Os cálculos pipocam por aí, ao sabor do vento. Todo mundo projetando a caminhada mais tranquila rumo ao acesso. São diversas possibilidades e quase infinitas ponderações matemáticas. Os especialistas estabelecem um mínimo de 11 pontos para garantir a classificação no Grupo D. Um raciocínio mais simplista indica que o vencedor de hoje ficará com um pé no acesso, sem significar que o perdedor estará eliminado.

Trocando em miúdos. Em caso de um triunfo hoje à noite, o Remo atingiria quatro pontos em dois jogos, tendo mais dois confrontos em casa como mandante, contra Ypiranga e Londrina, além do segundo Re-Pa, e uma saída, para enfrentar o Ypiranga em Erechim (RS).

As perspectivas de acesso crescem enormemente para o vencedor tanto no aspecto técnico quanto no emocional, pois o entusiasmo decorrente da vitória também funciona como efeito anabolizante.

Da mesma forma, uma vitória do PSC seria um passo ainda mais significativo para garantir o acesso. O Papão iria a 6 pontos, com dois mandos a cumprir em Belém – Londrina e Remo – e dois compromissos fora, contra Ypiranga e Londrina. Amplas perspectivas, como se vê, de garantir a classificação à Série B.

É importante observar que o eventual derrotado no Re-Pa não ficará alijado da disputa. Para recuperar as chances, precisará triunfar no segundo clássico, em janeiro. O problema aqui passa a ser de natureza anímica. É normal que a derrota no choque-rei gere abatimento, o que pode afetar o comportamento nas próximas rodadas.

Um empate trará efeitos negativos, principalmente para o mandante Remo, pois abre chance para que gaúchos ou paranaenses se beneficiem. Por isso, a torcida paraense em relação a Ypiranga x Londrina deve ser pelo empate. Aliás, quanto mais empates, melhor – entre os sulistas.

Remistas e bicolores têm, além da preocupação óbvia com o acúmulo de pontos, a obrigação de realizar um grande jogo hoje, depois da vexatória apresentação na 18ª rodada, quando o placar de 0 a 0 soou como nota aos rivais pela grotesca encenação em campo.


A responsabilidade que paira sobre os dois times deve contribuir para um Re-Pa emocionante, com forças que se equivalem, embora o PSC viva momento ligeiramente melhor. Com nove jogos de invencibilidade, o time de João Brigatti conseguiu estabilizar a defesa e achou um novo trio ofensivo – Vítor Feijão, Nicolas e Marlon.

A partir de triangulações rápidas e velocidade pelos lados, o PSC vem avançando na competição, mesmo sem ter um meio-campo criativo, dispensando até a figura do meia-armador clássico.

O Remo tem a melhor defesa do campeonato (tomou 10 gols em 19 jogos) e busca alcançar o encaixe perfeito do ataque, que muitas vezes sofre por excesso de erros no último arremate. Sem Eduardo Ramos, cujo aproveitamento é incerto, a articulação fica com Felipe Gedoz, que luta para ser o jogador decisivo que a equipe precisa.

Com o equilíbrio entre zaga eficiente e ataque objetivo, o Re-Pa só não será mais empolgante porque ainda não é possível contar com a presença catártica das duas imensas torcidas, mantidas à distância pelos protocolos de prevenção à covid-19.

A fama sombria que atormenta Neymar

Como o Brasil é o Brasil, a terra dos patrioteiros, há quem tenha questionado a ausência de Neymar entre os finalistas do prêmio The Best da Fifa. Há quem coloque em dúvida os méritos de Robert Lewandowski para levar o troféu.

Para começo de conversa, Neymar participou de menos partidas que todos os principais concorrentes. Ao todo, fez 27 partidas na temporada 2019-2020. Lewandowski fez 47. Kevin de Bruyne jogou o dobro de vezes.

Além disso, Neymar teve sua trajetória atrapalhada por contusões, suspensões e ainda teve que encarar a abrupta suspensão do Campeonato Francês devido à pandemia.

Foi quase sempre brilhante quando jogou, marcando gols belíssimos e fazendo assistências inspiradas. Conduziu, ao lado de Mbappé, o PSG à final da Liga dos Campeões, um feito e tanto para o pouco valorizado time parisiense.

A Neymar faltou um item que encanta a maioria dos 140 jornalistas de todo o mundo que respondeu pela escolha dos melhores. O craque brasileiro não é exatamente um modelo de regularidade. É meio 8 ou 80, ou arrebenta com o jogo ou passa em branco.

A sensação é de que Neymar está sempre devendo um pouquinho. Estabelecemos um nível muito alto para ele e as exigências acabam atropelando o senso de justiça. Para quem sonha com o troféu de The Best, o cenário é preocupante.

Como os jornalistas eram os eleitores, vamos combinar, Neymar já entrou derrotado. A impressão geral sobre ele na grande mídia esportiva do planeta é de que, apesar do inegável talento, é também um “piscineiro” inveterado.

Acreditam que ele simula em excesso para um jogador de seu calibre. Os tombos teatrais na Copa da Rússia ainda cobrarão um alto preço. Neymar só será definitivamente anistiado quando fizer uma Copa impecável, sem cai-cai e liderando a conquista do título pelo Brasil.

Até que isso aconteça, a fama de fingidor será sempre maior que qualquer reconhecimento de seus méritos como jogador. É injusto, eu sei, mas é assim que funciona.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 22h, na RBATV. Análise do clássico e projeções para as próximas rodadas da Série C. O torcedor participa e concorre a camisas de Leão e Papão. Tommaso e este baionense compõem a bancada. A direção é de Toninho Costa.

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