As viagens de Geraldina Brito para acompanhar o Remo não são apenas nos jogos de grande apelo. Ao longo dos anos, a ‘Leoa’ se acostumou a participar de qualquer excursão organizada por torcedores para ver o time jogar fora de casa. “Já conheci todos os estádios e cantos do Pará onde o Remo foi jogar, indo no meio de excursões. Quantas vezes fui no meio de torcida organizada para assistir esses jogos no interior” relembra a torcedora.
Geraldina relata que durante algumas viagens de ônibus, alguns membros de uma torcida organizada resolviam fumar “cigarros diferentes” no fundo do busão. Mas ela repreendia. “Eles queriam usar drogas lá no fundo, mas eu falava – ei, vocês não tão sozinhos aqui nesse ônibus! Respeitem quem mais está aqui no fundo e apaguem isso! Eles olhavam, encaravam, pensavam, mas cediam. Iam lá e apagavam”, assegura.
CARINHO MÚTUO
De torcedor organizado aos funcionários dos estádios, não há quem não a reconheça e a admire. “Tem uma menina, que trabalha lá no Mangueirão, que já me reconhece na entrada e diz ‘vem cá’, e me leva para assistir o jogo lá das cadeiras. Ela é uma moça muito simples e muito gentil. Então, de vez em quando, eu preparo alguns lanches para ela. Entrego na entrada do jogo e na saída ainda pergunto – e aí, comeu tudinho, ficou bom? Eu tenho uma facilidade imensa de fazer amigos em tudo que é lado”, explica. Não há dúvidas!.
CARINHO
SÓ PARA OS JOGADORES QUE MERECEM
Com anos indo aos estádios, seja para assistir jogos ou treinos, Geraldina afirma que acabou se afeiçoando e até construindo alguma intimidade com muitos jogadores que passaram pelo clube. “O Alcino eu cumprimentei tantas vezes que ele já me procurava e sempre era super gentil comigo. Dizia ‘titia venha cá, me dê um abraço!’. Era uma pessoa maravilhosa” recorda a torcedora. Assim como o Negão Motora, ela afirma que fez vários “filhos” no Baenão, como os goleiros François e “São Dico”, o meia “Rei Artur”, atletas que ela muitas vezes até presenteou.Mas nem todos recebem o mesmo carinho. “O Eduardo eu conheço, já falei, abracei mas eu não gosto dele não. É um jogador que eu sinto que não tem humildade”, critica.
INTOLERANTE? UM POUCO…
Apesar de dizer que há dois times no mundo inteiro que ela não tolera – Paysandu e Flamengo – Geraldina não guarda ódio ou rancor. “O Pikachu tá no Vasco, saiu daqui do Paysandu, mas eu torço mil vezes pelo sucesso dele”, declara.
GERALDINA POR ELA MESMACASAMENTO COM O CLUBE OFICIALIZADO
“No jogo contra o Moto Club, fui programada para um arraial junino em seguida. Então, resolvi ir pro Mangueirão caracterizada de noiva. E fui assim para o jogo. Depois da vitória, no arraial, fizemos o casamento na roça e eu me casei de vez com o meu grande amor – o Clube do Remo! Após 65 anos de relacionamento, oficializamos!”
XINGA ATÉ SEM ENTENDER
“Sei o que é gol, o que é lateral, tiro de meta, pênalti, impedimento … mas aquelas coisas que as pessoas discutem hoje em dia, eu não sei. Para mim, o que vale é a festa com a galera. Eu canto, comemoro e xingo. Nossa, xingo demais!”
PRIMEIRA IMPRESSÃO DO BAENÃO
“Vim morar em Belém na Rua 25 de Março, após alguns anos em Manaus. Quando vi a primeira vez aquele prédio alto do Baenão, não entendi o que era. Achei que era um presídio ou algo assim, porque em Manaus não havia estádios grandes. Fiquei curiosa e fui perguntar o que era. Disseram que era de um time de futebol chamado Clube do Remo. Tão próximo da minha casa, decidi que ia frequentar e torcer pelo time a partir de então. E foi assim que tudo começou.”
PAREÇO TER A IDADE QUE TENHO?
“Eu digo que, graças a Deus, hoje sou uma velha saudável, gorda e feliz. Gorda, sim, porque se eu emagrecer vai começar a aparecer um monte de pelanca e eu não quero pelanca, não! Às vezes, alguém me diz: ‘Nossa, você nem parece ter a idade que tem’. Claro que pareço! Tenho um inchado aqui, um pé de galinha ali, umas rugas. Mas digo que é só até eu ganhar na Mega Sena, aí eu coloco silicone no peito, na bunda, mando arrumar tudo e fico um espetáculo de vez!”
(Taion Almeida/Diário do Pará)
