Chance de priorizar qualidade

 

Técnicos de futebol sempre foram escolhidos meio às cegas, ao sabor do acaso, no futebol brasileiro. Raríssimos são os casos de um planejamento sério que leve em conta o perfil do treinador e as características do elenco de jogadores, projeto obrigatório e até rotineiro no futebol da Europa. Aqui sempre prevaleceu a contratação de perfil tapa-buraco, com profissionais buscados às pressas para substituir um técnico que caiu em desgraça.

Essa maneira de lidar quase irresponsavelmente com uma função estratégica para o êxito em competições, a médio e longo prazo, determina tantos insucessos por parte dos clubes, nas três principais divisões nacionais. A Série A expõe mais o problema por ter visibilidade maior e por atrair investimentos mais altos, mas as séries B e C apresentam dificuldades idênticas.

Quando o Flamengo sai à procura de um substituto para Jorge Jesus, que deixou o clube após conquistas importantes e um êxito vertiginoso, cria-se um cenário favorável à escolha qualitativa e criteriosa. Primeiro, porque o clube tem meios para procurar o técnico que lhe convém. Segundo, por ter um elenco de qualidade que necessita de alguém com capacidade e conhecimento necessários para fazer a roda girar.

Em atenção ao legado de Jesus, que valorizou as saídas rápidas e a marcação sempre adiantada, o Flamengo quer encontrar um profissional que detenha igual ou maior potencial agregador no comando de um time de futebol. Óbvio que não é tarefa fácil, pois o futebol não pode se pautar pelo lado cartesiano das coisas. Existem fatores igualmente fundamentais para que tudo funcione bem.

Entre os nomes elencados para assumir o comando do atual campeão brasileiro e continental destacam-se Marcelo Bielsa, Domenec Torrent, Marcelo Gallardo e Miguel Ángel Ramirez. Técnicos de reconhecida competência, mas de características e escolas absolutamente diferentes.

Bielsa, o mais experiente do grupo, é curiosamente o mais ousado, daí talvez o apelido carinhoso de El Loco. Sempre foi visionário na montagem de times, desde o começo na Argentina até a passagem pelo Chile e por clubes europeus. Nunca um time sob sua batuta teve o defensivismo como filosofia, aspecto que encaixa perfeitamente com o projeto rubro-negro.


Torrent é ainda um auxiliar, mas não um mero ajudante de um treinador qualquer. Trabalhou com Pep Guardiola. Era uma espécie de “grilo falante” do atual comandante do Manchester City e respondia pelas anotações de jogo, observação das táticas a serem enfrentadas e conhecimento minucioso sobre o trabalho desenvolvido pelos times adversários.

Gallardo é, possivelmente, o treinador com mais apelo para dirigir um clube de massa como o Flamengo e pela habilidade em comandar elencos repletos de grandes jogadores. Ramirez seria uma aposta de risco, pois já comprovou talento, mas a pouca experiência pode botar tudo a perder.

A ideia de um projeto, tão banalizada nas entrevistas de técnicos e jogadores, é algo importantíssimo para que os clubes nacionais façam a transição para um patamar mais respeitável. Por enquanto, prevalece um histórico pobre nessa área.

Além do Palmeiras com Luxemburgo na era Parmalat e o São Paulo de Muricy Ramalho, quase nenhum outro clube teve a oportunidade e a condição financeira que o Flamengo tem hoje para materializar a privilegiada combinação entre sonho e realização. Que saiba usar as circunstâncias para avançar no processo de engrandecimento.

 

 

Esporte pela Democracia sai em defesa de Casagrande

 

A coluna reproduz a manifestação do movimento Esporte pela Democracia, que reúne um grupo de cidadãos do segmento esportivo preocupados com as ameaças à recente democracia brasileira e que erguem suas vozes contra todos e quaisquer tipos de preconceito.

“O que nos une é defender a democracia, a defesa de posições antirracistas e a favor das minorias. Nosso movimento não tem donos, embora, naturalmente, seja inevitável que seus membros mais conhecidos sejam vistos pela sociedade no papel de líderes. É apenas por isso que viemos a público manifestar irrestrita solidariedade a um dos nossos, o companheiro  Walter Casagrande Jr., que tem sido atacado por fascistóides nas redes sociais, indivíduos incapazes de conviver com a divergência. Consideramos que o ataque a um de nós atinge a todos e não arredaremos pé das posições que nos trouxeram até aqui. Somos do Gabinete do Amor, não do Ódio”.

Todo apoio às causas libertárias, nenhuma contemplação com o ódio e a intolerância. Isso vale para questões esportivas, mas é bem mais amplo e abrangente, pois diz respeito à vida e ao bem-estar das pessoas.

 

 

Possível volta de Jansen significa reforço para a zaga remista

 

O Remo vivia se debatendo há duas semanas com a perspectiva de ficar com apenas dois zagueiros para a reestreia no Parazão. Perdera Fredson (suspenso), Kevem (lesionado) e Rafael Jansen, que havia decidido se transferiu para o futebol de Israel.

Como o Brasil recordista em casos e óbitos de covid-19, Jansen não conseguiu entrar no país, cujas fronteiras estão fechadas para pessoas procedentes de países que ainda não controlaram a pandemia.

Frustração para o atleta, boa notícia para o técnico Mazola Junior, que teria que contar apenas com Mimica e Neguete para os primeiros jogos. Recentemente contratado, Alemão ainda depende de condicionamento e treinos para ganhar condições de jogo.

Mais ainda: Jansen é um dos poucos polivalentes do elenco azulino – os outros são Djalma e Hélio Borges –, característica bastante valorizada no futebol moderno. O zagueiro de área, que voltou a treinar no Baenão, atua também nas duas laterais e como volante, com rendimento satisfatório.

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