Em um clube de massa, é compreensível que exista cobrança por parte da torcida na formação de um elenco competitivo e qualificado. Isso para que o desempenho do time seja ao menos regular nas competições em que for participar. No Clube do Remo, porém, as cobranças parecem surtir outro efeito. O que foi visto no decorrer desta temporada, principalmente no futebol profissional, carro-chefe do clube, foi um ano jogado fora. Com nenhum proveito nos campeonatos, os dirigentes do Leão, demonstraram, novamente, deficiência na hora de contratar os profissionais para representar o time dentro de campo, o que para muitos, foi a pior formação de um elenco nos últimos anos.

Buscando investir de forma lúcida, o clube estimou um teto de R$300 mil mensais para serem gastos na formação de um plantel forte. Além disso, o aproveitamento de jogadores locais, que geralmente desempenham suas funções de maneira produtiva em clubes do Pará, também foi uma alternativa para a efetividade do clube nos campeonatos. Esse planejamento permitiu ao Leão contratações de maneira pontual e para atletas de posições especificas. No entanto, o tiro saiu pela culatra. Desde o primeiro semestre, o que se viu nas partidas do Remo, foi um elenco que demonstrava pouca técnica. O que ficou claro, depois, que os dirigentes erraram em quase todas as mais de 30 contratações feitas ao longo do ano.

Confiança demais…

Nesse sentido, a falta de um executivo para auxiliar o departamento de futebol ficou nítida. Assim, as formações de contratos não tiveram nenhum mapeamento sobre os rendimentos dos atletas que viriam assinar com o Time de Periçá. De acordo com o ex-diretor de futebol Marco Antônio Pina, as contratações foram feitas segundo a indicação de Josué Teixeira, que tinha carta branca para negociar e fechar os acordos. “Acontece que nós fomos ineficientes nas escolhas. Erramos nas contratações e não procuramos saber do passado de cada atleta. Nesse sentido, confiamos na palavra do Josué, que, por ter um crédito conosco, realizou particularmente a vinda da maioria dos jogadores que atuaram no Remo na temporada”, explicou Pina.

Nem ex-endeusado escapa..

Compor um elenco de futebol, sempre é uma tarefa difícil de realizar, principalmente quando o grau tolerável para erro nessa área é quase nulo. De tal maneira, de cada 30 jogadores contratados para atuar em campo, no mínimo, 22 devem vingar em suas funções de ofício. Mas, no Leão, essa fórmula foi o contrário. Dos mais de 30 atletas contratados nessa temporada, nem 10 honraram a camisa azulina, comprometendo assim, todo o calendário oficial da equipe.

Atletas como os laterais Gerson e Jaquinha; volantes Labarthe, Marquinhos e Renan Silva e meias como Mikael e Danilinho, na realidade, deveriam reembolsar o Clube do Remo por comprometer o time em cada toque na bola.

Faltando profissionalismo por parte de alguns dos atletas que, em alguns casos foram afastados por indisciplina, o que acabou afetando o time em determinados jogos, mesmo com toda a incompetência da diretoria, os atletas não ficam isentos da culpa pela pífia campanha do time nas competições. Desse modo, chega a ser covarde qualquer atitude de jogador que busque diminuir a imagem da instituição para tirar a culpa de si.

Logo quando o elenco do Remo foi criando corpo, isso ainda no início do ano, alguns jogadores que tiveram boas atuações no começo da temporada já tinham uma pré-projeção de ídolos com a torcida remista. Como no caso do atacante Edgar, que logo na sua estreia com a camisa azul-marinho anotou dois gols contra o Cametá. O brilho com o jogador ofensivo foi ficando mais forte quando, em pleno Re-Pa, Edgar marcou os dois gols da vitória em cima do tradicional adversário.


Mas, o que tinha tudo para ser uma relação duradoura, foi se desgastando gradativamente com o tempo. Mesmo com o histórico negativo do jogador no seu antigo clube, o próprio chegou ao Leão disposto a apagar o passado. Entretanto, o jogador repetiu os mesmos erros de indisciplina e, por algumas vezes, foi afastado do time principal.

Outro atleta que deixou muito a desejar foi o meio-campista Eduardo Ramos. O jogador, que sempre é cobrado pela torcida, mas justamente por conter um diferencial técnico, não repetiu nem de longe suas boas atuações de anos passados. Pipocando em quase todos os jogos decisivos do time, Eduardo, assim como Edgar, foram as duas principais frustrações do plantel remista.

Falta motivação

Segundo o presidente do Remo, Manoel Ribeiro, faltou motivação por parte dos jogadores nas competições do time. “Nós, como responsáveis, jamais iriamos contratar jogadores sem compromisso. Evidentemente o que ficou apontado foram os erros nas escolhas, onde todos fizeram atuações aquém das expectativas”, frisou.

Quem se salva?

Entre tantos erros, tiveram alguns acertosEntre os escassos destaques nas contratações do Remo, se encontram os dois goleiros: André Luiz e Vinícius. Este último, inclusive, depois de ter exibido belas atuações, foi agraciado com uma renovação de vínculo, sendo assim, foi o primeiro jogador confirmado pelo departamento azulino para integrar o plantel do ano que vem.Nos outros setores, no entanto, o buraco foi mais embaixo.

Com nenhum atleta exibindo diferencial dentro de campo, acabou se destacando quem menos comprometeu o time no decorrer do ano. Nesse quesito, jogadores como o volante Dudu, que integrou o elenco no returno da Série C, foi o que mais manteve regularidade dentro da onzena principal do Leão. Talvez, por isso, seu nome é um dos mais comentados para permanecer no grupo azulino para a próxima temporada. De acordo com o próprio, essa temporada foi uma das melhores de sua carreira. “Me esforcei muito para corresponder a aposta que fizeram em mim. Que bom que gostaram do meu trabalho. Essa será uma temporada que jamais vou esquecer na minha vida. Espero continuar ajudando o Remo”, disse o volante.

Outro atleta que demonstrou qualidade foi o atacante Pimentinha, mas que acabou se “queimando” após ter, suspostamente, abandonado o grupo no último compromisso da Terceirona. Por fim, outro atleta que merece crédito é o meio-campista Flamel, que, acabou sendo preterido em algumas rodadas da Série C, ao articular Eduardo Ramos.

Contratações do Remo

Goleiros: André Luiz, Vinícius e Evandro Gigante.

Zagueiros: Zé Antônio, Leandro Silva, Bruno Costa, Martony.

Laterais: Léo Rosa, Jaquinha,Gerson e Daniel Damião.

Volantes: Ilaílson,Marcelo Labarthe, João Paulo,Marquinhos, Renan Silva, Elizeu França e Dudu.

Meio-campistas: Flamel,Fininho, Ronny, Mikael, Danilinho,Kaio Wilker e Levi.

Atacantes: Val Barreto,Edgar, Jayme, Luiz Eduardo,Pimentinha, Nino Guerreiro e Nano Krieger.

Técnicos: Josué Teixeira, Oliveira Canindé e Léo Goiano.

Quem se salva nesse meio

Goleiro: Vinicius

Goleiro: André Luiz

Volante: Dudu

Atacante: Pimentinha

Meio-campo: Flamel

(Matheus Miranda/Diário do Pará)

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