A jornada de um jogador de futebol em início de carreira, especialmente quando ele está se adaptando a um novo país, é repleta de desafios. Além das exigências físicas e técnicas do esporte, há também a necessidade de se adaptar a uma nova cultura, um novo idioma e um novo estilo de vida. Nesse contexto, o acolhimento e o apoio da equipe técnica e dos colegas de equipe são fundamentais. Eles fornecem a base emocional e psicológica necessária para que o atleta possa se concentrar em seu desenvolvimento profissional e pessoal. Afinal, o futebol é mais do que apenas um jogo; é uma jornada de crescimento, aprendizado e adaptação.

Nesse sentido, a relação entre o técnico Hélio dos Anjos e o meia venezuelano Esli Garcia tem sido um ponto de destaque no Paysandu. O treinador tem demonstrado um cuidado especial na adaptação do atleta ao clube, que se tornou evidente na coletiva de imprensa do último domingo (17), após a vitória do Paysandu por 3 a 1 sobre o Bragantino.

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Durante a coletiva, Hélio dos Anjos revelou que Esli Garcia chorou após um treino, preocupado com a possibilidade de sua esposa ser deportada. O treinador, percebendo o choro e a angústia do jogador, tomou a iniciativa de conversar com ele e tranquilizá-lo sobre a situação.

“Um dia eu estou entrando no vestiário, saindo do treino, e todo mundo ainda estava no canto e eu sai um pouco mais cedo. Quando eu vi, o Esli estava lá no cantinho. Daqui a pouco entram na minha sala: ‘professor, o Esli está chorando’. O que que eu tenho que fazer com um menino desse? Eu tenho que colocar no meu colo, tenho que levar para a minha sala, tenho que conversar. Ele estava muito preocupado, pois estava sujeito, na cabeça dele, que a mulher dele podia ser deportada, olha o pânico dele. Chamei o Lucas [Maia] para ser o tradutor, já que ele jogou no México. Nós conversamos, mostrei para ele que não era assim”, revelou Dos Anjos.

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Esli Garcia, de 23 anos, é uma promessa emergente do futebol venezuelano. Natural de Araure, no país vizinho, ele chamou a atenção no cenário esportivo após ser anunciado pelo Paysandu. Sua transferência do Deportivo Táchira, onde foi campeão venezuelano, para o futebol brasileiro foi uma decisão audaciosa, especialmente considerando que ele tinha a chance de jogar na fase de grupos da Libertadores de 2024.

NECESSIDADE DE AMADURECIMENTO

Hélio dos Anjos reconhece o talento de Esli, mas enfatiza que o jovem ainda tem muito a aprender. A transição para um novo país e cultura é desafiadora, e Esli precisa de tempo e apoio para amadurecer e se adaptar completamente. Dos Anjos destaca a importância de cuidar do atleta não apenas profissionalmente, mas também pessoalmente.

Esli já demonstrou seu potencial em campo, marcando dois gols em uma partida crucial contra o Bragantino pelas quartas de final do Parazão. No entanto, o treinador insiste que o desenvolvimento humano e profissional de Esli deve ser uma prioridade para garantir seu crescimento contínuo como homem e atleta.

“As pessoas acham que o Esli chega aqui totalmente preparado para jogar. Está bem, fez dois gols, está entrando bem, mas o Esli é uma criança e a gente tem que ter cuidado. Não é nem do lado profissional, tenho que ter cuidado pelo ser humano. Ele pode até não ficar aqui, mas a gente tem que fazer alguma coisa para ele crescer como homem e como atleta”, ressaltou Dos Anjos. 

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