O engenheiro Sérgio Tadeu Ferreira Serra, 45 anos, não é mais presidente do Paysandu. Eleito no final do ano passado para comandar o clube no biênio 2017/2018, o dirigente entregou a sua carta-renúncia ao Conselho Deliberativo. Em seu lugar assume o vice de operações, o também engenheiro Tony Couceiro, que, assim como Serra, faz parte do grupo Novos Rumos, que tem o comando do clube há oito anos.

O comunicado da saída do presidente aconteceu ontem, por volta das 11h30, no estádio da Curuzu, em coletiva da qual participaram além de Tony Couceiro, o vice-presidente de gestão, Ricardo Gluck Paul, o presidente do Conselho Deliberativo, Paulo Maciel, e o presidente da Assembleia Geral, Antônio Maciel. Serra vinha evitando falar com a imprensa, desde a derrota do time diante do Londrina-PR.

Embora tenha demonstrado grande dedicação ao clube, desde a época em que esteve no cargo de vice-presidente nas gestões de Vandick Lima e, depois, Alberto Maia, o, agora, ex-presidente cometeu alguns equívocos que acabaram contribuindo para a pífia campanha do Paysandu na Série B do Brasileiro, mas que, em hipótese alguma, justificam a atitude covarde de dois pseudo torcedores do clube, que ameaçaram de morte, em praça pública, o dirigente, a mulher dele e o filho do casal, que é autista.

Serra acabou não suportando as cobranças dos torcedores, alguns deles extrapolando os limites da racionalidade, no caso dos agressores. Para que o time chegasse praticamente ao fundo do poço, estando bem próximo da zona de rebaixamento, após um início de campeonato surpreendente, alguns erros foram cometidos pela gestão de Serra e que podem ser apontados como responsáveis pela fraca campanha no campeonato e, consequentemente, a insatisfação da Fiel.


Os erros cometidos pela gestão do ex-presidente do Papão começaram bem antes de a bola rolar em 2017, com a formação do elenco. O fato de o time ter sido campeão estadual e, por pouco, não ter “abocanhado” o bicampeonato da Copa Verde, criaram na direção bicolor a ilusão de que bastariam algumas contratações sem “pedigree” para que a equipe fizesse boa campanha na Série B, tendo como resultado final a subida para a Série A, como ocorreu em 1991 e 2001, épocas bem diferentes da de hoje.

Mas os pecados cometidos pela diretoria bicolor, capitaneada por Serra, não se limitaram, no entendimento daqueles que acreditam conhecer futebol, às contratações equivocadas de jogadores. A própria vinda do técnico Marcelo Chamusca em nenhum momento conseguiu cair no gosto do torcedor, que não via no treinador predicados suficientes para reconduzir o Papão à elite do futebol brasileiro. O tempo se encarregou de mostrar que, mais uma vez, o torcedor sensato tinha razão, com Chamusca tendo dado início a via crúcis percorrida até agora pelo time.

Um título, um vice e apenas uma boa contratação

Em sua breve passagem pelo comando do Paysandu, o ex-presidente Sérgio Serra também teve pelo menos alguma coisa para comemorar: a conquista do Parazão 2017 e justamente em cima do maior rival, o Clube do Remo. Tudo bem que o título estadual já não tenha mais o mesmo peso que tinha até a década de 1980, deixando, portanto, de ser a grande meta dos clubes locais, sobretudo dos chamados titãs.

Na Copa Verde, mais por um erro de avaliação do treinador da época, Marcelo Chamusca, do que da diretoria, o Papão acabou ficando pelo caminho, deixando escapar a chance de levantar pela segunda vez o título do torneio e, assim, se credenciar a entrar direto nas oitavas de final da Copa do Brasil, sinônimo de alto rendimento financeiro ao clube, como aconteceu este ano no jogo contra o Santos-SP.

Se pecou na maioria das contratações que fez, algumas delas avalizadas pelo treinador de plantão, Serra, é bom que se diga, também teve o mérito de apostar na vinda do zagueiro Perema do futebol de Santarém, contrariando a opinião de muitos torcedores e até mesmo de alguns dirigentes do clube. Hoje o atleta é um dos poucos contratados este ano a se salvar no elenco do clube.

(Nildo Lima/Diário do Pará)

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