Lembrado de forma discreta nas redes sociais, o aniversário do estádio da Curuzu, ocorrido no último dia 27, marcou um importante momento da história do Paysandu – o momento em que o clube começou a construir seu patrimônio. Originalmente chamado Campo da Firma Ferreira e Comandita, e recebendo diversos jogos desde 1914, o estádio entre as travessas Curuzu e Chaco passou a ser propriedade do Clube de Suíço em julho de 1918. Na ocasião, o Papão tinha apenas 4 anos de fundado e sequer dispunha ainda de uma sede social própria. O estádio passou a ser então seu primeiro e mais importante patrimônio, posto que manteve por muitos anos.
Hoje a Curuzu não é o único patrimônio bicolor, mas nos últimos anos tem sido um dos que mais foi valorizado. Os velhos alambrados de arame foram trocados por vidro temperado. As velhas torres de iluminação tiveram sua estrutura mudada para receber luzes de led. Um hotel concentração foi construído na sua área interna, e um restaurante, com vista para o campo e saída independente para a rua, deve ser a próxima melhoria inaugurada pelo clube. As melhorias nas dependências fizeram do estádio um dos melhores da região amazônica – tão bom que serviu de base para os treinamentos da seleção brasileira olímpica em sua passagem pela cidade, em 2015. A construção de novos lances de arquibancada e outras melhorias permitiu ao clube aumentar sua capacidade oficial para 16.400 pessoas, o que o torna o segundo maior em capacidade de público em todo estado – atrás apenas do Mangueirão.
FICHA TÉCNICA
– Nome: Estádio Leônidas Sodré de Castro
– Aquisição: 27 de julho de 1918
– Primeiro jogo: Paysandu 1×2 Remo – 14 de junho de 1914
– Capacidade oficial: 16.400 pessoas
– Maior público: Não oficial – Combinado Paysandu-Tuna x Peñarol – 27 mil torcedores (1965); Oficial – Paysandu 4×0 Avaí-SC – 18.024 torcedores (2001)
ORIGEM DO NOME
– O nome oficial do estádio é Leônidas Sodré de Castro, homenagem a um bicolor histórico que ajudou a comprar o estádio, em 1918, e a construir a sede social do clube, em 1927. Leônidas presidiu o Paysandu na década de 30.
– Já o nome popular, Curuzu, tem raízes históricas interessantes que o conectam ao próprio clube. Curuzu e Chaco são os nomes das ruas que compõem o entorno do estádio, e cuja origem remete à Guerra do Paraguai.
– A Batalha de Curuzu, travada entre 1 e 3 de setembro de 1866, envolvia uma fortificação paraguaia que carregava o nome Curu Zu. A palavra é uma corruptela na língua guarani (até hoje um dos idiomas mais falados no Paraguai) para a palavra “cruz” e o nome da fortificação denota a influência de comunidades jesuítas no Paraguai.
– Além da Batalha de Curuzu, entre as principais vitórias brasileiras naquela guerra estão a vitória do Chaco e a própria batalha do Passo de Paysandu – maior vitória naval da história da marinha brasileira e que ajudou a nomear o próprio clube.
CURIOSIDADES
– Embora esteja há 99 anos sob a gestão do Paysandu, o estádio da Curuzu foi palco de vitórias e títulos marcantes de diversas equipes – incluindo as rivais. Os três Titãs do futebol paraense, curiosamente, levantaram seus primeiros troféus lá. O Remo faturou seu segundo título estadual (1914), o Paysandu (1920) e Tuna Luso (1937) seus primeiros.
– Em um jogo entre Paysandu e Santa Rosa, válido pelo Campeonato Paraense de 1997, o atacante bicolor Vital arriscou um chute direto no gol logo após o toque inicial e acertou em cheio. Na súmula da partida, o árbitro anotou o gol a dois segundos de jogo! O fato que rendeu ao atacante a alcunha de autor do gol mais rápido do mundo e uma placa na Curuzu.
(Taion Almeida/Diário do Pará)