ansiedade e a expectativa pela Copa do Mundo 2018 eram grandes às vésperas do torneio. A novidade do árbitro de vídeo, um país sede com cultura bem peculiar, investimento em estádios jamais visto na história, a oportunidade do hexa para o Brasil, Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar, Salah, Kane, Suárez, Mbappé, o esquadrão belga… Enfim, não faltavam motivos para querer logo a chegada do Mundial da Rússia.

Mas, assim como o relógio parece correr com um bom jogo de futebol, a Copa também já se afunila sem que boa parte dos fãs se deem conta. Em 15 dias de jogos, se deu por encerrada nessa quinta-feira a primeira fase, a fase de grupos, onde todas as 32 seleções fizeram três jogos cada.

Entre emoções, percebidas principalmente diante dos choros de iranianos e alemães e da festa dos panamenhos, até as polêmicas e curiosidades com a novidade do uso da tecnologia no auxílio à arbitragem, a Copa do Mundo da Rússia viveu um período marcante e que vai ficar registrado na história do futebol.

Por isso, a Gazeta Esportiva traz aqui um balanço do que foi a primeira fase, esses 15 dias iniciais da principal competição entre nações que envolve o esporte mais popular do planeta.

Classificados
A Copa do Mundo começou com 32 seleções participantes. A partir de agora, fase de oitavas de final, apenas 16 seguem vivas. A outra metade já está cada uma em sua terra natal.

Das 14 equipes europeias, 10 sobreviveram. Entre os sul-americanos, quatro permaneceram e só um voltou para casa. Diferente da Ásia, que também levou cinco representantes e viu quatro ficarem pelo caminho. Da América do Norte, Central e Caribe, só sobrou uma seleção três que chegaram à Rússia. O pior desempenho foi dos africanos, que tiveram suas cinco deleções eliminadas antes das partidas eliminatórias.

Artilheiros
Ninguém marcou mais gols que Harry Kane até aqui. O inglês balançou as redes cinco vezes, uma a mais que o português Cristiano Ronaldo e o belga Lukaku. O russo Cheryshev e o brasileiro naturalizado espanhol Diego Costa deixaram suas marcas em três oportunidades. Com dois gols a lista de jogadores é grande e tem o camisa 11 da Seleção Brasileira, Philippe Coutinho como destaque.

Pênaltis/VAR
A Copa do Mundo da Rússia ficará marcada para sempre como a pioneira no uso da tecnologia para lances interpretativos.

O auxílio à arbitragem que sequer gera polêmica e tem 100% de eficácia diz respeito aos lances de dúvida na linha do gol. Em pelo menos três oportunidades dessa primeira fase o juiz foi salvo pelo relógio que lhe avisa quando é gol ou não. Essa tecnologia, no entanto, não chega a ser uma novidade, pois já foi usada no Brasil, há quatro anos.


Por outro lado, o VAR (árbitro de vídeo), esse sim, foi testado pela primeira vez em uma Copa do Mundo esse ano. E o primeiro reflexo notório das decisões revisadas pode ser percebido na quantidade de pênaltis assinalados.

Até então, a Copa com maior número de penalidades marcadas era a do Japão e da Coreia do Sul, em 2002, quando os árbitros apontaram a marca da cal 15 vezes. Na Rússia, só na primeira fase, 24 pênaltis já foram marcados, sendo que nove deles tiveram influência direta do VAR.

O VAR e o monitor de campo também serviram para os árbitros anularem pênaltis, corrigirem erros de impedimento, validarem gols antes anulados e para punir eventuais agressões, mas em nenhum desses casos o auxílio foi tão recorrente quanto para a decisão de marcar pênaltis.

Gols
Os 48 confrontos da primeira fase da Copa do Mundo tiveram média de público de 45.394 torcedores e geraram 122 gols, o que dá uma média de 2.5 gols por partida. Dos nove empates até aqui, só houve um 0 a 0, entre França e Dinamarca.

E se essa é a Copa dos pênaltis por VAR, essa também tem sido a Copa dos gols nos acréscimos. Em nenhum outro período dos jogos na Rússia ocorreu tantos gols quanto a partir dos 45 minutos da etapa final. Foram, ao todo, 32 gols marcados após o tempo regulamentar.

Ainda sobre bola na rede, 88 gols aconteceram depois de finalizações de dentro da área. Só 10 foram anotados de fora da grande área e seis em cobranças de falta, além de 18 gols de pênalti.

O melhor ataque da Copa do Mundo é o da Bélgica, com nove gols marcados. A defesa mais vazada foi a do Panamá, que levou 11 gols em três desafios. Os belgas também aparecem ao lado de Uruguai e Croácia como as seleções que conseguiram 100% de aproveitamento na primeira fase (nove pontos: três jogos e três vitórias).

O ‘prêmio’ de pior ataque é bem mais concorrido. Nada menos do que 13 seleções se despediram da Rússia com apenas dois gols marcados. São elas: Alemanha, Islândia, Arábia Saudita, Costa Rica, Dinamarca, Egito, Irã, Austrália, Marrocos, Panamá, Peru, Polônia e Sérvia.

Seleção Brasileira
O Brasil conseguiu sua vaga às oitavas de final depois de empatar por 1 a 1 com a Suíça e vencer Costa Rica e Sérvia pelo mesmo placar: 2 a 0. A equipe comandada por Tite somou sete pontos e avançou na liderança do grupo E, à frente dos suíços, para enfrentar o México, em confronto marcado para às 11h (de Brasília) da próxima segunda-feira.

Philippe Coutinho foi “o cara” da Seleção pentacampeã nessa primeira fase. Dentro do elenco brasileiro, ninguém fez dois gols como ele ou acertou mais passes que o camisa 11. Foram 188 toques certeiros para os companheiros. Um deles, aliás, originou o belo gol de Paulinho na última rodada.

Neymar, tão criticado e questionado pelo o que tem feito em campo, é o jogador que mais errou passes na Seleção Brasileira: 19. O camisa 10, autor de um gol, também lidera os rankings de finalizações: oito certas e oito erradas.

Como já era de se esperar, o craque do Paris Saint-Germain é o jogador do Brasil que mais sofreu faltas: 17, média de 5.6 por jogo. Por outro lado, ninguém fez mais faltas que Miranda no grupo verde e amarelo. O zagueiro parou os adversários de forma irregular cinco vezes.

No quesito desarmes certos, o sistema defensivo de Tite comprova sua harmonia com o empate entre Miranda, Casemiro e Fagner. O trio conseguiu interceptar, cada um, seis jogadas dos rivais de uma forma eficiente para a equipe.

Curiosidades
Foram apenas 15 de jogos, mas já suficientes para uma série de acontecimentos curiosos e marcantes.

Foi na Rússia que o egípcio El Hadary se tornou o jogador mais velho a entrar em campo em uma Copa do Mundo. O goleiro bateu o recorde na derrota para a Arábia Saudita por 2 a 1, mas defendeu uma penalidade nessa mesma partida aos 45 anos, cinco meses e 10 dias.

Também foi em território russo que Lionel Messi e Cristiano Ronaldo falharam em cobranças de pênaltis. Ambos pararam em defesas dos goleiros. O argentino errou contra a Islândia e o português decepcionou diante do Irã. Nas duas situações o VAR foi determinante para a marcação da penalidade. A ressalva é que Cristino Ronaldo teve uma oportunidade a mais que seu principal concorrente, pois também teve a chance de bater pênalti diante da Espanha, quando não vacilou e mandou a bola para as redes.

Falando em fracasso de artilheiro, a Polônia, depois de campanha incrível nas Eliminatórias Europeias, foi despachada da Copa do Mundo sem contar com um único gol de Robert Lewandowski, que na campanha de classificação ao Mundial bateu recorde com 16 tentos anotados.

A seca de Lewandowski é compartilhada por Gabriel Jesus. A diferença é que o camisa 9 do Brasil ainda terá chance de findar seu jejum nesse Mundial. Mesmo assim, passar a primeira fase zerado representa uma marca inédita para um centroavante da Seleção Brasileira na Era Moderna das Copas. Desde 1966 o Brasil não via sua referência no ataque passar em branco na fase de grupos.

Fase de grupos essa que traumatizou os alemães. A conquista da Copa do Mundo de 2014, com direito a um memorável 7 a 1 em cima dos donos da casa, foi temporariamente esquecida com uma eliminação vexatória e inédita dos tetracampeões antes das oitavas de final.

O contraponto da tragédia da Alemanha se vê na Bélgica. Donos do melhor ataque da Copa do Mundo, os belgas chegaram ao 100% de aproveitamento na primeira fase com uma vitória por 1 a 0 em cima da Inglaterra que valeu mais do que os três pontos. Desde 1936, ou seja, há 82 anos, a seleção belga não triunfava em cima dos ingleses.

Se colocar entre os 16 melhores na Rússia pode ter sido tarefa fácil para equipes como a Bélgica, mas, nem todas gozaram da mesma tranquilidade. Japão e Senegal, por exemplo, viveram momentos de aflição até o último lance da terceira rodada. No fim, os asiáticos acabaram garantindo vaga sobre os africanos por causa da disciplina. Com campanhas tão semelhantes, o critério de cartões amarelos foi o que determinou a classificação japonesa.

Fonte: Gazeta Esportiva

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