O goleiro Danilo Fernandes, que foi ferido em um ataque ao ônibus do Bahia, há pouco mais de duas semanas, disse que o artefato explosivo usado na ação pode ter sido uma bola de sinuca recheada de pólvora.

“Uma bola de sinuca em forma de bomba. Eles fizeram ela de bomba. Isso é para matar alguém, não é para machucar. Não é para dar um susto. Uma bola de sinuca, no formato de bomba, cheia de pólvora. Se você arremessa numa outra pessoa, no ônibus com 40 pessoas, é para quê?”, questionou o goleiro em entrevista à TV Bahia.

O atentado aconteceu em 24 de fevereiro, quando a delegação do Bahia chegava à Arena Fonte Nova para o jogo contra o Sampaio Corrêa, pela Copa do Brasil. Danilo foi atingido por estilhados, ficou ferido no rosto, pescoço e pernas e levou 20 pontos espalhados pelo corpo. Diagnosticado com fragilidade na retina, ele ainda foi submetido a um procedimento a laser no olho.

“Quando eu olhei para as minhas pernas, parecia que eu tinha tomado, não exagerando, mas três tiros. Porque tinham três buracos na minha perna, na minha coxa. Eu estava com muita dor na perna, muita dor no maxilar”, disse ele.


Ele também contou que, na hora da explosão, usou as capas da poltrona para proteger o rosto e temeu por sua visão. “Eu já não estava conseguindo enxergar. Só vultos eu conseguia ver por esse olho [atingido por estilhaços]. Muitos vultos, muitas manchas.

O goleiro disse ainda que ouviu dos médicos que “teve sorte” porque os ferimentos poderiam ter sido fatais. “Até o médico, ele me disse uns dias depois, ‘minha preocupação na hora era com o seu pescoço, não com o seu olho. Você deu muita sorte. Poderia facilmente algum vidro ter rasgado o seu olho. Deu muita sorte’. Porque eu cortei o olho […] e cortei o nariz. Então.. Foi impressionante. Mas ele me disse que o meu pescoço foi o que mais preocupou. Ele falou: ‘Impressionante o que aconteceu, não ter pego uma artéria que poderia ter sido fatal. E nem ter pego diretamente no seu pescoço, aqui. Onde também poderia ter sido fatal. Você nasceu de novo. Eu tirei um pedaço de vidro de dentro do pescoço, do tamanho de uma metade de um dedo. Mas não estava fora do seu pescoço. Estava dentro. Eu abri o seu pescoço’.”.

Danilo Fernandes, que ainda se recupera dos ferimentos e não voltou a campo desde o atentado, disse que não pensa em parar de jogar. “Deixar de fazer o que mais amo por causa de bandidos? Não. Isso nem passou pela minha cabeça, parar de jogar. Eu sou muito maior do que eles. Eu sou muito maior do que isso”.

Apesar de não ter pensado em encerrar a carreira, Danilo ainda tem medo de voltar a jogar no Bahia. “Qual a segurança que eu vou ter dentro do campo, onde a distância não chega a ser de 10 metros, eu acho, do gol para a arquibancada. Como que vou estar concentrado no meu trabalho sabendo que tem um bandido, um rapaz que tentou me matar, na torcida? Quem conhece a Fonte Nova sabe que os torcedores que foram identificados são da torcida organizada, e ela fica atrás de um dos gols. […] A gente não pode estar dentro do campo, fazendo o que a gente mais gosta, o que a gente mais ama, com uma pessoa que tentou te matar a 20 metros de você. Isso não pode existir.”.

O atleta ainda agradeceu o suporte do Bahia e o carinho e mensagens de torcedores.

Nesta semana, a Polícia Civil afirmou que identificou todos os envolvidos no atentado e que todos fazem parte da Bamor, torcida organizado do Bahia. Eles serão indiciados por tentativa de homicídio. Mas até agora, ninguém foi preso.

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