Matematicamente, o Clube do Remo ainda possui chances para sair da lanterna e, posteriormente, da zona de rebaixamento da Série C. Para isso, o time precisa fazer o que ainda não fez ao longo de toda a sua trajetória no campeonato: se organizar taticamente, garantir resultados dentro de casa e, acima de tudo, engatar vitórias seguidas, algo que nunca aconteceu desde o retorno da equipe à competição, ainda em 2016.
Pela dificuldade que será fazer isso nas próximas quatro e últimas partidas, grande parte da torcida azulina já até jogou a tolha sobre escapar do rebaixamento. E, mesmo com a confiança engessada nos discursos, os próprios atletas reconhecem que a missão agora ficou complicada.
Apesar do futebol raso exibido em campo, o que permitiu ao elenco e a própria torcida em acreditar em dias melhores foi o cálculo de sites de probabilidade, que deram margem para o Remo em uma possível classificação.
A chave fraca em que o Leão está corroborou para a tese, já que o equilíbrio no Grupo A é a principal marca do chaveamento. Porém, nem isso serve mais como inspiração para a agremiação. Com 80% de probabilidade de sofrer o descenso, com base nos jogos do time em casa, como visitante, pelo poder de reação em circunstâncias adversas, controle emocional e técnico nas partidas e, especialmente, os erros incessantes em fundamentos básicos, aumentam a probabilidade de queda.
Sendo assim, a mudança de postura do time para atingir o improvável precisa ser imediata. Pois, em caso de um novo tropeço, o futuro azulino estará, definitivamente, resolvido. “Está ficando difícil, a gente sabe disso. Mas no futebol nada é impossível. A gente sabe que com três vitórias seguidas a gente escapa disso. Vamos trabalhar com todas as forças para conquistar isso”, disse o goleiro Vinícius, sobre a fase complicada do time na tabela.
ÚLTIMA CARTADA
Embora no sábado (14), logo após o encerramento do empate com o Botafogo-PB, Vinícius tinha dito que somente raça e vontade não ganhariam jogo. Com o sangue mais frio, o arqueiro disse que nesse momento é hora de colocar tudo em campo. “Esse foi mais um jogo que deixamos escapar a vitória. Mas vamos continuar trabalhando, porque a gente tem chance ainda. Temos que fazer aquilo que não fizemos ainda. Agora mais do que nunca precisamos dessa sequencia de vitórias. É ir com força máxima”, diz o goleiro.
Clima? É o pior possível
Com chances mínimas de conseguir tirar o Remo do Z2, já que o processo de saída não depende mais somente do esforço da equipe, uma vez que os principais concorrentes estão criando uma gordura providencial de distância da zona da degola, nessa reta final da Série C, o clima é o pior possível.
Mas, mesmo o cenário não sendo dos mais agradáveis, o plantel garante que irá batalhar até o final. “Infelizmente nós mesmos nos colocamos nessa situação. Não podemos culpar, agora, terceiros. Temos de ir atrás dessa pontuação que ainda nos resta para caminhar para fora da zona. Não podemos desistir. Precisamos de ainda mais foco e mais coragem para enfrentar essas dificuldades que estão presentes na competição”, destacou o meio-campista Rodriguinho.
PARA ENTENDER O PROVÁVEL REBAIXAMENTO
– Péssimo mandante: Mesmo com a melhor média de público da competição, o Remo possui a segunda pior campanha do Grupo A como mandante, até o momento, atrás somente do Confiança. Em sete partidas, foram apenas duas vitórias, com quatro empates e uma derrota. Tal inconstância em Belém aumenta as chances de queda da equipe, pois o mesmo não consegue se sobressair no próprio alçapão, para garantir a conquista de resultados positivos.
– Pior visitante: Assim como os resultados como mandante, fora de casa, o desempenho do time azulino tem sido uma lástima. Em sete jogos, apenas uma vitória e seis derrotas na bagagem. O próximo compromisso da equipe é justamente longe da capital e, sendo assim, os jogadores precisarão esquecer a vantagem rival, pois, caso a sequência negativa se prorrogue, as poucas chances de escapar do rebaixamento deverão ser, de fato, excluídas.
– Falta de vitórias seguidas: Dentre as limitações do grupo remista e os rendimentos pífios dentro e fora de casa, nesse momento, um detalhe é apontado como o principal para a queda do time à Série D: a falta de vitórias consecutivas. Para se ter uma ideia, o Remo, desde que voltou a Série C em 2016, nunca conseguiu engatar duas vitórias no certame.
Como restam somente quatro partidas para o fim da fase de grupos, onde a equipe precisa triunfar, no mínimo, em três duelos, o próprio retrospecto do time acaba por descartar qualquer tipo de sonho ou otimismo.
– Pontuação exata: Hoje com 12 pontos, e com mais 12 pontos em disputa, para se livrar do rebaixamento, o Remo não pode mais desperdiçar nada até o encerramento da competição. Matematicamente, três vitórias tirariam a equipe dessa situação. Porém, a campanha do time corta pela raiz todas as probabilidades de ainda permanecer na Série C para 2019.
(Matheus Miranda/Diário do Pará)