Filho e neto de ex-presidentes do Paysandu, o engenheiro Antônio Valério Couceiro ou simplesmente Tony Couceiro, 47 anos, fazia planos de assumir o comando do clube daqui a um ano e meio. Mas, ele acabou, como toda a torcida bicolor, sendo surpreendido com a renúncia do ex-presidente Sérgio Serra, o que o obrigou, como um dos vices da gestão, a assumir o comando do campeão paraense para o cumprimento do restante do mandato do ex-companheiro da chapa Novos Rumos, grupo que comanda o Papão há três gestões.
Filho de Diogo Antônio Couceiro, uma das legendas na história do clube e que já fez de tudo pelo Paysandu, e neto de Waldemar Valério, outro ex-presidente bicolor, Tony diz que pretende imprimir alguma coisa pessoal a sua gestão à frente do clube. Contudo, ele ressalta que não haverá grandes surpresas. “Vou colocar alguma coisa minha, mas de um modo geral não deve mudar muita coisa, já que eu já era vice-presidente e pertenço ao mesmo grupo. Mas, de um modo geral, não deve mudar em coisas absurdas”, avisa. De acordo com o novo presidente bicolor, cujo mandato expira no final de 2018, as mudanças que ele pretende imprimir no clube atingirão não só o futebol. “Também tenho planos de mexer em alguma coisa da parte administrativa. Tudo para o bem do Paysandu”, anuncia. Sobre a forma como assumiu o comando do clube do coração, pelo qual já trabalhou como diretor de patrimônio e vice do Conselho Deliberativo, entre outras funções, Tony afirma: “Pra mim foi uma grande surpresa e, ao mesmo tempo, motivo de uma grande tristeza”, referindo-se à saída de Serra do cargo.
CORAGEM E FÉ
No entanto, as dificuldades não levaram o novo presidente a pensar em desistir da missão. “Não era assim que eu gostaria de assumir o clube. Mas se tudo isso aconteceu e eu estava na hora, então vamos procurar fazer o melhor”, conforma-se. Embora o time não ocupe uma boa posição na classificação da Série B do Brasileiro, Tony não perde a fé. “O torcedor tem razão de estar reclamando, mas nós dirigentes somos torcedores como todos os outros. Mas vamos lutar para tirar o Paysandu dessa posição em que estamos”, promete.
Setor que agora ganha mais atenção de Tony
Tony Couceiro admite que, ainda como vice de operações, teve pouca participação efetiva no departamento de futebol do Paysandu, até que o ex-presidente Sérgio Serra decidisse deixar o cargo. Mas, agora, como responsável pelo comando da agremiação, ele já vem colocando o dedo no departamento. “Comecei a me inteirar mais do futebol. A minha função de vice de operações fazia com que o futebol não fosse de minha responsabilidade e acabasse ficando em segundo plano”, salienta.
“Claro que eu acompanhava alguma coisa, participava, mas nada muito efetivo, em função de ter de dar atenção a outras necessidades do clube”, explica. “Agora estou me agregando ao futebol para ter voz ativa neste setor”, ressalta. Ao assumir o cargo, Tony procurou manter os dirigentes que já trabalhavam no setor, mas com reforços.
“Os três diretores que já faziam parte do departamento, que são o Abelardo, o Ivonélio e o Vitor, seguem com a gente e agora ganham a ajuda do Roger e do Raulzinho Aguilera. Ainda devo acrescentar mais alguém”, diz.
Coalizão em prol do bicolor
Tão logo assumiu o comando do Paysandu, ainda em meio ao calor da saída de Sérgio Serra, o atual presidente do Papão, Tony Couceiro, tratou de convocar ex-dirigentes do clube para arregaçar as mangas da camisa e trabalhar pelo clube. Hoje, ele conta ao seu lado com importantes colaboradores, como os ex-presidentes Alberto Maia e Vandick Lima, além de ex-diretores de futebol, entre eles Roger Aguilera.
A força tarefa montada pelo dirigente máximo do Papão, segundo ele, “deverá trazer mais força ao clube” para que, ao final da temporada, o clube possa festejar a sua volta à Série A do Brasileiro ou pelo menos a permanência na Série B. “Minha ideia é trazer mais pessoas para ajudar. Entendo que quanto mais pessoas estiverem colaborando é melhor. Com mais gente o Paysandu é mais forte”, discursa Tony.
TRABALHO CONJUNTO
Na avaliação do presidente, a montagem desse grupo de dirigentes para dar sustentação para a nova gestão comprova a união e a vontade de trabalhar pelo clube dos membros do grupo ao qual faz parte. “Acho que mostra que o grupo Novos Rumos tem força e que o Paysandu está no caminho certo”, afirma o presidente.
“Todos que tiverem disposição e tempo para trabalhar pelo Paysandu devem trabalhar pelo clube”, argumenta.
GRANA? TÁ CURTA, MAS DÁ PRO GASTO
O Paysandu, financeiramente falando, não navega em um “mar de rosas”, como imaginam muitas pessoas. O clube, porém, não tem dívidas que não possa pagar. Mesmo trabalhando na “unha” como diz o ex-presidente Sérgio Serra, a direção do clube tem conseguido honrar com os seus compromissos, conforme garante o presidente Tony Couceiro. “O Paysandu não deve nada pra ninguém hoje, mas assim como todo o País, o futebol está passando por uma crise”, observa.
O presidente ressalta que a folha salarial do elenco, apesar das arrecadações do clube não serem das mais positivas nos últimos jogos em Belém, está sendo paga normalmente. “Estamos pagando os salários em dia, sempre com muita dificuldade, mas procurando cumprir com nossas obrigações”, afirma. Mesmo sem que o cofre do clube esteja “bamburando”, a nova gestão bicolor tem dispensado e contratado jogador, o que exige recursos. “Essas mudanças dentro do elenco são normais. Existem clubes da Série A que vem buscar atletas da Série B, tem as janelas do exterior e casos de atletas que não deram certo”, justifica.
(Nildo Lima/Diário do Pará)