Eu acho que escolheram o momento para vazar o áudio, algo de 50 dias atrás”. Assim o presidente do Paysandu, Ricardo Gluck Paul, classificou o vazamento de dois áudios, de pouco mais de um minuto cada, em que o executivo de futebol do clube, Felipe Albuquerque, fala das dificuldades em trazer reforços para a Curuzu. Nas palavras do dirigente, ele lamenta os problemas em convencer jogadores a vir para a Curuzu devido aos problemas financeiros do Papão, além da tentativa frustrada de trazer atletas da Argentina e do Uruguai por causa da imagem que a capital paraense tem, de ser uma cidade suja, com a maior parte dela sem saneamento básico.

O áudio teria sido enviado ao ex-presidente executivo do Vila Nova-GO, Wilson Balzacchi, que teria tido o celular clonado. Albuquerque trabalhou no clube goiano. Em tempo, no domingo o Papão perdeu a invencibilidade no Parazão contra o Castanhal e se prepara para a uma decisão na Copa do Brasil, quinta-feira (6), contra o Brasiliense-DF, e para o Re-Pa, no domingo (9).

“Estamos completamente sem credibilidade no mercado (…) por conta desses três meses de salários atrasados. Tá f…! Estou há dez dias de apresentar o elenco e com apenas 20 atletas”, disse Albuquerque em um trecho do primeiro áudio.

“Achei o Quiroga um bom jogador. Mas, aí ligo para ele que está em Buenos Aires, com 5 graus, para ele vir a Belém com 35 graus, vou pedir para o meu supervisor que é uma anta, burro como uma porta, ir buscar ele. Daí ele vai comer tacacá, maniçoba e ir ao treino, ninguém entendendo ele (…) as chances de um cara assim dar certo é quase zero (…) Daí ele vem a uma cidade suja, feia, com uma culinária muito específica”, completou o dirigente em outro áudio.


“FORA DE CONTEXTO”

Albuquerque não falou com a imprensa. De acordo com Gluck Paul, as palavras estão fora de contexto, que não houve nenhuma palavra contra a cidade por conta do dirigente. “O áudio está fora do contexto. O jogador não queria vir e o empresário insistia. Ele (Albuquerque) dizia que não adiantava insistir se o atleta não queria. Foi o jogador quem disse que teve informações que a cidade seria ‘suja e feia’. Ele falou como se fosse o atleta”, disse. “Eu convivi com a montagem do elenco e sei que o Felipe não está falando mal da cidade, como nunca falou. Ele não acha isso, é o que vários atletas relatam. Infelizmente vários atletas se negam a vir porque é Belém, assim como muitos querem vir porque é Belém”, completou Gluck Paul.

O site oficial do Paysandu aponta que o cargo de supervisor de futebol é de Anderson Muniz, funcionário há mais de dez anos no clube. O presidente afirmou que vários funcionários desempenham essa função. Segundo ele, situações como essa, se não forem esclarecidas, são pródigas em destruir reputações e criar climas ruins para se exercer uma função.

“O mais importante é evitar um linchamento virtual. Um áudio fora do contexto pode virar uma situação complicada. Vários jogadores se negam a vir por informações sobre a cidade, isso não é de hoje” finalizou o presidente bicolor.

Na época de sua apresentação no Paysandu, em dezembro de 2018, Felipe chegou a destacar que tem o sobrenome Albuquerque da avó, natural de Belém, e que passou parte da infância na capital paraense. “Então retornar a uma cidade onde eu tenho laços tão profundos, que tem um clube da grandiosidade do Paysandu, muito me honra”, disse na ocasião.

NOTA DO CLUBE

A assessoria de comunicação do Paysandu se manifestou em nota, onde reitera que “o relato reflete única e exclusivamente a preocupação com a situação e em momento algum representa a opinião pessoal do diretor, que viveu boa parte da infância na capital paraense, onde possui vários familiares e fez amizades. Inclusive, sua avó é natural de Belém”, diz trecho do texto.

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