mesma prática. Há uma óbvia ansiedade dos dirigentes em função das perdas financeiras geradas pela pandemia.

A grande dúvida é se a iniciativa vale o alto risco para a saúde das pessoas. Em Budapeste (Hungria), a final da Supercopa da Europa entre Sevilla e Real Madrid teve 15 mil espectadores, no estádio Ferenc Puskas. É um exemplo que passou a ser usado como argumento dos defensores da volta do torcedor.

O problema é que a Hungria não está entre os países mais afetados pela covid. O controle de acesso e saída dos torcedores foi cuidadosamente planejado, evitando ao máximo a aproximação entre as pessoas.

Dada a diferença de perfil entre o torcedor europeu de alto poder aquisitivo presente à final e o público habitual do clássico Re-Pa, é de uma óbvia temeridade tentar impor a presença de 14 mil pessoas no Mangueirão. Ninguém pode garantir segurança e distanciamento nessas circunstâncias.

Reunião realizada sexta-feira, entre autoridades da Secretaria de Segurança Pública e dirigentes, não teve caráter decisório. Foi apresentada uma minuta dos protocolos de segurança, com detalhamentos dos processos de venda de ingressos e dispersão da torcida, será submetida à apreciação da CBF.

Mesmo que a entidade aprove o protocolo, restará pendente a posição do Governo do Estado e da Prefeitura de Belém, o que inviabiliza a pretensão de cobrança de ingressos no Re-Pa do próximo sábado, 3 de outubro.

Bola na Torre

O programa começa às 22h (RBATV), com apresentação de Guilherme Guerreiro e participação da jornalista Karen Sena e deste escriba de Baião. Em debate, as rodadas das Séries C e D.

Na falta de ideia melhor, cartola tira o sofá da sala

E acabou sobrando para quem menos tinha culpa na história da foto dos jogadores do Flamengo sem máscara dentro do avião, na viagem de volta do Equador para o Rio. O presidente do clube determinou, de maneira atrabiliária, típica dos déspotas, a demissão sumária do funcionário Mateus Grangeiro, que fez o registro.

Curiosamente, horas antes, em entrevista à TV, Rodolfo Landim aparentou naturalidade em relação ao assunto. De volta ao clube, expediu a ordem de dispensa. Grangeiro captou imagens de atletas que não respeitavam os cuidados básicos contra a covid – distanciamento e uso de máscaras.

Obviamente, o fotógrafo não era o responsável pelo descumprimento das normas. Se alguém merecia punição era o grupo de jogadores, cuja atitude refletiu a falta de zelo do próprio Landim em relação à pandemia. Talvez por isso o Flamengo batido o recorde nacional de contaminação: 16 jogadores e o técnico Domènec Torrent.

Landim, por mais essa, deve garantir o troféu de rei do mico da temporada.

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