Quando gigantes caminham sobre a terra

 

A frase acima foi roubada da monumental biografia do Led Zeppelin, escrita por Mick Wall e desde sempre inscrita entre as melhores do gênero. Há tempos que queria usar, mas as oportunidades foram passando e a ideia caindo no esquecimento. De repente, veio a grande chance: o duelo de hoje pelo Brasileiro da Série C celebra a velha rivalidade entre esses gigantes do futebol brasileiro e remete ao livro sobre a banda de Jimmy Page e Robert Plant

Dada a explicação, cabe lembrar que em Brasileiros a grande batalha entre os dois titãs ainda está por ser travada. Até hoje não houve um duelo que se possa considerar realmente memorável nos confrontos ocorridos em competições nacionais.

Os gigantes da Amazônia seguem devendo às suas legiões torcedoras um encontro épico em disputa de um torneio de envergadura. O mais próximo que chegaram disso foi na Copa Verde. Mas, ainda assim, por força do regulamento, as torcidas ficam impedidas de vê-los em ação numa final.

O novo formato da Série C deste ano permite que, finalmente, tenhamos a chance de ver PSC e Remo decidindo um título brasileiro. Não é tão simples de acontecer, mas a possibilidade existe.

É claro que, para os dois lados, mais importante que o título é a conquista do acesso, vital para a saúde financeira dos clubes. O longo período de permanência de ambos na Série C representa acúmulo de perdas e desperdício de oportunidades. Há a consciência de que o salto rumo à Série B já está passando da hora.

Além da importância do jogo para o desdobramento da competição, os dois times têm uma dívida a pagar com suas torcidas. O mais recente encontro entre ambos, valendo pela decisão do título estadual, foi um jogo amarrado e feio, com tantos cuidados defensivos que nem parecia um Re-Pa de final de campeonato.


O Papão venceu, garantiu o título da temporada, mas o jogo foi tão fraco que dificilmente entrará para a galeria dos confrontos imortais. Hoje à noite, a dupla tem a oportunidade de desfazer aquela má impressão e abrilhantar a Série C com um duelo de alto nível.

Ah, voltando à questão do título, para evitar qualquer queixa dos não iniciados em assuntos roqueiros, o livro de Wall é elucidativo sobre a história do Led Zeppelin, banda que passou como furacão pelo começo da década de 70 e sobrevive até hoje através de álbuns definitivos e clássicos do rock. O gigantismo mencionado na frase é plenamente justificado na história vitoriosa da banda.

 

 

Molecada do Leão é trunfo de Bonamigo para o Re-Pa

 

A chegada de Paulo Bonamigo reacendeu esperanças no torcedor azulino em relação à Série C. Representou um fato novo que fez o sonho do acesso voltar com intensidade. É claro que aquele treinador ainda iniciante da campanha de 2000 na Copa João Havelange passou por mudanças, acumulou conhecimento e – mais importante – não tem os jogadores experientes e rodados que garantiram o êxito daquela temporada.

Falta um Robinho ou um Daniel Edgar. Há compensações. O time é recheado de jovens apostas. Embora longe do predomínio de jogadores nativos da equipe de 20 anos atrás, a garotada já mostrou potencial para garantir ao Remo vitórias importantes.

Um exemplo é a quantidade de opções para o clássico deste sábado: um zagueiro (Warley), dois volantes, Pingo e Lailson; e dois atacantes, Wallace e Hélio Borges. Na vitória sobre o Manaus, domingo passado, Wallace, Hélio e Warley já tiveram oportunidades.

Na entrevista de ontem, o técnico admitiu que ainda espera reforços, com perfil de referência. Disse, ainda, que Eduardo Ramos virou atacante por força da necessidade. O que significa que, na ausência de Tcharlles, ER deve ser o atacante centralizado.

Outra alternativa pode ser Eron, recém-contratado ao Vitória e que já foi legalizado. É atacante de velocidade e tem fama de bom finalizador. Pode ser uma das novidades no Re-Pa, mas dificilmente entrará como titular. João Diogo, também integrado ao grupo, é outra alternativa.

Resolver a equação do ataque é hoje a principal missão de Bonamigo. O time passou a ter impulso ofensivo, busca o gol, cria chances, mas tem baixíssimo aproveitamento nas finalizações. É aí que crescem as chances de Wallace, que entrou contra o Manaus a 20 minutos do final.

 

 

Papão tem reforços para a zaga e a volta do artilheiro

 

Abraçado ao cartel de 10 jogos de invencibilidade sobre o rival, o PSC entra mais tranquilo no clássico, mesmo estando dois pontos atrás na classificação do campeonato. A pressão está toda sobre o adversário. O fato é que, desde o ano passado, o Remo não consegue levantar a cabeça diante do rival e o jejum incomoda time e torcida.

Não se pode falar da partida sem mencionar o mini tabu estabelecido pelo PSC. Sempre que um dos rivais se distancia ou fica tanto tempo sem ser derrotado cria inquietação do outro lado. Não por acaso, um dos grandes troféus da torcida azulina é o histórico tabu de 33 jogos.

Os 10 jogos da invencibilidade tiveram a influência direta de Hélio dos Anjos, cujo conhecimento acerca das tradições do Re-Pa fizeram a diferença no confronto com técnicos pouco acostumados com o clássico.

Desta feita, Matheus Costa é o estreante, mas demonstra nas entrevistas ter a percepção correta sobre a importância do jogo. Não é um confronto qualquer, é simplesmente o clássico mais disputado no futebol profissional – 756 jogos com o de hoje.

Além disso, o resultado pode tornar tranquila a caminhada rumo à classificação ou pode tornar tudo mais difícil. Para escalar a equipe, Matheus tem o retorno de Nicolas e Alex Maranhão, peças importantes na configuração ofensiva do time.

A ausência de Micael, suspenso, será suprida por Wesley Matos, autor do gol salvador contra o Botafogo-PB no sábado passado. Uchoa, outro ausente, será substituído por Serginho ou Alan Calbergue. Na frente, ao lado de Nicolas, Uilliam Barros tem presença confirmada.

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