“Certa vez o Paysandu precisava de apenas um gol, o jogo estava nos minutos finais e a bola sobrou nos pés do Terçado Voador e…”. O complemento da sentença anterior depende de quem conta a história. Ela tem muitos finais, muitas competições, alguns títulos ou jogos ordinários de meio de tabela.

Ídolo bicolor, o maranhense José Augusto da Conceição ganhou apelidos, títulos e o respeito eterno da Fiel. Hoje, o ex-jogador tem visto muitas comparações de seu estilo de jogo e trajetória com o atacante Danrlei, que vem se notabilizando por gols em momentos de aperto. Mas, é uma comparação válida? De acordo com Zé Augusto e outros ex-jogadores, sim. No entanto, o caminho do Robozão ainda é longo para igualar os feitos.

As comparações são quanto a estilo, carisma, a forma de encarar os jogos, mas no quesito números é difícil fazer um paralelo. O Zé da Fiel disputou doze temporadas com a camisa bicolor, algo quase impensável no futebol de hoje. Nesse período, foram 112 gols e onze títulos, abaixo somente de Quarentinha, mítico meia-atacante considerado o maior ídolo bicolor e, para muitos, o maior jogador paraense do século XX.

Em entrevista exclusiva ao Bola, Zé Augusto comentou sobre essa comparação, de como vê esse início de caminhada de Danrlei na Curuzu e se daria para montar um ataque no Papão com eles dois.

P: O Danrlei tem sido muito comparado a ti, pela raça, força física, nunca desistir e gols decisivos. O que tu achas dessa comparação?

ZA – Nós temos visto as pessoas falarem sobre isso. Eu fico feliz em ver o Paysandu ter a oportunidade de trazer jogadores regionais que se destacam. Tenho muito carinho pelo Danrlei. É um cara que veio do futebol amador para o profissional, sem base. A história dele, de vir do interior, de ser um cara humilde, parece muito com a minha. Ele mostra muita raça e determinação em campo e fico feliz quando vejo alguém aparecer com essas qualidades. Nosso futebol precisa de jogadores assim, pois precisa melhorar sempre e é bom ter jogadores identificados com o clube. Espero que ele possa continuar nessa caminhada e traga muitos frutos ao Paysandu. Se ele fizer isso, a torcida vai abraçar ele como um ídolo.

P: Já tiveste algum contato com ele? O que podes dizer do Danrlei?

ZA – Ainda não nos conhecemos, mas tenho certeza que vamos ter contato, sim. Costumo ir sempre à Curuzu, mas não tivemos a oportunidade de conversar. Se pudermos nos falar, poder dizer algo para ele, vai ser legal. Eu sei que é difícil sair de um time menor para um grande da capital. Eu torço muito por ele porque é legal ver alguém vencendo na vida. Torço para que ele faça muito sucesso, subindo de divisão com o Paysandu.


P: Nem sempre o jogador está num bom dia, mas a entrega e a raça é uma forma de compensar um dia ruim?

ZA – Nem sempre vamos estar num dia inspirado, ainda mais um jogador com algumas dificuldades técnicas. Quando é assim tem que se superar na raça e na vontade. Eu fiz muito isso em minha carreira e a gente vê que o Danrlei sempre procura correr muito, até exagera um pouco. É normal, quem está lá dentro quer resolver e o torcedor sabe reconhecer isso. Ele gosta do jogador que para fazer o gol pode até dar de cara com a trave, sem pensar duas vezes. Eu era assim, mesmo quando não estava bem eu dava o meu máximo em campo. É isso que o torcedor quer, alguém que o represente em campo.

P: Essa boa relação com a torcida tem consequência com o que acontece em campo? O jogador fica mais confiante?

ZA – O atleta quando está de bem com a torcida, a confiança aumenta, as coisas boas acontecem. Isso está se vendo com o Danrlei, com o José Aldo, com o Marlon, entre outros. Eles conquistaram isso com muito trabalho e a torcida do Paysandu sabe reconhecer isso, quando o jogador se doa. Então, a relação entre torcida e atleta, se estiver numa maravilha, aí tudo de bom acontece. Essa relação boa conta demais, dá muita confiança para tentar as jogadas.

P: Você passou várias temporadas no Paysandu e criou uma identidade com o clube pro resto da vida. Isso também pesou para essa condição de ídolo Fiel?

ZA – Não foram apenas as várias temporadas em que defendi o Papão, o que contou para que tenha esse carinho e respeito do torcedor foi a doação que sempre tive em campo, a raça apresentada. Além dos feitos desse tempo. Se fosse qualquer atleta que passasse mais de dez anos e não fizesse nada, não conseguiria ficar tanto tempo. Essa relação com a torcida do Paysandu e de outros clubes foi pelos gols decisivos, pelos títulos conquistados. Hoje, apenas o Quarentinha tem mais títulos que eu no Paysandu. Isso é fruto de muito trabalho.

P: Como seria um ataque formado por Robozão e Terçado Voador?

ZA – Com certeza seria um ataque de muita vontade, raça e gols. Mesmo com o Danrlei iniciando sua trajetória no Paysandu, ele tem feito gols na hora certa. Seria uma dupla que daria muito trabalho, ia ter sorte e merda de vez em quando (risos), mas gols decisivos, títulos e alegria para o torcedor não ia faltar.












|













Texto Auxiliar:
Alinhamento Texto Auxiliar:
Link Externo:
Alinhar à esquerda:
Alinhar à direita:
Alinhar ao centro:
Fullscreen:
Fullscreen Exit:


ÍDOLOS BICOLORES COMENTAM AS SEMELHANÇAS ENTRE ZÉ E DANRLEI


Alguns ex-jogadores do Paysandu, que estiveram ao lado de Zé Augusto no melhor momento do time em sua história, também falaram das semelhanças entre Terçado e Robozão. Todos destacam o poder decisivo de ambos, assim como o carisma que eles têm. Mas, sempre fazendo a ressalva quanto ao que já foi feito por Zé Augusto.

“Essa comparação é justamente pela maneira aguerrida dos dois. O Zé foi sensacional, pois além da garra, ele sempre fez gols importantes. O Danrlei tá seguindo o mesmo caminho e espero que chegue ao nível do Zé”, Vandick Lima, ex-centroavante e ex-presidente bicolor.

“Acho que tem algumas semelhanças, sim. É o tipo de jogador que a Fiel gosta. Tecnicamente eles têm características diferentes. O Zé tinha um aproveitamento muito grande pelo posicionamento, era um finalizador. O Danrlei prepara mais as jogadas, faz o pivô que o Zé não fazia. São dois jogadores que correm e brigam os 90 minutos, muito competitivos. O Zé não desistia nunca. A comparação é mais pelo carinho da torcida, mas tecnicamente os dois são diferentes”, Rogerinho Gameleira, meio-campista e único jogador bicampeão brasileiro pelo Papão.

“Já vi jogos do Danrlei e ele tem tudo para ser um grande jogador e ídolo como foi o Zé Augusto. O Zé era um talismã, sempre que entrava fazia gols e muitos deles importantes. Ele sempre foi um jogador carismático para a torcida, para os companheiros e os treinadores. Vejo um pouco disso no Danrlei, também. O Zé é um ídolo eterno como muitos daquela geração”, Sérgio Pereira, ex-zagueiro de Papão, Leão e Lusa.

Read More

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário!
Digite seu nome aqui