Em seu retorno ao Palmeiras, Vanderlei Luxemburgo mostrou que, se o assunto for entrevista, não há como questionar sua boa forma. Bem-humorado na apresentação, nesta sexta-feira (20), o experiente treinador admitiu que se emocionou nesta volta à Academia de Futebol.

O técnico destacou, ainda, que o mais importante para que sua nova empreitada dê certo não é necessariamente o esquema tático, mas o que entende por DNA nacional, de liberar os jogadores para atuar com o “empirismo brasileiro”.

O comandante usou frases que já viraram sua marca registrada e ressaltou que não é contra as modernidades. Ele ponderou que nem tudo que é novo é essencial para que o time consiga ser campeão. Contratado por dois anos, ele levou boa parte da família para o CT para acompanhar toda a entrevista.


“Não sou contrário à modernidade. Eu preciso saber o que ela presta para a gente. Na minha área, vendo esquemas táticos que a gente vê hoje aí, eu percebo que o mais diferente é a intensidade e o dinamismo, que são muito diferentes. O que oferecem para se condicionar melhor e não correr mais sete quilômetros, mas 12. Nós acompanhamos essa modernidade, também na parte tática”, afirmou Luxemburgo.

“A maior revolução tática do mundo foi em 1970 pelos brasileiros na Copa. Tenho quase 70 anos e estou com saúde para dar treinamento, para estar no campo, e tenho a experiência. Você não fica ultrapassado como tentam rotular. Você fica mais experiente, sábio, na profissão. Estou preparadíssimo para essa modernidade”, disse.

Foi aí que o novo velho treinador do Palmeiras fez questão de pontuar uma diferenças do futebol nacional em relação ao que se pratica no exterior que supostamente interfere em qualquer trabalho. Para ele, o sucesso nos gramados daqui tem mais a ver com a técnica do que a tática. “Estamos preocupados em falar em esquema tático e nos esquecendo que o Brasil é empírico, é diferente. Se a gente perder essas características vamos ficar igual robôs”, afirmou.

“Nós ganhamos porque nós driblamos, porque a gente faz coisas diferentes. Quando dá o pontapé inicial, adeus 4-2-3-1 e o que for. Cada um vai para um lado. O analista de desempenho mostra aquele catatau de coisa e, às vezes, você precisa extrair o que serve mesmo. O Dudu vai toda hora da direita para esquerda, da esquerda para direita, por dentro e por fora. Eu quero que essa coisa não se perca. A essência do Brasil é não estar preocupado com esse número, isso de 4-1-4-1, 4-2-3-1… Tem que ficar girando dentro de campo”, ponderou.

Vanderlei Luxemburgo não quis se aprofundar na análise do elenco do Palmeiras e não deu pistas sobre como pretende usar os jogadores mais contestados pela torcida, como Deyverson e Lucas Lima, por exemplo. Ele também evitou falar de mudanças de funções de outros jogadores, como no caso de Felipe Melo, que já foi citado por ele mesmo em outras entrevistas antes de retornar ao time alviverde como possível zagueiro.

Outro assunto que foi evitado pelo treinador foi a comparação com Jorge Jesus, além da rivalidade que cada vez mais acirrada do Palmeiras com o Flamengo. “Não vou rivalizar com o Flamengo, vai ser com o futebol brasileiro. Eu tenho que ganhar dos clubes que vão disputar comigo. Não vou direcionar para o Flamengo, e depois posso perder para o Ceará, para o Fortaleza… Eu vou direcionar para o Palmeiras”, explicou.

“Essa discussão de influência da Europa é eterna, né? O Jesus agora ganhou. Mas se você pegar nos últimos anos, qual foi o estrangeiro que ganhou aqui? É o mérito todo dele hoje. Não quer dizer que vai ganhar no ano que vem também. O Jesus ganhou esse ano, o Mano já ganhou, o Felipão já ganhou, o Carille ganhou, o Tiago Nunes ganhou… Pode ser sul-americano, europeu, vai ganhar alguém. Nós damos os parabéns para ele e para o Sampaoli, porque os dois vieram e fizeram bons trabalhos, mas vida que segue. Não temos como comparar”, finalizou.

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