Papel discreto e decisivo

Por característica pessoal, Rafael Jansen é um jogador discreto, pouco espalhafatoso e de comunicação restrita aos companheiros durante os jogos. Não é de peitar árbitros e nem discutir com adversários. Entra, cumpre as obrigações e de vez em quando vai além, como na sensacional finalização diante do PSC no último clássico. O gol foi um dos mais bonitos da Série C e, sem exagero, lembrado até para o Prêmio Puskas.

Ocorre que essa veia de finalizador não é o principal atributo do zagueiro azulino. O time depende dele pela serenidade e boa colocação, rapidez nas antecipações e passes corretos para companheiros de meio ou ataque.

Ao lado de Mimica, com quem tem repetido uma dupla segura desde o começo da competição, Jansen responde pela segurança defensiva que faz do Remo o time menos vazado da Série C – 12 gols em 21 partidas.

Curiosamente, o começo da temporada indicava que Jansen teria outro destino. Esteve cotado para jogar no futebol israelense, mas dificuldades de documentação inviabilizaram a transação. Em seguida, os problemas decorrentes da pandemia fizeram com que ficasse no Evandro Almeida.

Por obra do acaso, o Remo acabou garantindo um jogador fundamental para o equilíbrio de todo o sistema de defesa. É verdade que ainda sob o comando de Mazola Junior, Jansen viveu alguns momentos de dificuldades, com envolvimento em lances que resultaram em prejuízo para o time.

O gol contra diante do Treze-PB, em cabeceio certeiro, semeou dúvidas e fez com críticas brotassem de imediato. As qualidades do zagueiro foram questionadas pela torcida, que custou a se dar conta do julgamento rigoroso e injusto.


Nos três jogos da segunda fase – Londrina, PSC e Ypiranga –, a presença dele como líder da zaga respondeu pelo desempenho corretíssimo, que não permitiu ao time ser derrotado. Nos três confrontos, lances pontuais fizeram com que Jansen pontificasse.

Salvou um chute do ataque do Londrina, que tinha endereço certo. Apareceu muito bem na marcação a Nicolas no Re-Pa e evitou que um disparo de Jean Silva permitisse a vantagem ao Ypiranga ainda no 1º tempo da partida do último domingo.

É claro que uma defesa não se garante pela performance de apenas um jogador. Mimica tem sido preciso e eficiente, evidenciando o entrosamento dos beques de meio de zaga. Os laterais também contribuem bastante, principalmente Marlon, que nos últimos jogos ficou mais na marcação.

Além da linha toda, há a presença exponencial de Vinícius, seguro e pouco dado a extravagâncias, lembrando bastante o estilo do próprio Jansen. Desta combinação de esforços vive o Remo, cujo poderio de marcação e bloqueio é ressaltado hoje por todos os adversários.

Clubes tornam o Parazão 2021 ainda mais deficitário

O Campeonato Paraense de 2021 vai começar no dia 27 de fevereiro, terminando a 23 de maio. A expectativa é preocupante. As discussões em torno do formato parecem encerradas e ontem foi anunciada nova versão da tabela básica. Pelo exposto, os 12 clubes se enfrentarão em turno, returno, quartas-de-final, semifinais e finais. Para acomodar esse inflado sistema de disputa, será preciso acrescentar uma data a mais do que a CBF prevê.

Por pressão da maioria dos clubes, o torneio de 2021 terá 17 datas. O calendário da CBF prevê 16. No Parazão deste ano foram realizados 56 jogos. O campeonato do próximo ano terá inacreditáveis 82 partidas. Além do aumento do número de clubes disputantes (de 10 para 12), algum gênio bolou (e foi apoiado pelos demais) a inclusão das quartas de final engordando ainda mais a tabela.

Cabe observar, ainda, que não haverá público nos estádios enquanto não acontecer a vacinação geral contra a covid-19 – o que deve demorar bastante levando em conta a enrolação federal em torno do tema.

Os prejuízos decorrentes de um campeonato sem receita serão turbinados pela necessidade de uso dos estádios de Remo e PSC em Belém, pois o estádio Jornalista Edgar Proença será fechado para as obras de reforma.

Todos esses aspectos eram de amplo conhecimento de todos, o que aumenta o espanto pela decisão de promover mais jogos. Falta de noção e sensatez que desafia até os padrões normalmente elásticos de nossos dirigentes.

Imagino, daqui a alguns meses, a grita geral por mais ajuda governamental, visto que os testes previstos nos protocolos exigem desembolso de dinheiro que o deficitário campeonato não tem como cobrir.

Ainda há tempo de corrigir esse estrupício e evitar o desastre, desde que haja um mínimo de senso de responsabilidade.

O mais novo festim irresponsável do ex-menino Ney

Os maiores desportistas do planeta são Lewis Hamilton, LeBron James, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Todos se destacam, além dos excepcionais feitos em suas respectivas modalidades, pela clareza de posicionamento diante das injustiças do mundo, contra o racismo e a discriminação e pelo absoluto respeito às normas sanitárias que regem o combate à pandemia.

Neymar, que tanto anseia por um lugar entre os maiorais, marcha em sentido inteiramente oposto. É rara uma notícia sobre ele que tenha viés positivo. Quase tudo que ele toca se transforma em algo ruim. Virou uma espécie de Midas ao contrário.

O último disparate é o anunciado réveillon para 500 convidados em Mangaratiba, espécie de réquiem carnavalesco em meio à tragédia nacional que já ceifou 191 mil vidas. O deboche e o achincalhe saltam aos olhos. A ausência de sentimentos e empatia, também. Neymar é cada vez menos menino, está se consolidando como moleque mesmo.

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