Leão decide em cima do laço

Um tiro forte e colocado, de fora da área, garantiu a importante vitória do Remo sobre o Confiança, ontem, em Aracaju, fechando o turno da Série B. Victor Andrade foi o autor do chute, depois de se livrar da marcação e avançar até a entrada da área. Foi ele também o principal jogador azulino na partida, travando um duelo particular com o goleiro Michael, que fez três grandes defesas no segundo tempo.

A realidade é que o Remo não merecia o empate. Jogou muito mais que o dono da casa, pressionou com constância e qualidade. Com mais posse de bola, os azulinos ocuparam o campo de defesa do Confiança com variações de jogadas e inversão de posicionamento. Essa postura confundia a marcação sergipana e rendia seguidas situações de perigo.

No primeiro tempo, o Dragão não controlava o jogo, mas saía com perigo, puxado no ataque por Hernane Brocador e Luidy. Acontece que a vantagem sorriu para o Leão logo aos 15 minutos. Felipe Gedoz cobrou falta e a bola raspou na cabeça do lateral Marcelinho traindo o goleiro Michael.

Aos 33’, Marcelinho quase empatou em cobrança de falta. Vinícius mandou para escanteio. Três minutos depois, Madison acertou lançamento longo para Luidy, aberto pela esquerda. Sem marcação, o atacante entrou na área e bateu rasteiro na saída do goleiro azulino.

Os números do jogo mostravam uma situação curiosa. O Remo ficava com a bola (61% de posse contra 39% do Confiança), mas o mandante finalizava bem mais – oito chutes contra três.

O segundo tempo começou com muito equilíbrio entre as equipes, prevalecendo as estratégias de marcação no meio. Os times também mostravam mais cautela nas tentativas ofensivas. Quem chegou primeiro foi o Remo, aos 19 minutos, com Gedoz batendo falta e causando um alvoroço na pequena área.


Logo em seguida, Igor Fernandes recebeu livre na área, mas chutou para fora. Gedoz saiu para a entrada de Rafinha e Tocantins substituiu Renan Gorne. Com isso, o Remo ganhou em mobilidade e aproximação entre os homens de frente. Victor Andrade passou a ser mais acionado e tomou conta do jogo.

Aos 35’, ele fez grande jogada individual entrando pela esquerda e disparando para o gol. Michael defendeu no susto. Dois minutos depois, Victor driblou dois marcadores e bateu rasteiro no canto direito, Michael foi lá de novo e espalmou para escanteio.

Novas mudanças no Remo tornaram o time ainda mais agressivo. Marlon e Ronald substituíram a Igor e Artur. Enquanto isso, a luta de Victor contra o Michael adquiria cores dramáticas. Aos 45’, o atacante entrou na área de novo, driblou a marcação e ficou frente a frente com o goleiro, que desviou com a ponta dos dedos.

Finalmente, aos 49’, quando o jogo já se encaminhava para o empate, Victor pegou a bola junto à linha lateral, fintou dois adversários e bateu de fora da área, rasteiro, no canto direito da trave de Michael. Um belo gol para carimbar a vitória e fechar positivamente a campanha azulina na primeira metade do Brasileiro.

Victor Andrade arrebenta, Ronald aparece bem

O jogo confirmou a ascensão técnica do Remo no campeonato. Foram três boas apresentações em sequência, com duas vitórias e um empate. O time atuou bem, de maneira organizada e confiante, contra Goiás, Vasco e Confiança. Nos dois últimos confrontos, poderia até ter vencido com folga, pois criou chances para isso. Com 26 pontos, alcança a 11ª posição, estabilizando-se no bloco intermediário.

Com melhor distribuição dos jogadores do meio para frente, o modelo utilizado por Felipe Conceição favorece a troca de passes em velocidade e impõe uma aproximação maior entre os setores.

Ontem, nem os seguidos erros de Marcos Jr. e Artur nas tomadas de decisão e a ausência de Erick Flores, responsável pela conexão entre meio e ataque, atrapalharam a movimentação. A transição foi executada por Gedoz, auxiliado por Victor Andrade e Uchoa.

No segundo tempo, depois que Marlon e Ronald entraram, o time cresceu de rendimento, ganhando rapidez pelos lados e habilidade na meia-cancha. Bem à vontade, Ronald descolou passes certeiros de primeira, dando-se ao luxo de tocar até de calcanhar.

Para a fase inicial do returno, Felipe deve ganhar opções para o meio, passando a contar com Flores e possivelmente Mateus Oliveira, o que pode fortalecer a criação de jogadas e qualificar a transição. O problema é que os dois laterais titulares, Tiago Ennes e Igor Fernandes, receberam o terceiro amarelo e estarão fora do jogo contra o CRB.

Segundinha fica mais inchada e deficitária

Com o obsceno número de 23 clubes inscritos, três a mais do que na edição passada, a Federação Paraense de Futebol divulgou regulamento e tabela base do torneio de acesso (segunda divisão) ao Campeonato Paraense de 2022. A disputa começa no dia 16 de outubro, contando com cinco agremiações estreantes. Os dois finalistas sobem para a divisão principal.

A Segundinha terá seis grupos, cinco com quatro times e um com apenas três. A FPF manteve a regra sub-23, permitindo apenas cinco atletas com idade acima dos 23 anos, com exceção dos goleiros. Se a norma for respeitada, a iniciativa é saudável por estimular a revelação de atletas.

O regulamento prevê a realização de quatro fases. Primeiro, os clubes jogam entre si dentro dos grupos, em confrontos de ida e volta. O melhor de cada chave e os dois melhores segundos colocados avançam para o mata-mata.

A segunda fase é as quartas de final, com jogos em ida e volta, assim como semifinais e final. Se na primeira divisão a competição já é deficitária, o excesso de jogos da Segundinha faz do torneio um festival de prejuízos.

O aumento anual do número de participantes já deveria ter inspirado a FPF a criar a terceira divisão estadual, a fim de selecionar melhor os times e dar à Segundinha um nível técnico mais decente.

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