O Remo está há quase dois meses curtindo suas férias forçadas sem ao menos esboçar o que pode acontecer no futebol, grande carro-chefe do clube, em 2018. Somente agora, nos últimos dias, é que decidiram anunciar as pessoas que vão gerir o setor no ano que vem. Um atraso injustificável, considerando o longo tempo em que o clube foi alijado da Série C deste ano, ao perder para o Salgueiro (PE), fora de casa, no dia 9 de setembro. É até compreensível que as novidades não viessem logo nos primeiros dias, afinal, havia ainda uma ferida para ser cicatrizada.

O time, aos trancos e barrancos, namorou uma vaga na segunda fase da competição e sentiu o golpe ao ser eliminado. Além disso, havia a necessidade de fazer uma limpeza na área, e isso incluiria fazer alguns acordos com quem defendeu o clube na Terceirona. Mas daí a ficar quase 60 dias num marasmo, sem tomar qualquer tipo de atitude, seja contratando ao menos o treinador que vai juntar os cacos que restaram e formar um elenco, é demais para o já sofrido torcedor remista.


A semana se encerrou com a grande dúvida lançada: Eduardo Ramos fica ou continua? Pelo visto, os caras ainda não se esqueceram de virar a página e partir pra outra. De repente o Remo, que já produziu camisas 10 para todos os gostos e estilos, hoje se vê refém de apenas um jogador que para os padrões locais está acima da média mas que, quando confrontado com equipe medianas de fora do estado, é engolido com tamanha facilidade.

Para o consumo interno é uma boa aposta, mas é pensar pequeno demais considerando o tamanho do centenário Clube do Remo. É para aproveitar a entressafra, a terra arrasada, para fazer uma assepsia geral. Já que isso não é possível em nível de diretoria, que ao menos o façam no futebol profissional. Cortar salários astronômicos para nossa realidade, apostar mais incisivamente nas categorias de base e em atletas regionais, é a melhor saída. Até o Parazão ainda é tempo suficiente para montar uma boa espinha dorsal, garimpar bons valores, trazer um treinador com esse olhar, e envolvido na causa. Não adianta fazer apostas no passado, em um jogador que há 3 anos conquistou o coração dos torcedores. É se apequenar muito, se prender a fantasmas que já deram o que tinham que dar.

Planejamento é tudo, em qualquer setor da sociedade. Se você se programa com antecipação, as chances de qualquer projeto ser bem executado são de mais de 90%. É hora dos novos dirigentes arregaçarem as mangas, mostrar se, de fato, podem imprimir no futebol profissional leonino uma mentalidade diferente.

(Clayton Matos/Diário do Pará)

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