O Paysandu está penando neste início de Série C do Campeonato Brasileiro, especialmente no que diz respeito ao comportamento defensivo da equipe comandada pelo técnico Marquinhos Santos. Os 8 gols sofridos nos três primeiros jogos pela competição nacional refletem o problema.
Na noite da última quinta-feira (11), o Ypiranga-RS tirou proveito da total falta de organização do setor, além do fato de contar com um homem a mais durante praticamente todo o segundo tempo, para fazer um impiedoso 5 a 0 que expôs a fragilidade que deixou a torcida bicolor revoltada. A goleada jogou o Papão para as últimas colocações da tabela, correndo o risco – mesmo que remoto – de terminar a 3ª rodada na zona de rebaixamento.
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Apesar de ainda ser muito cedo para uma avaliação do trabalho de Marquinhos Santos, uma vez que o treinador está no comando da equipe há menos de duas semanas e não teve muito tempo para fazer os ajustes necessários desde que chegou, já é possível observar seu desempenho durante as duas partidas em que esteve na área técnica bicolor.
Se no jogo contra o Figueirense-SC, Marquinhos não teve grande influência negativa na derrota por 2 a 0, o mesmo não se pode dizer da humilhante goleada sofrida em Erechim, no norte do Rio Grande do Sul.
Após um primeiro tempo no qual sua equipe saiu no lucro por chegar ao intervalo perdendo “apenas” por 1 a 0, Marquinhos decidiu que ainda não era hora de mexer na formação que iniciou o confronto e retornou para a etapa final sem modificações. Contudo, foram as escolhas táticas que ele fez no decorrer do segundo tempo que ajudaram a derrubar o Papão.
O lateral-direito Edílson, que havia recebido cartão amarelo, permaneceu em campo. Aos quatro minutos da segunda etapa, o defensor cometeu falta contra MV e o árbitro pernambucano Michelangelo Martins de Almeida Júnior lhe mostrou o segundo cartão amarelo. O Paysandu estava em inferioridade numérica e a saída do lateral foi o início da queda.
DEMORA E ESCOLHA ERRADA
O treinador demorou a reagir e, quando o fez, errou. Em vez de colocar um zagueiro em campo (Wanderson, no caso), mandou a campo o volante Arthur no lugar do meia-atacante Leandrinho. Com isso, não apenas deixou de recompor a zaga como também enfraqueceu o meio-campo, setor que o Ypiranga passou a dominar.
Mas tão ruim quanto a escolha foi a demora de Marquinhos em executar a alteração. Aos 11 minutos, o Paysandu já estava perdendo por 3 a 0. Daí em diante, o caminho ladeira abaixo estava traçado. Aos 16, William Barbio tirou proveito de mais uma saída de bola errada do goleiro Thiago Coellho para ampliar o placar para 4 a 0.
Somente 8 minutos depois desse gol, o técnico bicolor decidiu colocar o zagueiro Wanderson para recompor a última linha. No entanto, os buracos já haviam sido explorados por um impiedoso Ypiranga, que ainda teve tempo de marcar o quinto gol em um contra-ataque que pegou a meta bicolor totalmente desarrumada. Um vexame!
DISCURSO MOTIVADOR E “VERGONHA NA CARA”
Na entrevista coletiva, Marquinhos Santos não deu qualquer explicação tática sobre o revés, preferindo focar seu discurso nos aspectos anímicos da equipe, cobrando “vergonha na cara” de seus comandados ao afirmar que uma goleada como a sofrida diante do Ypiranga não teria como ser explicada de outra forma. Uma decisão arriscada, uma vez que pode custar-lhe a lealdade de parte do elenco alviceleste – ao menos daqueles que vestirem a carapuça.
“Uma goleada dessa é vergonhosa. É ter vergonha na cara, é falar menos e trabalhar mais”, disparou o treinador, que aprofundou: “Estou há uma semana no clube e já detectei muitas coisas a serem ajustadas e cobradas para que o Paysandu volte a ser o Paysandu. Parar de sofrer como vem sofrendo desde o início da temporada, elevar o nível, melhorar todos os aspectos, para que o Paysandu possa buscar o acesso e brigar pelo título, mesmo depois de duas derrotas, depois de uma pancada dessa. Ainda continuo acreditando”.
Com a decisão do terceiro lugar do Campeonato Paraense, diante do Cametá, e a final da Copa Verde contra o Goiás às portas, o Lobo não terá tempo para lamber as feridas e Marquinhos Santos precisará aproveitar cada minuto para corrigir a postura defensiva de sua equipe, além de escolher as peças corretas para reverter o momento negativo.
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