Aos 20 anos, o volante Willyam vive uma situação rara entre jogadores mais jovens em clubes de Belém. Titular absoluto e já nas graças da Fiel, o jogador vem sendo um dos destaques do Paysandu nesse início de temporada. Forte e veloz, chegou ao profissional já com uma compleição física suficiente para encarar as agruras da posição. É uma aposta do clube, que viu o meio-campista chegar com pouco mais de 18 anos para testes na Curuzu, para negócios futuros. Mas, hoje, ele já é uma realidade.

Mesmo ainda prestes a fazer 21 anos, o maranhense Willyam Gustavo Pinto tem história para contar. De defender dois dos clubes grandes da capital maranhense à tentativa em clubes do Rio de Janeiro, onde as dificuldades financeiras foram mais fortes até mesmo que a violência para fazê-lo voltar.

Quando já pensava em parar, apareceu a oportunidade de fazer testes na Curuzu. Ele foi bem e já no ano passado estava integrado ao elenco profissional, tendo entrado em campo contra o Figueirense-SC, na última rodada da Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado.

Mesmo com a vaga no time de cima e as boas atuações, o técnico Dado Cavalcanti ressalta a necessidade de melhora e de paciência com Willyam, dizendo que provavelmente haverá oscilações no desempenho dele em decorrência da pouca idade. “O Willyam é um garoto muito tímido e introvertido, mas é humilde e escuta por onde tem que melhorar e tem evoluído bastante. É um jogador de muito potencial e que está em evolução. A experiência do profissional é muito mais intensa”, diz Dado Cavalcanti. “É um processo constante e não definitivo. Essa evolução tem que acontecer a todo momento. São muitas informações que têm que ser colocadas aos atletas e não podem ser dadas todas de uma vez, não encher a cabeça do jogador com muitas informações”, completa o treinador.

O comandante bicolor ressalta que, pela idade, é normal que Willyam venha a ter erros condizentes com a idade e que tem que ser trabalhados. “Ele tem também que ter a liberdade para cometer os erros da adaptação de um garoto da base aos profissionais, que são normais. Desses erros tem que vir os acertos mostrar quais as correções a serem feitas”, Dado Cavalcanti.


A seguir, Willyam fala do seu começo no Paysandu, de quando pensou em parar, da violência diária nas grandes cidades e do novo momento na Curuzu.

P Depois do jogo contra o Castanhal o Dado comentou sobre a sua boa fase, mas pediu paciência porque você tem muito a melhorar. No que você acha que tem que melhorar ainda?
R O Dado conversou comigo, disse que tenho muito a melhorar e evoluir. Eu acho que tenho que melhorar na saída de bola, principalmente. Estou começando agora, ganhando experiência e acredito que vou evoluir mais. Isso é importante para um volante e com a prática vem essa evolução.

P Você chegou com 19 anos na Curuzu. Conte como foram as outras tentativas em outros clubes.
R Vim do interior do Maranhão para fazer testes no MAC-MA. Fui bem, mas não cheguei a disputar nenhuma competição. Estava adiantado na categoria sub-20 e não joguei. No Moto Club-MA fui campeão maranhense sub-20 e disputei Copa Nordeste da categoria. Cheguei a parar e depois voltei ao Moto. Nisso estava estudando e tive a oportunidade de ir ao Rio de Janeiro. Estava com 17 anos, com mais cinco garotos do Maranhão. Depois de um mês a gente não achou clube, pois fomos tentar a sorte. Fomos acolhidos, mas depois de três semanas queriam nos colocar para fora. Depois, fomos a um morro e fizemos testes em alguns clubes, mas o gasto com passagens era grande. Depois fui ao Tigres-RJ e fiquei lá quatro meses. Na volta para casa resolvi não voltar. Fui ao Espírito Santo, no Real Noroeste-ES, mais quatro meses e mais uma vez voltei para casa para não jogar mais bola. Fiquei seis meses parado quando resolvi treinar por conta própria. Foi quando apareceu a oportunidade de vir para cá e agradeço a Deus por essa chance.

P Diante das dificuldades, em algum momento pensou em desistir do futebol e tentar outra profissão?
R Pensei várias vezes em parar. Quando voltei do Espírito Santo estava para terminar minha fase de sub-20 e estava desanimado. No Maranhão, meus amigos me incentivavam a voltar, mas procurei trabalhar. Mas sempre pensei em voltar a jogar, por isso não pensei duas vezes quando apareceu essa chance de vir para cá.

P Você chegou a ir ao Rio de Janeiro. Qual foi o clube e como foram esses dias?
R Foi uma baita de uma experiência. Nunca tinha vivido as coisas que tive lá. Fiz testes do Artsul-RJ, que é um clube de empresários, no Bonsucesso-RJ, mas não tinha nenhum dinheiro e as passagens custavam muito para a gente. Fiquei mais tempo no Tigres, de Xerém, mas tive problemas com documentação. As dificuldades eram muito grandes.

P Você chegou a ter problemas com a violência no Rio de Janeiro?
R Tive problema, mas de ver muitas coisas na favela, traficante andando na rua com arma. Eu e meus amigos chegamos a ser ameaçados por traficantes armados, disseram que iam nos matar, pois achavam que estávamos fazendo fotos lá. Felizmente apareceu uma moça lá dizendo que nos conheciam, caso contrário iam nos matar. Teve uma vez que os traficantes assaltaram um caminhão de cerveja para um baile e deixaram do lado de casa. A polícia foi lá e achava que era a gente, pois éramos um bocado de garotos, vindo de fora, bagunçaram toda a casa que estávamos, mas felizmente não nos agrediram.

P Quem são os jogadores da sua posição que você mais se inspira?
R Nem é da minha posição, mas gosto demais do Pogba. Ele é f…. Gosto demais do estilo de jogo dele, procuro acompanhar sempre. Da minha posição vejo Casemiro, Paulinho, Elias. Mas o melhor de todos é mesmo o Pogba.

P Você é o mais novo do seu setor e vem sendo titular. Como é o relacionamento com os mais experientes?
R É minha primeira experiência profissional e com gente com rodagem. O que os mais velhos me dizem para fazer eu procuro obedecer. Tenho gostado demais dessa experiência, continuar nessa pegada e evoluir mais e mais.

P Tem algum deles que converse mais contigo, que te dê conselhos?
R Tem o Diego (Ivo), que concentramos juntos. Ele me dá muito conselho, é muito experiente e joga perto de mim. O Nando (Carandina) também conversa comigo e me ajuda, mas quem mais me procura mesmo é o Diego.

(Tylon Maués/Diário do Pará)

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