O jogador Rony, da SE Palmeiras, em jogo contra a equipe do Santos FC, durante partida válida pela oitava rodada, do Campeonato Paulista, Série A1, no Estádio do Pacaembu. (Foto: Cesar Greco)

E a TV rebatizou Rony

Algumas presepadas da narração de futebol na TV são inconcebíveis, tanto pela falta de inspiração quanto pelo desrespeito evidente. Rony, atacante rápido e habilidoso, sem qualquer característica de agressividade grosseria na maneira de jogar, vem sendo carimbado pelo locutor Téo José (SBT) com o tosco apelido de Rony Rústico.

O jogo seguia animado em Buenos Aires, o Palmeiras vencia o River Plate – com o gol de abertura marcado por Rony – e a bola é lançada para o ataque. Com aquela pose de quem está abafando, o locutor se esgoela: “É Rony! Rony Rústico na bola, minha gente!”.

Um despropósito com o profissional, uma afronta à lógica das coisas e um óbvio tom preconceituoso. Antes do jogo do Palmeiras, eu ainda não tinha tido o desprazer de acompanhar uma jornada da Libertadores pelo SBT. Lá no fundo, pressentia que não ia gostar da experiência.

Foi pior do que eu esperava. Com Jorginho, pastor nas horas vagas, e Mauro “sem palavras” Beting comentando, Téo José tentava encaixar uma piadinha a todo instante, sem a verve de um Sílvio Luís. A inspirada atuação do Palmeiras dispensava artifícios.

Narrador gaiato brilha em jogos ruins, quando a bola é castigada e o telespectador pode se distrair. O clássico dispensava coadjuvantes midiáticos. Bastava descrever o que acontecia em campo. E aconteceu muita coisa, tanto que o Palmeiras meteu três gols e podia fazer mais.


O ponto mais bizarro da noite foi a matéria de intervalo, quando Rony foi o destaque, ao lado de seu “pai” (assim apareceu na legenda) e empresário Hércules. Em meio a variadas citações bíblicas, por parte do atacante e de seu mentor, o exótico apelido virou tema principal.

Descobri que Rony, espantosamente, acha lindo ser chamado de “rústico”. Pareceu até agradecido pela alcunha. Téo José explicaria depois que teve a brilhante ideia a partir de uma velha música da Blitz. Estou tentando compreender até agora qual seria a ligação entre o garoto bom de bola e o pop inofensivo da banda carioca.

A reportagem, do gênero jornalismo piadista que assola a cobertura esportiva, não fez nenhuma menção ao Pará e às agruras que Rony teve que atravessar no começo da carreira. Também não houve muita preocupação em corrigir as críticas impiedosas que ele teve que engolir no esquema atrapalhado de Vanderlei Luxemburgo em seu início no Palmeiras.

Não apareceu ninguém para analisar o motivo da transfiguração. Em dois meses sob o comando do português Abel Ferreira, ex-Braga, Rony recuperou o futebol ágil e insinuante dos tempos de Atlético-PR quando entortava todos os zagueiros que via pela frente.

No Palmeiras atual, agora cantado em prosa e verso, Rony tem cinco gols assinalados na Libertadores e 12 assistências. É o melhor jogador do time na campanha que deve levar o Verdão à decisão do torneio continental.

Téo José talvez não saiba, mas o apelido talvez tenha mais a ver com a tortuosa transação que tirou Rony do Remo em 2015, na gestão de Pedro Minowa. De fato, a negociata foi tão rústica que até hoje não há uma explicação decente para o traço que o Leão tomou.

Reinauguração do Mangueirão terá jogo da Seleção

A visita que o governador Helder Barbalho fez à CBF, ontem, no Rio de Janeiro, foi muito mais objetiva do que pode parecer. A intenção era reafirmar e oficializar o pedido à entidade para marcar um jogo da Seleção Brasileira na inauguração do reformado estádio estadual Jornalista Edgar Proença (Mangueirão), em 2022.

As obras começam em março e serão finalizadas em 18 meses, com data de entrega prevista para agosto de 2022, ano de Copa do Mundo. Como as Eliminatórias Sul-Americanas já terão terminado, restará o período de amistosos preparatórios para o Mundial do Qatar, que será disputado em novembro e dezembro.

Rogério Caboclo, presidente da CBF, recebeu Helder e o presenteou com uma camisa do escrete. Na conversa, ficou alinhavada a vinda da Seleção a Belém para abrilhantar o novo estádio estadual, que passará pela mais profunda reforma de sua história.

Helder expôs os planos de revitalização do Mangueirão a Caboclo, que estava acompanhado pelo coronel Antonio Carlos Nunes, vice-presidente, que também participou do encontro.

Como manda a tradição do Re-Pa, bastidores fervilham

Além das dúvidas sobre a escalação de Rafael Jansen e Uchôa, o torcedor começa a ser brindado com as muvucas próprias do maior clássico da Amazônia. Não há Re-Pa sem guerrinha de nervos ou boataria para espalhar suspeições e desconfianças. Até domingo, às 18h, muita conversa ainda vai rolar pelas ruas, esquinas e bares da cidade.

O tema em debate é a suposta contratação de uma equipe de filmagem pelo PSC para acompanhar exclusivamente a atuação do árbitro Wilton Pereira Sampaio e do 4º árbitro, Andrey da Silva e Silva.

Ninguém mostrou o contrato ou divulgou o nome de tal firma, o que só reforça a impressão de fake news. Um jornal divulgou a história, acrescentando que a diretoria bicolor teria mais preocupações com Andrey, “inseguro” demais, segundo uma fonte não identificada.

A reação foi imediata. Com a memória em forma, Fábio Bentes, presidente do Remo, lembrou que Wilton Sampaio apitou o Re-Pa do Parazão, expulsando o remista Fredson e aliviando com o bicolor Micael. Como se vê, nada que vá afetar o andamento da partida, que pode definir acesso à Série B, mas na dose certa para agitar os clubes e atiçar as torcidas.

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