Tempo para ajustar o foco

A estreia dos clubes paraenses na Série C teve frustração em Belém e festejos no sertão baiano. Com dificuldades para impor seu jogo sobre o visitante Santa Cruz, o PSC teve que se contentar com o empate sem gols. Já o Remo, mesmo sem uma exibição de encher os olhos, conseguiu três pontos fora de casa contra um adversário pouco conhecido.

De toda sorte, não há motivo para angústia ou desespero. Foi apenas a primeira rodada do Brasileiro, mas é natural que as torcidas avaliem a capacidade dos times paraenses quanto às perspectivas de acesso. Mesmo levando em conta que o ideal é pontuar desde o início, a dupla Re-Pa tem boas chances de brigar pelas vagas à Série B.

Em Belém, o Papão tinha a expectativa de largar bem na competição. Não alcançou esse intento por exclusiva incapacidade de envolver o adversário. As tentativas pelas beiradas foram infrutíferas e o meio-campo voltou a ter as mesmas hesitações e falta de criatividade.

Mesmo desfalcado de seis titulares, o Santa Cruz não deu espaços e se manteve seguro na defesa. Enquanto o Papão sofria quando sua zaga era testada. Jogando adiantada, sofreu alguns sustos, pela dificuldade de reação e pouca velocidade dos zagueiros Micael e Perema.

A não ser por chutes isolados, o PSC pouco ameaçou a última linha do Coral pernambucano. Um dos motivos foi o isolamento de Nicolas e a pouca mobilidade dos homens de meio, mais preocupados em marcar do que em reforçar o ataque. Não há vida inteligente na meia-cancha bicolor.

O problema é crônico, vem desde os tempos de Dado Cavalcanti no comando da equipe, quando foi obrigado a jogar sem camisa 10. Na falta de talento, optou pelo jogo de esforço e transpiração.


Hélio dos Anjos enfrenta a mesma dificuldade. Tem volantes, mas nenhum jogador com as características de meia-armador clássico. Alex Maranhão, que veio para ser um organizador, não tem os recursos que a função exige. Troca passes laterais e de vez em quando acerta um chute perigoso.

No sábado, havia a expectativa de Alan Calbergue entrasse de cara, pois vinha sendo aproveitado nos jogos do Campeonato Estadual. Mesmo sem desempenho exuberante, cumpre melhor o papel de dialogar com o ataque e conduzir a bola. Luís Felipe nem é mais lembrado para compor a equipe.

Contra equipes limitadas do Parazão, o Papão consegue se impor – e golear – mesmo sem jogar bem. Com correria e objetividade na movimentação ofensiva marcou oito gols em dois jogos (Paragominas e Itupiranga). Na Série C, contra adversário mais calejado e minimamente organizado, a coisa muda de figura e os problemas todos vêm à tona.

Do lado azulino, mesmo com a justificada comemoração pela importante vitória na estreia, resultado que não ocorria há 22 anos, o time teve altos e baixos diante da Jacuipense. Entrou com um atacante apenas (Gustavo Ermel) e com quatro volantes (Charles, Lucas, Gelson e Julio Rusch).

Mesmo com o povoamento à frente da zaga, tomou um gol logo de cara e teve grandes problemas para empatar, já no começo da etapa final. A marcação sólida, que Mazola Jr. busca, só deu as caras a partir de meia hora de jogo e no começo do 2º tempo. Esperava-se mais segurança de um sistema tão cauteloso.

Em gramado de futebol pelada e iluminação precária, o time da casa botou correria, conseguiu um pênalti esquisito (defendido por Vinícius) e quase desempatou em jogada rápida na área. A vitória azulina veio em arrancada de Eduardo Ramos, que se livrou de dois marcadores e bateu cruzado.

Ficou a impressão de que o Remo podia ter vencido com mais tranquilidade, controlando as ações e atacando mais. O problema é que, com tantos volantes disponíveis (sete estavam na relação de atletas), há a inclinação natural por um meio-campo conservador. O ataque, que tinha apenas dois (Ze Carlos e Ermel) jogadores, acaba em segundo plano.

A boa notícia é que tanto Leão quanto Papão têm tempo de corrigir rumos e, se for o caso – principalmente no lado bicolor –, reforçar o elenco. Na Curuzu, há falta de meias e zagueiros. No Baenão, a carência está no ataque. Situações que podem (e devem) ser resolvidas pontualmente.

Esculhambação de protocolos obriga CBF a ajustar o processo

A CBF montou protocolos, mas esqueceu de providenciar controles rígidos na realização dos exames. De cara, dois jogos adiados e muito latim gasto para explicar a avacalhação. À noitinha, um comunicado detalhou os  remendos aplicados ao procedimento anunciado antes das competições.

A testagem será ampliada e todos os jogadores de clubes inscritos nas três competições iniciadas no fim de semana serão submetidos a testes a cada rodada, 72 horas antes de cada partida, independente de estarem ou não relacionados para o jogo. A providência vale para as rodadas que começam na sexta-feira, 14.

Para facilitar a logística e dar mais agilidade ao processo, os clubes foram liberados para seguir usando o Hospital Albert Einstein ou contratar laboratórios locais, desde que tenham o selo de acreditação, outorgado pelas entidades de saúde.

Haverá reembolso da CBF para os clubes que preferirem laboratórios locais, tendo como referência o valor pago pela entidade ao Einstein. Com isso, está preservado o acordo firmado para que a CBF banque integralmente os testes.

A parte mais importante é que os resultados dos testes devem ser enviados à CBF até 24h antes da partida pelo clube mandante e até 12h antes da viagem pelo visitante. Em tese, isso permitirá que qualquer equipe faça a troca de jogadores positivados, evitando o problema ocorrido com o Goiás na Série A e com o Imperatriz na Série C.

Ao mesmo tempo, apesar dos furos exibidos pela realidade, a CBF insiste em manter o Guia Médico elaborado para a retomada das atividades do futebol brasileiro e da Diretriz Operacional de cada competição, mantendo controle de testagem e avaliação médica permanente.

Reafirma, ainda, o compromisso de realizar as competições previstas no calendário, tendo como prioridade a saúde de todos os envolvidos. É bom que seja assim.

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