A Caixa Econômica Federal considerou “inviável” a recente proposta feita pelo Corinthians para a quitação do débito referente ao financiamento para a construção da Neo Química Arena, em Itaquera.
Em resposta enviada ao clube no último dia 9 de janeiro, assinada por gerentes do setor de “Recuperação de Crédito Corporativo”, o banco estatal recusou os termos apresentados pelo departamento financeiro do ex-presidente corintiano Duilio Monteiro Alves. A oferta foi colocada cinco dias antes da última eleição no clube, em novembro.
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A informação foi divulgada inicialmente pela ESPN e confirmada pela Folha. A reportagem teve acesso ao documento em que a agremiação do Parque São Jorge propôs pagar R$ 531,51 milhões para a Caixa para quitar seu estádio.
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Procurado, banco informou que “não se manifesta sobre operações de crédito e estruturação de dívidas específicas, em razão do sigilo bancário previsto na LC 105/2001”. Em novembro, contudo, a instituição havia confirmado o recebimento de uma proposta do clube.
O banco acrescentou também que, “como instituição financeira, busca continuamente a eficiência, a sustentabilidade e a rentabilidade em suas operações comerciais, seguindo os ritos de governança e prezando por soluções que atendam aos interesses da CAIXA e de seus clientes”.
DUAS FONTES DE RECEITA
A proposta apresentada era baseada em duas fontes de receitas. Primeiro, o clube pretendia repassar para o banco o dinheiro recebido da Hypera Pharma no contrato de naming rights da arena. Além disso, a oferta previa, ainda, créditos que seriam adquiridos em contratos de FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais), que são como títulos de dívidas do Governo que a própria Caixa, gestora do Tesouro Nacional.
A ideia do clube era comprar esses títulos junto a empresas e repassar para o banco, na teoria, anulando o valor que era devido.
Na resposta enviada ao Corinthians, o banco explicou que não poderia aceitar o dinheiro do contrato com a Hypera porque o crédito não pertence formalmente ao clube, mas sim ao Arena Fundo de Investimentos, que atualmente é de propriedade do clube, e responsável pelo pagamento do financiamento.
De acordo com a Caixa, o dinheiro deste contrato não poderia ser usado para esse fim com base em um entendimento prévio da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
A ideia do clube era abater cerca de R$ 356 milhões da dívida da arena. Sobre os créditos FCVS, o banco informou ao clube que também “não são aptos aos fins pretendidos na Proposta de Quitação”. Com esses títulos, o Corinthians esperava abater mais R$ 175 milhões.
MANOBRA ELEITOREIRA
Na semana passada, o atual presidente alvinegro, Augusto Melo, criticou o fato de a proposta para quitar o estádio ter sido apresentada por Duilio Monteiro Alves às vésperas da eleição. Então membro da situação, o ex-mandatário apoiava o candidato André Luiz de Oliveira, o André Negão, derrotado por Melo.
Pessoas próximas de Augusto Melo classificaram o anúncio como uma manobra eleitoreira. Duilio, porém, chegou a afirmar que o acordo poderia ser confirmado ainda durante seu mandato. A análise da Caixa, no entanto, foi concluída somente na virada do ano, quando Melo tomou posse.
Agora, a nova diretoria deve procurar o banco nos próximos dias para iniciar uma nova negociação para a quitação do débito do financiamento.
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