“Vai chegar o momento em que as pessoas vão ter de perguntar: ‘essa situação está sob controle o suficiente e nós podemos ficar confiantes sobre ir a Tóquio?'”, questionou o canadense Dick Pound, membro do COI desde 1978, o que o torna o mais antigo ainda em atividade no comitê.

Para ele, o mês de maio será a data limite para uma definição a respeito da manutenção dos Jogos.

“Várias coisas têm de começar a acontecer [nessa época]. Você tem de começar a elevar a segurança, a comida, a Vila Olímpica, os hotéis. As pessoas de mídia deverão estar lá construindo seus estúdios. Se os Jogos não puderem ir adiante como planejado, provavelmente deveremos olhar para um possível cancelamento”, completou ele, em entrevista à Associated Press.

Segundo estimativas da OMS (Organização Mundial de Saúde), a epidemia de coronavírus já matou cerca de 2.600 pessoas ao redor do mundo, a maioria na China. Além de países asiáticos, já foram identificados casos na Europa. Apenas na Itália são 220 infectados e sete mortos. 


Nesta semana, Kuwait, Bahrein, Afeganistão, Iraque e Omã registraram seus primeiros infectados.

Torneios qualificatórios  para a Olimpíada  já tiveram de ser remarcados, como o de futebol feminino, levado de Wuhan, na China, para a Austrália. Mesmo com a transferência, as datas tiveram de mudar, porque a seleção chinesa foi obrigada a ficar um período em quarentena.

A Federação Internacional de Basquete mudou o Pré-Olímpico feminino de Soshan, na China, para Belgrado, na Sérvia, e o Mundial indoor de atletismo de Nanjing foi transferido para 2021. Todos os jogos de futebol no país asiático foram cancelados por tempo indeterminado.

O treinamento dos voluntários que vão trabalhar nos Jogos foi adiado por tempo indeterminado. 

Pound pondera que, pelas informações disponíveis por enquanto, quem deseja ir para Tóquio deve manter os planos. A Olimpíada receberá 11 mil atletas para o período de 24 de julho a 9 de agosto. Outros 4.400 devem estar na Paraolímpiada, de 25 de agosto a 6 de setembro.

Em mensagem enviada à agência de notícias AFP, a organização dos Jogos afirma que o cancelamento ou adiamento jamais esteve em pauta e que a programação continua como prevista.

“Nós nunca discutimos o cancelamento das Olimpíadas. A organização da Tóquio-2020 seguirá colaborando com o Comitê Olímpico Internacional e com órgãos relevantes em relação a quaisquer medidas preventivas que possam ser necessárias até lá. A prevenção de doenças contagiosas constitui uma importante parte no nosso plano de sediar os Jogos Olímpicos com total segurança”, diz o texto da assessoria do evento; 

A versão moderna dos Jogos Olímpicos, iniciada em 1896, foi cancelada apenas em 1940 e 1944, por causa da 2ª Guerra Mundial.

Para Pound, o futuro da Olimpíada em Tóquio não depende do COI, e sim do desenvolvimento ou não do coronavírus. “Se virar algo semelhante à gripe espanhola na questão da letalidade, então todos terão de tomar seus remédios”, completa, se referindo a medidas que podem levar ao cancelamento dos Jogos.

A gripe espanhola foi uma pandemia que, em 1918 e 1919, matou entre 50 e 100 milhões de pessoas ao redor do mundo.

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