vitória sorriu para quem se organizou e foi competente para alcançar o resultado. Determinado, o Papão foi superior do começo a fim, exibindo organização e calma quando a situação exigiu, sem abrir mão do pragmatismo para controlar as tímidas tentativas ofensivas do adversário.
O Remo foi um time pilhado, desconcentrado e taticamente travado, que ainda perdeu uma peça importante logo aos 4 minutos – Mimica saiu lesionado – e outra, minutos depois, quando David Batista pisou em Bruno Oliveira, cavando expulsão e prejudicando a equipe.
O primeiro gol nasceu após a saída de Mimica. A bola veio alta da cobrança de um escanteio pela direita. Caíque cabeceou e Vinícius fez grande defesa. No rebote, Kevem tentou afastar e a bola desviou em Rafael Jansen encaminhando-se para as redes.
É importante notar que a saída de David Batista sobrecarregou fisicamente o Remo, acrescentando desgaste a um jogo naturalmente cansativo em função do gramado castigado pela chuva, mas não explica por completo a desastrosa atuação.
Talvez pela necessidade de interromper a sequência de quatro vitórias do rival (ao longo de 2018), o PSC se lançou com afinco ao projeto de vitória e ganhou com todos os méritos. Posicionou-se com solidez no meio-campo, explorando bem o lado esquerdo da zaga do Remo, onde Ronael marcava mal e não acompanhava lances em velocidade.
Sem ser brilhante, o time de João Brigatti foi aplicado e extremamente concentrado. O meio-campo, liderado por Marcos Antonio, teve frieza para tocar a bola. Caíque se destacava na marcação, levando a melhor no combate direto aos azulinos. Vinícius Leite caía sempre pelo lado direito, em cima de Ronael, criando problemas para a defesa do Remo.
A partir do primeiro gol, a superioridade alviceleste se evidenciou ainda mais, pois o Remo não tinha qualidade no meio-campo e se afundava numa sucessão de erros sempre que tentava sair.
Quando Paulo Rangel recebeu passe na área e bateu cruzado, fazendo 2 a 0, num gol tipicamente de centroavante, o PSC já era absoluto em campo, merecendo a vantagem no placar. Ditava o ritmo fazendo com que a partida tivesse o feitio que lhe interessava.
Além de desenvolver um jogo mais objetivo, os bicolores souberam até se adaptar melhor às condições do campo, evitando passes longos. Já o Remo se limitava a lançar bolas para a correria de Henrique e Gustavo Ramos. Bem vigiados, ambos não conseguiam dar sequência às jogadas. O primeiro chute ao gol defendido por Mota só veio aos 22 minutos.
Para o 2º tempo, com o Remo dominado, esperava-se uma mudança de peças ou, pelo menos, de posicionamento na equipe. João Neto preferiu manter o grupo, como se estivesse satisfeito com o que via.
O PSC começou a etapa final tocando bola, fazendo o adversário se desgastar ainda mais e evitando se atirar afoitamente ao ataque.
A primeira mexida de Netão no 2º tempo foi improvisando Mário Sérgio no lugar de um confuso Diogo Sodré. Como previsto, o setor seguiu improdutivo, pois não elaborava jogadas para os atacantes. Etcheverría foi então lançado, mas não na meia – entrou como substituto de Ronael na lateral esquerda. O Remo continuava sem vida inteligente no meio.
Enquanto isso, Nicolas se inseria na intermediária, movimentando-se muito e criando dificuldades para os marcadores e abrindo espaços para Vinícius Leite e Rangel, com apoio constante de Bruno Collaço pela esquerda.
Brigatti notou que o caminho era pelo lado esquerdo do Remo e pôs Elielton justamente a correr por ali. Na primeira investida, ele cruzou e Rangel cabeceou, de cima para baixo. A bola foi no poste esquerdo e entrou. Nicolas ainda chutou, mas o gol foi mesmo do centroavante.
O Papão jogava com tranquilidade, sem pressa e desfrutou de mais duas grandes chances, obrigando Vinícius a defesas inspiradas. Os remistas tentavam superar o cansaço e a desorganização, mas abriam espaços quando iam à frente. Etcheverría ainda deu dois chutes perigosos, mas o Remo, a rigor, não ofereceu perigo à defesa do PSC.
Netão errou além do permitido num clássico Re-Pa, a começar pela escalação de Ronael e Diogo Sodré. Errou de novo nas substituições. Brigatti mostrou-se mais estratégico e atento às muitas deficiências que o adversário ofereceu. Vitória justa e merecida, que poderia até ser mais ampla se Vinícius não fosse o paredão que é.
Brigatti reclama das avaliações apressadas
João Brigatti fez uma defesa bem coerente do papel dos treinadores no futebol atual. Observou que a oscilação é normal e que um mês de competição não pode ser motivo para avaliações tão rigorosas, levando em conta que a maioria dos atletas vem de outras regiões e é necessário um tempo mínimo de adaptação ao clima nortista.
Sobre o jogo, reclamou – sem muita razão – de antijogo por parte do Remo, esquecendo que no começo do clássico os dois lados fizeram a mesmíssima coisa, abusando de faltas táticas no meio-campo.
Já Netão admitiu a superioridade do rival e voltou a falar em sistema. Faltou explicar a razão de escolhas equivocadas (Ronael, Diogo Sodré) e a insistência em descartar jogadores tecnicamente melhores, além de improvisar em setores importantes.
Exemplos: Etcheverría deveria ter entrado de cara e Emerson Carioca seria uma alternativa mais apropriada ao tipo de jogo do que Mário Sérgio, um atacante lento e que pouco finaliza.
(Gerson Nogueira)