epois de fisgar, sem dificuldades, o Peixe da Amazônia, alcunha do Santos-AP, na semifinal da Copa Verde, o Paysandu inicia, hoje, uma pescaria, aparentemente, bem mais arriscada, cujo alvo é o Bragantino, conhecido como Tubarão. As equipes se enfrentam a partir das 16h, no estádio São Benedito, em Bragança, em partida válida pela semifinal do Parazão 2018. O Papão viajou para a cidade do nordeste do estado armado de todos os instrumentos necessários para tentar, neste confronto de ida, surpreender o perigoso adversário, que tem sido arisco atuando dentro de seus domínios.
Se no último jogo da fase classificatória, quando o time bicolor já estava garantido na etapa seguinte do campeonato, Dado Cavalcanti mandou a campo uma equipe alternativa, agora, na penúltima fase da disputa, quando o dilema é matar ou morrer, o treinador lança mão do que há de melhor em seu elenco. O comandante bicolor volta a utilizar o sistema com apenas um homem de criação – o meia Fábio Matos – e três atacantes de ofício, que juntos formam a principal arma da equipe na missão de capturar o Tubarão. A trinca formada por Moisés, Cassiano e Mike, é responsável por 19 dos 29 gols marcados pelo time no Parazão, Copas do Brasil e Verde.
E é justamente do setor de ataque que o Papão mais precisa para retornar a Belém trazendo na bagagem um saldo que lhe garanta tranquilidade no jogo de volta, sábado (24), na Curuzu, quando as equipes decidirão de uma vez por todas a sua sorte no campeonato. Os bicolores seguiram para Bragança sem temer o feroz adversário, mas se cercando de todos os cuidados para não serem atingidos pelos “dentes afiados” do Tubarão e, assim, virarem “refeição” ao time do técnico Artur Oliveira já neste primeiro jogo.
A contagem de pontos na etapa inicial do campeonato mostra bem o que fez o Bragantino. A equipe do interior encerrou sua participação na terceira colocação na classificação geral, com 19 pontos, apenas um a menos em relação ao adversário. A maior pontuação feita pelo Tubarão foi obtida em jogos dentro de casa – 10 pontos, o que comprova a sua ferocidade diante da maioria dos “predadores” que tentaram lhe abater em seu habitat. Mas, por outro lado, o Papão também tem mostrado força atuando fora de Belém. Foram 10 pontos conquistados nos jogos como visitante, mesma pontuação feita em casa. Ingredientes que dão o prenúncio de um grande embate.
Cassiano: o importante é conquistar o título
Distante quatro gols do artilheiro Dedeco, do Castanhal, que já está fora da disputa, o atacante Cassiano, autor de três gols no Parazão, assegura que não tem a ponta da tabela de goleadores como prioridade. O jogador diz que até gostaria de encerrar sua participação no campeonato na liderança da artilharia, mas, segundo ele, a primazia é a conquista do tricampeonato pelo Paysandu. “Trabalho sempre para que os gols aconteçam, mas o meu foco não é exclusivamente a artilharia. O que mais me importa é que o time venha a atingir sua meta, que é o título estadual”, argumenta.
Cassiano admite, porém, que caso a faixa de campeão, ao final do Parazão, venha acompanhada do título de maior goleador do campeonato, será muito bem vinda. “Se esse título vier junto com a artilharia, claro que será melhor ainda. Será uma prova ainda mais forte de que cumprir bem o meu dever e ainda dará mais visibilidade à minha carreira”, observa Cassiano, que até aqui já marcou, no total, oito gols, com os outros cincos feitos na Copa Verde, torneio em que é o principal goleador.
Mas pelo menos por enquanto, ele não quer saber de Copa Verde, competição em que o Papão terá o Manaus-AM como adversário na fase semifinal. “Neste momento o nosso pensamento é só no Bragantino. Temos de ter muita atenção nos dois jogos e principalmente nesse primeiro que será fora de casa e numa gramado que é bem diferente em relação àqueles nos quais a gente vem jogando”, argumenta.
Braga: atletas cedidos pelo rival não vão jogar
Sem poder contar com o goleiro Paulo Ricardo, o meia Alan Calberg e o atacante Aslen Kevin, alguns dos jogadores cedidos por empréstimo pelo Paysandu, o técnico do Bragantino, Artur Oliveira, vai ter de mexer em seu time para o duelo de hoje entre as equipes. Uma cláusula contratual impede o Tubarão utilize os atletas, assim como o zagueiro Mauro Júnior, em jogos contra o Papão, com os quais os atletas ainda têm contrato. Para ter os jogadores em campo, o Braga teria de desembolsar a soma de R$ 500 mil, valor considerado irreal pelo clube.
Segundo rumores que circulam em Bragança desde que o veto à atuação dos atletas se tornou público, a diretoria do Tubarão estaria disposta a não cumprir o acordo, deixando Artur livre para escalar ou não os jogadores, com o clube se encarregando, depois, de questionar a situação na justiça. Mas, segundo informações fornecidas pela direção do Braga, tudo não passa de boatos e o clube manterá, sim, aquilo que foi firmado em documento entre os clubes. “O Bragantino tem 25 atletas e podemos utilizar outros atletas nos lugares daqueles que não podem jogar”, garantiu o advogado Renan Pinheiro, diretor jurídico do Braga.
Ontem, o técnico Artur Oliveira comandou treino de portões fechados. O treinador não anunciou a formação de sua equipe, aumentando a curiosidade do torcedor quanto a escalação ou não dos bicolores.
(Nildo Lima/Diário do Pará)