Desde que o Remo conquistou o acesso, no domingo à noite, com a vitória no clássico e o empate entre Londrina e Ypiranga, a diretoria começa a trabalhar e projetar a estruturação da campanha na Série B 2021. Manter o técnico Paulo Bonamigo é item prioritário dessa estratégia, por razões mais do que óbvias.

Com ele, o time ganhou consistência e estabilidade na trajetória vitoriosa rumo ao acesso. Tranquilo e sério, pouco dado a declarações extravagantes, Bonamigo tem o perfil considerado ideal para chefiar o retorno azulino à Segunda Divisão.

A comissão técnica que trouxe está amplamente ambientada ao clube e à cidade, além de ter hoje um mapeamento das condições gerais e específicas dos mais de 30 atletas do atual elenco. Além disso, mantém um banco de dados com informações minuciosas sobre atletas brasileiros que podem vir a interessar ao clube na temporada.

O que cativa a diretoria, com endosso unânime da torcida, é o estilo Bonamigo. Algo assim entre a identificação plena com as características históricas do Remo e suas ambições maiores. Comedido, o técnico jamais se manifesta aos gritos e é econômico em revelações sobre o planejamento interno, blindando o trabalho no futebol do clube.

Essas virtudes são vistas como raras no panorama atual das divisões nacionais de futebol. A maioria dos técnicos de nível de Série B é conhecida pelo jeito histriônico e pouco discreto, tanto no dia-a-dia quanto nas aparições à beira do gramado durante os jogos.

Márcio Fernandes, que comandou o Remo na Série C 2019, tem muitos pontos em comum com Bonamigo. É reflexivo e silencioso, evita polêmicas. A diferença é que o gaúcho demonstra uma visão mais abrangente e certeira do futebol atual, bem ao gosto da diretoria remista.


As conversas para sua permanência estão adiantadas, embora se saiba que o projeto pessoal de Bonamigo é voltar ao Sudeste ou ao Sul. A possibilidade de ser o comandante da volta do Leão à elite (considerando o clube dos 40 maiores clubes brasileiros) é um fator que pode pesar na decisão de permanecer no Evandro Almeida.

O bom ambiente, o carinho da torcida e a responsabilidade da diretoria, principalmente quanto a cumprimento de compromissos contratuais, também são itens que devem contribuir favoravelmente aos planos de garantir a permanência do principal reforço do Remo na temporada.

Sem precisar de VAR, Peixe atropela Boca e vai à 5ª final

Foi um passeio. O Boca Juniors de Carlito Tevez nem viu a cor da bola. Depois de 1 a 0 no primeiro tempo, gol de Pituca, bom jogador, o Peixe acelerou nos primeiros minutos da etapa final e o serelepe Soteldo – como o Brasil não produz mais jogadores desse naipe? Tema para próximas reflexões – ampliou a vantagem batendo na bola como gente grande sabe fazer. Daí para o 3 a 0 foi apenas uma questão de tempo. E a goleada podia ter sido de quatro ou cinco gols, sem exagero.

Interessante é que o Santos de Cuca nunca foi cotado como um provável finalista da atual Libertadores. Era o patinho feio da legião de brasileiros credenciados a brigar pelo título – Flamengo, Grêmio, Internacional, Palmeiras, São Paulo. Atolado em dívidas e cisões internas, o clube não parecia suficientemente sólido para encarar a campanha no torneio continental. Queimou a língua de muita gente.

Com Soteldo, Pituca, Marinho e o nosso Pará, sempre negligenciado nas avaliações, o Peixe brilha pela alta performance coletiva. Os destaques individuais aparecem, aqui e ali, mas é o conjunto que prevalece. Aliás, Pará passou por algumas das maiores equipes brasileiras, sempre como coadjuvante e nenhum reconhecimento. Está jogando direitinho, é justo reconhecer.

Diante de um Boca raçudo como sempre, o Santos foi organizado, objetivo e mortal nas ações ofensivas. Vários garotos estão lá, mas o desempenho foi de um time cascudo, frio nas ocasiões necessárias. As bolas esticadas, com direção certa, permanecem como característica da equipe, herança dos tempos de Jorge Sampaoli, e garantem a chegada mais rápida de um time brasileiro ao ataque.

Papão tem retorno de titulares para buscar o acesso

Tony, Uchôa e Bruno Collaço voltam à escalação titular do PSC para o decisivo duelo de sábado à tarde em Erechim contra o Ypiranga. É uma notícia auspiciosa, pois o time precisa muito da experiência e da funcionalidade desses jogadores. O volante ficou de fora das quatro últimas rodadas, fazendo imensa falta à organização de meio-campo.

Os dois laterais têm papel importante, não só no projeto defensivo, mas nas articulações com o ataque. Collaço foi bem substituído por Diego Matos, que, em certa medida, é até mais participativo quando se junta aos atacantes, mas o experiente lateral é visto pelo técnico João Brigatti como um importante reforço na cobertura defensiva.

Tony, expulso infantilmente por xingar o árbitro no jogo contra o Londrina, quando já havia deixado a partida, tem a responsabilidade de compensar o prejuízo causado ao time. Nas declarações, vem falando em “obsessão pelo acesso”, o que é bom, mas precisa também incluir uma boa dose de equilíbrio emocional nisso.

Uchôa é um volante de características que lembram um meia. É eficiente no combate, sabe sair jogando e lança com qualidade. Para um setor carente de qualidade e dinamismo, ele é o bálsamo salvador.

A partida com o Ypiranga será tensa e desafiadora para os atletas bicolores. Será um jogo bem mais difícil do que foi diante do Londrina na penúltima rodada. Não permitirá erros e distrações. Para vencer e garantir a vaga à Série B, o Papão terá que realizar sua melhor apresentação no campeonato.

Incentivos não faltam – há notícias sobre um “bicho” polpudo, superior a R$ 1 milhão –, a esperança é grande, mas observar as virtudes e pontos falhos do Ypiranga é a melhor coisa a fazer a 48 horas da grande decisão.

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