Para a materialização de um sonho, como o termo sugere e sintetiza, é preciso um conjunto de ações concretas. Comprar uma casa, um carro, alcançar estabilidade financeira, chegar ao ensino superior, ter uma vida mais saudável, ter equilíbrio mental, entre outros sonhos que são comuns não dependem apenas da pessoa em si, mas muito de suas ações. Não, não caia naquela de “fulano não conseguiu tal coisa porque não se esforçou suficiente”… Isto é apenas uma frase clichê neoliberal para diminuir os esforços de alguns e aumentar o poder de uma ínfima classe dominante. Vale o mesmo para o esporte.

No caso do futebol, o sonho pode ser um título, a quebra de um tabu, resultados inesperados e acessos a divisões superiores. Para o Paysandu, o sonho de voltar à Série B, que esteve a “centímetros”, está fortemente ameaçado, sejamos realistas, minha cara leitora e meu caro leitor.

Analisando toda a situação e seu contexto friamente, é possível listar 7 erros que, se não comprometeram e comprometerão o acesso, ao menos o dificultaram e servem de alerta para a última partida contra o Volta Redonda, no Rio de Janeiro. Sem mais delongas, vamos a eles:

1. Ausência de Hélio dos Anjos.

Não há dúvidas que o grande (único, por que não?!) responsável pela “ressureição” do Paysandu na Série C é Hélio dos Anjos. Com seu trabalho e de sua equipe, conseguiu tirar “leite de pedra” de um elenco mal formado e que é bastante limitado, mas se tornou aguerrido e conseguiu chegar à segunda fase da Série C. Pois bem, apesar de muito experiente, Hélio dos Anjos deveria ter se controlado mais. As expulsões em dois jogos e consequentes suspensões atrapalharam sim o Paysandu, em especial contra o Amazonas. Não ter ele na área técnica, cobrando e organizando time, mesmo que Guilherme dos Anjos tenha feito um bom trabalho, comprometeu a “garra” dos atletas e seu desempenho. Mais calma, “professor”…

2. “Oba Oba” por quê? Por nada.

Você já viu alguma torcida receber um elenco meia-noite, de domingo para a segunda, no aeroporto para comemorar… Nada? Pois é, centenas de torcedores bicolores fizeram isto e os jogadores (e imprensa, sim, também erramos) “entraram na onda”. Subir em ônibus, dezenas de vídeos no instagram (se não fosse a rede social, nem se saberia o que alguns atletas fazem aqui, inclusive…), festa por uma vitória contra o lanterna do grupo… O “oba oba” só serviu para atrapalhar, tanto quem estava no aeroporto, entre chegadas e partidas, e o elenco. Afinal, como concentrar de fato e não criar uma autoconfiança que beira a soberba após uma recepção daquela? Festa bonita, mas desnecessária.

3. Time não entendeu que era final… E torcida não entendeu que o futebol dos 1990 acabou.

Ao final da partida, vencida com justiça pelo Amazonas, o meia veterano Robinho, disse que o time não entendeu que devia encarar a partida como uma final. Analisando o jogo, talvez isto tenha se refletido em falta de maior concentração, poder de decisão e “catimbar” mais quando estava na frente do placar.

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De fora do campo, a festa foi linda até o primeiro gol do Amazonas. Após isto, o gás acabou. Com exceção da Alma Celeste, não se cantou mais praticamente. 3 ou 4 vezes ainda se tentou um “Eu acredito”, mas que não durou nem 2 minutos. Apoiar o tempo inteiro o clube que se ama é para poucos mesmo.


Assim como poucos ainda acham que soltar fogos de madrugada próximo a hotel de jogadores é algo útil e que gera resultado. Você aí, quando tem algum foguetório perto de casa pela madrugada, por algum motivo, fica cansado no outro dia? Não. Imagine atletas, com melhor preparo físico, mental, sem grande torcida para cobrar, com dinheiro disponível e muito tempo para descansar? Isto serviu apenas para motivar mais ainda o time rival. Sofrer com sono e ficar cansado? Só quem gastou dinheiro e tempo para soltar os fogos e que poderia ter apoiado mais em campo e não passado horas “em claro” para… Acabar incentivando mais ainda o rival.

4. Paysandu menosprezou Amazonas.

Sim, menosprezou. Não há porém. Amazonas tem o artilheiro da competição, foi 3º lugar geral com 9 vitórias, foi superior ao Paysandu nas duas partidas em Manaus, mesmo que tenha perdido ambas. Tem grande torcida? Não. Tem grande investimento? Sim.

Com estrutura e sem pressão, o time veio embalado de duas vitórias contra o Volta Redonda e dominou a partida. Lembremos que antes de virar, o time amazonense ainda teve dois gols anulados. O prejuízo poderia ter sido bem maior…

5. Análise de desempenho?

O Paysandu tem um setor de análise de desempenho. Independente da sua competência ou não, qualquer torcedor que assistisse à partida do Botafogo-PB contra o Volta Redonda na 2ª rodada e do Amazonas contra o próprio Volta Redonda na semana passada saberia como Belo e Onça jogariam aqui. O Botafogo-PB fez um “ferrolho” para tentar garantir o empate, concentrando jogadores no meio-campo. O que o Paysandu fez? Tentou muitas jogadas pelo meio e, no abafa e no desespero, marcou o gol da vitória aos 54min49seg do segundo tempo… 

Outro erro: Amazonas é time que joga e deixa jogar. Tem Patric na lateral, campeão pelo Atlético-MG pela Série A e Copa do Brasil; a segurança e precisão de Igor Bolt; Rafael Tavares como craque e verdadeiro camisa 10 no meio. Lógico, há Sassá na frente, sempre se desmarcando ou ganhando as bolas disputadas com a zaga. Repare no lance do 1º gol: Sassá estava livre, atrás da zaga, esperando um rebote. Nem precisou.

Contra o Volta Redonda, a Onça se impôs, jogou rapidamente pela lateral e com triangulações e a bola sempre chegando até Sassá. O que ocorreu ontem? A mesma coisa. Ninguém conseguiu “prever” e precaver?

6. Cuidado! Volta Redonda é favorito.

Deixemos a payxão de lado um instante e foquemos na realidade: Volta Redonda é favorito contra o Paysandu. Em 7 jogos na história, o Paysandu venceu apenas uma vez. O Voltaço, uma também, sendo 5 empates. Este ano, por 3 a 0. Contando apenas os 3 jogos já realizados no Rio, o histórico aponta uma vitória para os aurinegros e dois empates.

O time não é tão criativo pelo meio, mas um perigo pelas laterais, o que deve ser observado com atenção pelo Papão. O Volta Redonda também tem Ítalo Carvalho, vice-artilheiro da competição e que marcou contra o Papão nos dois jogos deste ano. Se o histórico prevalecer, podemos ter empate, suficiente para o Papão. Oxalá ao menos isso se consiga…

7. Camisa, torcida e “mística” não ganham jogos.

Isso é coisa do passado. Só achar que fazer uma linda festa e confiar que na marra, a qualquer momento ou nos acréscimos, vai se conseguir os 3 pontos, não basta. O 7 é mítico e místico, mas não é suficiente. No sábado, não bastará a fé em Nossa Senhora de Nazaré de promesseiros que estarão na trasladação, das pessoas que estarão nos bares, nas casas ou mesmo que tenham a Santinha tatuada na pele, como Hélio dos Anjos. É preciso jogar com seriedade, buscar a vitória para garantir a vaga na final, já que apenas o acesso já será encarado como apenas a obrigação do Paysandu.

Pode ser o último jogo da temporada e depende de comissão técnica e jogadores salvarem um ano que não teve títulos, apenas vitórias marcantes, mas que não colocam estrela na camisa. É dia de ser profissional, estar concentrado e jogar firme e forte para materializar o sonho que a torcida tanto almeja. E merece.

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