A frustração compensada

 

Com a classificação garantida na Copa do Brasil, o Remo fechou um ciclo financeiro determinado pela necessidade de reforçar o caixa após a derrota na final da Copa Verde. Caso fosse campeão do torneio inter-regional, teria direito a uma bonificação de R$ 1,7 milhão (correspondente à participação na terceira fase da Copa BR).

Em resumo: ao eliminar o CSA em Maceió, assegurando a bonificação de R$ 1,7 milhão, o time compensou um prejuízo que amargurava a direção azulina, tanto ou mais do que a perda do título da CV.

Para tanto, foi preciso garantir consistência e competitividade a uma equipe que mudou muito desde o final da Série C. O acesso veio, mas foi necessário reformular por completo o elenco.

Saíram 16 jogadores, alguns fundamentais, como Salatiel, Hélio Borges, Tcharlles, Eduardo Ramos, Charles e Ricardo Luz. O trabalho de reconstrução se iniciou já na disputa da Copa Verde, com apenas um reforço: Wellington Silva. O técnico Paulo Bonamigo teve que recorrer a remanescentes da campanha na Série C e a garotos oriundos da base.

Não deu para levantar o caneco, mas o time fez campanha digna, chegando à final e perdendo nos penais – o que permite a dupla satisfação aos azulinos com o triunfo, também nos tiros livres, diante do CSA.

Quando começaram as competições de 2021 – Parazão e Copa do Brasil – o time já estava mais encorpado, com a chegada de Anderson Uchoa, Renan Gorne e Lucas Tocantins, entre outros. No Estadual, os resultados positivos se acumulam, enquanto o time ganha mais rodagem, entrosamento e segurança.


As destacadas atuações de Dioguinho e o reforço representado pela volta de Felipe Gedoz tornaram o time mais próximo do ponto considerado ideal para a disputa da Série B. Existem problemas no sistema defensivo, mas a apresentação contra o CSA demonstrou que o projeto está sendo bem conduzido.

O resultado obtido é prova de evolução para uma equipe que realizou apenas sete partidas com a atual configuração. A presença de jogadores de reconhecida liderança no grupo, como Vinícius e Lucas Siqueira, garante força emocional e capacidade de reação.

Um bom exemplo da maturidade alcançada pelo conjunto azulino é Uchoa, que saiu do jogo com o CSA na condição de herói. Foi ele o autor do gol de empate em partida que se encaminhava para o final, sendo vencida até os 28 minutos do segundo tempo pelos donos da casa.

Não foi ainda uma atuação portentosa do volante – que, no passado, seria chamado de médio pela maneira como se posiciona bem no centro do campo – com a camisa azulina, mas teve na terça-feira seu melhor desempenho desde que trocou a Curuzu pelo Evandro Almeida.

Como ele, jogadores como Wallace, Gabriel Lima e Renan Oliveira, que ainda não deslancharam nas duas competições, tendem a crescer com a continuidade dos jogos. A conferir.

 

 

Sinal dos tempos: Grêmio fora da Libertadores

 

Depois de muito tempo, o Grêmio fica fora da fase principal da Copa Libertadores de 2021. Foi eliminado em casa ontem, de virada, por 2 a 1, pelo Independiente Del Valle. O time de Renato Gaúcho saiu na frente, com Jean Pierre, sofreu o empate (Cristian Ortiz), teve um jogador expulso (Maicon) e acabou tomando o segundo gol, novamente através de Ortiz.

O detalhe que chama mais atenção é que o tricolor gaúcho foi inteiramente dominado pelo adversário. Nem sombra da que espírito copeiro que caracteriza as campanhas gremistas na Libertadores. Durante anos, o torneio continental parecia uma espécie de sala de visitas do Grêmio, que se sentia à vontade na disputa.

A composição do Grupo A da Libertadores passa a ter o Independiente ao lado do atual campeão, Palmeiras, com Universitário (Peru) e Defensa y Justicia (Argentina). Já os gremistas terão que se contentar em disputar a Copa Sul-Americana.

Apesar de ter avançado na competição nos últimos três anos, o Grêmio vem acumulando insucessos. Saiu para o River Plate em 2018, para o Flamengo em 2019 e para o Santos no ano passado.

Renato, sempre falastrão e crítico de técnicos portugueses, teve pela frente ontem outro lusitano: Renato Paiva, treinador do Independiente Del Valle, era treinador das divisões de base do Benfica.

 

 

Muvucas que o futebol não consegue aposentar

 

O Brasil sempre foi rico em figuras folclóricas no futebol, jogadores que costumam dar demonstrações públicas de rebeldia, geralmente direcionadas ao técnico de plantão. No profissionalismo atual, os casos rareiam, mas de vez em quando irrompe alguém que foge às cartilhas de boa convivência.

Marinho, que há alguns anos enriquece os compêndios de besteirol nos gramados, se insurgiu contra o técnico argentino Ariel Holan ao ser substituído no segundo tempo do jogo com o San Lorenzo. Saiu esbravejando e nem cumprimentou o treinador.

Alçado à condição de estrela do Santos desde a última temporada, a partir de grandes atuações no Brasileiro e na Libertadores, o atacante de vez em quando apronta nos gramados ou nas redes sociais.

Como de hábito, no dia seguinte, Marinho reconheceu ter passado do ponto, pediu desculpas à sua maneira e a vida voltou à normalidade. Até que Marinho, ciente do poder das resenhas e muvucas que a internet propaga e amplifica.

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