Hoje é dia de reações apaixonadas, torcer como nunca, ficar rouco de tanto gritar, apoiar e esbravejar. Ficar feliz ou ficar triste. Tudo dependerá daqueles 22 jogadores em campo. Se um jogo normal já desperta tais sensações, em um clássico tudo é potencializado. Só quem já foi a um Re-Pa sabe o quanto ele mexe com o imaginário do povo paraense. E é algo que jamais vai morrer, pois a cada ano novas gerações de torcedores são formadas. Apaixonados como os adultos, mas com aquele brilho nos olhos de quem está descobrindo o amor por um clube e, também, a rivalidade. Com o adicional de uma bem-vinda inocência, que deixa de fora todo o lado nocivo e violento do esporte. Assim, quando a bola rolar, às 16h, no Mangueirão, não se espante ao ouvir vozes infantis entoando “Leão” e “Papão”, afinal, nessa hora os pequenos também se agigantam.

“A minha primeira vez em um estádio foi na estreia do Remo, agora no campeonato, no jogo contra o Bragantino. Fiquei encantada com aquele mundo de torcedores”, relembrou a azulina Vitória Maria Moraes, de apenas 8 anos. Ao seu lado, Bernardo Ribeiro, de 5 anos, não largava a bola: “Foi emocionante”, não escondendo a timidez que ainda o cerca, típica da tenra idade. “Fiquei nervoso”. Mas, claro, nem isso impedia o seu sorriso ao falar do Clube do Remo.

Claro, eles ainda podem não entender completamente as regras, não têm decorado os nomes dos atletas, desconhecem as cifras que envolvem o jogo ou os complicados bastidores, contudo falam a língua universal do futebol e isso lhes permite extravasar as emoções e os deixam fascinados pelos gols, pelas vitórias. Por isso, a responsabilidade dos atores do espetáculo em campo só aumenta. Afinal, eles também estão à procura de um ídolo. Quem se habilitará? Candidatos não faltam: Pedro Carmona, Fábio Matos, Isac, Felipe Marques… Os times prometem, como não poderia deixar de ser, força máxima.


É bom eles se esforçarem mesmo, pois o bicolor Carlos Henrique Souza, do alto dos seus 8 anos, por exemplo, diz que já perdeu as contas de quantas vezes foi aos jogos do Papão e ainda está à espera de alguém que lhe faça sorrir tanto quanto o último artilheiro do time. “Não lembro ao certo quantos jogos já fui, mas sei que um dos meus ídolos ainda é o Bergson”, ressaltou o pequeno. Mais nova, Maria Luiza, de apenas 5 anos, ainda não foi ao estádio, mas não perde a oportunidade em cantar o hino completo do Paysandu e ainda se orgulhar de ter uma coleção de camisas. “Quero muito assistir um jogo na Curuzu e ver meu Papão ganhando do adversário”, enfatizou. Se o seu time ganhar o arquirrival neste domingo, essa vontade só tende a crescer.

E do outro lado é do mesmo jeito. Essa é a magia e a beleza do clássico. As forças se equivalem, se renovam; e Remo e Paysandu continuarão, indefinidamente, sendo essas entidades onipresentes no Pará. Seja quem for o vencedor de hoje, uma coisa é certa: o futebol já saiu vitorioso.

(Carlos Eduardo Vilaça e K.L Carvalho/Diário do Pará)

 

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