Ryan Williams passou cinco meses na Curuzu. Chegou cercado de expectativa, mas acabou marcado mais pela sua nacionalidade estrangeira do que pelo futebol, não deixando nenhuma saudade na torcida bicolor.

O meia de 27 anos, que assinou recentemente com o Tranmere Rovers, time da quarta divisão inglesa, contou sobre sua experiência no Paysandu em entrevista para o site da Veja. Entre o medo da violência e a paixão pela tapioca, Ryan contou que levará eternamente o carinho dos paraenses, mas deixou transparecer uma ponta de mágoa com a diretoria do Paysandu.

Ryan responsabilizou a diretoria bicolor pela sua falta de oportunidade no plantel. Segundo o jogador britânico, a falta de organização dos gestores acabou o fazendo perder o prazo para inscrição no Campeonato Paraense e Copa Verde, o que acabou selando sua saída da equipe, com apenas uma partida jogada (contra o São Bento, na série B).


“Falta de organização do clube quando cheguei. Demoraram para perceber que eu precisava de um visto, e isso me tomou umas seis ou sete semanas. O clube perdeu o prazo para inscrição e fiquei de fora do Campeonato Paraense e da Copa Verde. Não tive oportunidades de mostrar minhas qualidades antes da Série B, e quando ela chegou, obviamente, o clube contratou mais dois jogadores da minha posição. Aí sobrou pouco espaço para ter oportunidades. Sei que faz parte do jogo, mas é bem difícil, porque sacrificamos os momentos em que poderíamos estar com a família e com amigos. Viajei meio mundo pela oportunidade de jogar no Paysandu, representar o clube, os torcedores e dar a eles todo o meu esforço, mas infelizmente a oportunidade não veio”, contou.

Ryan, que se diz apaixonado pelo futebol brasileiro desde criança, falou sobre sua aventura por uma cidade totalmente desconhecida para ele. A violência e a pobreza são os pontos negativos destacados pelo jogador. “Provavelmente a pior coisa que vivenciei foi saber que a cidade era muito perigosa, não podia sair à noite, não podia andar com celular pelas ruas, coisas deste tipo. Também era triste ver moradores de rua, pessoas pedindo dinheiro ou comida. Isso não é comum na Europa” disse Ryan.

Em relação aos seus salários, Ryan contou que aceitou ganhar cerca de cinco vezes menos do que recebia no Canadá, onde atuou pelo Ottawa Rangers, mas que mesmo assim os pagamentos eram feitos de maneira desorganizada, muitas vezes realizados em parcelas no mesmo mês.

“Meu salário no Brasil era mais ou menos cinco vezes menor do que eu recebia no Canadá e oito vezes menos do que recebia na Inglaterra. No Canadá e na Inglaterra o salário é pago todo mês no mesmo dia, não falha. No Brasil o salário vinha em duas parcelas, no mesmo mês, mas em dias aleatórios. Era complicado, mas nunca tive problema.”

(DOL)

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