A importância de vencer fora

 

Com a classificação engatilhada, embora nervosamente adiada pelo tropeço frente ao Santa Cruz, o Remo se prepara para um compromisso que tem todos os ingredientes de uma decisão. Na segunda-feira, em João Pessoa, enfrentará um Botafogo-PB reanimado pela vitória sobre o Vila Nova. De forte candidato ao rebaixamento, o Belo passa a acreditar na classificação, embora não dependa exclusivamente de suas próprias forças.

Diante do previsível entusiasmo do Botafogo, o Remo terá que realizar a melhor atuação fora de casa neste campeonato. Dependendo de dois pontos para se garantir na próxima fase, o time vai lutar por uma vitória. Seria a segunda como visitante – a primeira foi contra o Jacuipense, na já distante primeira rodada, sob o comando de Mazola Junior.

O Remo pode se classificar sem vencer lá fora. Basta empatar com Botafogo e Manaus. A questão é que vencer repõe o nível de confiança para encarar a decisiva segunda fase em alta. A vitória também assegura a permanência no segundo lugar do grupo, pois o Vila terá o Imperatriz como adversário e certamente vai vencer.

Além disso, há o aspecto psicológico de se fazer respeitar dentro da competição não apenas como um time doméstico, que cumpre bem o dever de casa e se atrapalha quando se aventura fora de casa. Essa condição é incômoda principalmente para o técnico Paulo Bonamigo, que não conseguiu nenhum triunfo como visitante.

Pelo contrário, o Remo atuou mal na derrota frente ao Ferroviário e no empate com o Vila Nova. A partida com o Botafogo oferece nova chance de provar que o time sabe se portar bem longe de Belém.

A maior dificuldade encontrada é no aspecto ofensivo. O Remo não consegue estabelecer pressão e cria poucas oportunidades. Parece sempre acuado e hesitante. Não chega a ficar recuado, espanando bolas, como nos tempos de Mazola, mas não tem intensidade e nem empreende jogadas capazes de envolver a marcação adversária.

Com Hélio Borges, Eduardo Ramos (Tcharlles) e Wallace, o Remo não conseguiu fazer gols fora de casa na era Bonamigo. A escalação de Salatiel, atacante de referência na área, pode mudar a estratégia ofensiva, passando a apostar nos cruzamentos e jogadas mais centralizadas.


Apesar da fartura de nomes – Eron, Salatiel, Tcharlles, João Diogo, Wallace, Hélio, Ronald e Gustavo Ermel –, a instabilidade do ataque segue como motivo de grade preocupação no Evandro Almeida.

Tanto que um novo reforço já está em perspectiva: Augusto, atacante que defendeu o América-RN na Série D e tem mais de 30 gols nas últimas cinco temporadas.

 

 

O sucesso de Galhardo ou as voltas que o mundo dá

 

Depois de surgir no Bangu, em 2009, passar pelo Botafogo e chegar ao Remo na temporada 2013, sem maior brilho – cinco jogos, nenhum gol – e um esquisito e curtíssimo período no Cametá, Thiago Galhardo perambulou por vários clubes medianos até renascer em 2018.

Vindo de uma rápida aventura no Japão, fez ótima temporada no Vasco e foi contratado pelo Ceará. Marcou 12 gols e virou ídolo da torcida. A partir daí, despertou o interesse do Internacional, onde finalmente se encontrou. Virou artilheiro (15 gols no Brasileiro) e chegou à Seleção.

Aos 31 anos, atravessa o melhor ano de sua carreira e chegou ao escrete canarinho numa idade improvável para uma convocação. Superando desconfianças, Galhardo tem atuado em nível destacado, muito em função das orientações e do esquema do técnico Eduardo Coudet no Colorado.

Quando a maioria dos jogadores já começa a planejar a aposentadoria, o atacante natural de Minas conseguiu se encontrar, graças a muito esforço e a uma formidável e feliz série de coincidências positivas. O grande desafio é se manter bem depois que o Inter trocou Coudet por Abelão.

Pode-se afirmar, sem receio, que Galhardo personifica hoje um “case” excepcionalmente bem sucedido (e inédito) de recuperação de carreira no futebol brasileiro.

 

 

Papão ainda não fechou estágio de contratações

 

A saída de Erik Bessa, anunciada ontem, é a senha para que o PSC saia em busca de mais um jogador de ataque, além da anunciada pretensão por um lateral-direito, depois que Netinho deixou o clube há duas semanas. O prazo para substituições de peças no elenco está se esgotando – vai até 2 de dezembro – e a fúria consumista continua alta. A diretoria de futebol do PSC deixa no ar que outros jogadores podem ser adquiridos para reforçar o time na reta final da Série C.

Há um curioso cenário no futebol paraense atual. A busca por contratações no estilo conta-gotas. O time precisa de alguém para determinada posição e sai à procura. Não parece a forma mais inteligente de montar um time visando uma competição de longo curso.

É fato que a temporada pode ser desde já considerada a mais atípica de todos os tempos, em virtude da interrupção de quatro meses imposta pela quarentena de prevenção à covid-19. Mesmo assim, os clubes deveriam ter sido mais cuidadosos na aquisição de reforços.

Como Bessa, que chegou em julho e nunca conseguiu a titularidade, o PSC tem no elenco Mateus Anderson, Vítor Feijão e Elielton. Todos praticamente com as mesmas características, inclusive físicas. São jogadores de beirada e velocistas. Tendo ainda em comum o fato surpreendente de nenhum ter sido titular com João Brigatti.

 

 

Direto da grande rede

 

“Sou super a favor dos jogos da seleção em pay-per-view. Se me pagarem, eu assisto”.

Antonio Tabet

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