Liderança e
nove pontos de vantagem para o Flamengo, contra quem duela em casa na próxima
rodada do Campeonato Brasileiro. O palmeirense já viu esse filme antes, em
2009. E o final não foi dos melhores para os alviverdes.

Após uma
série de trapalhadas, o clube alviverde, da ponta da tabela, caiu para fora até
mesmo da zona de classificação para a Libertadores do ano seguinte. O time
acabaria aquele campeonato em quinto, cinco pontos atrás do campeão
rubro-negro.

Por mais que
esse fantasma ainda assombre os palmeirenses, é bastante claro que as situações
das duas equipes do Palmeiras são bem diferentes. Muito do que aconteceu de
errado há 13 anos não tem como vir a acontecer com o time de Abel Ferreira.
Cuja presença, aliás, é um dos fatores para crer que 2022 será diferente.

PALMEIRAS
TEVE TRÊS TÉCNICOS 2009

Abel
Ferreira tem o elenco nas mãos. Isso tem muito a ver com sua habilidade de
aglutinar os atletas em torno de seu projeto, mas também do fato de ele já
estar com esse grupo, também muito longevo no clube, há quase dois anos.

Luiz Gonzaga
Belluzzo, presidente do Palmeiras em 2009 e 2010, não tem qualquer pudor em
dizer que se arrepende de ter trocado o técnico do time com o Campeonato
Brasileiro de 2009 em andamento.

“Errei
ao demitir o [Vanderlei] Luxemburgo em 2009, me arrependo disso (…). Cometi
muitos erros, não tenho nenhum problema em reconhecer, sou humano”,
afirmou Belluzzo à reportagem.

Naquele
Brasileiro, o Palmeiras teve Luxemburgo até a sexta rodada. Mas sua decisão de
afastar o atacante Keirrison do time sem consultar a diretoria enfureceu
Belluzzo, que o demitiu assim que soube da manobra.

Jorginho
assumiu o time interinamente e somou cinco vitórias e uma derrota, entregando-o
na liderança para Muricy Ramalho, então tricampeão brasileiro com o São Paulo,
em 2006, 2007 e 2008.


Muricy
começou bem, no fim de julho. Mas, na rodada 34, perdeu a liderança após o
árbitro Carlos Eugênio Simon anular um gol do Palmeiras contra o Fluminense, no
Maracanã. Simon assumiu, em maio de 2018, que apitou falta inexistente de Obina
para corrigir erro seu na marcação do escanteio.

Dali em
diante, uma série de partidas ruins foi tirando o time alviverde da briga pelo
título. Contudo, até a última rodada, a matemática ainda apontava mínima chance
de conquista. Mas, totalmente apático, o Palmeiras perdeu para o Botafogo no
Engenhão e não foi nem mesmo para a Libertadores.

POUCO TEMPO
DE CASA E POUCA IDENTIFICAÇÃO

Do atual
time-base do Palmeiras, só o zagueiro Murilo chegou neste ano ao clube.
Weverton, Rocha, Mayke, Luan, Gómez e Dudu, por exemplo, foram campeões
brasileiros em 2018 pelo time alviverde.

Já o time de
2009 foi sendo construído ao longo da temporada. Muitos jogadores chegaram ao
clube para aquele ano, como Figueroa, Marquinhos, Keirrison, Edmilson, Marcão,
Obina e, principalmente, Vagner Love.

O camisa 9
chegou ao clube em agosto para ser o principal nome do ataque. Mas, além de não
render e perder pênalti no jogo contra o Flamengo que selou a arrancada
carioca, Love causou ciúmes com os demais jogadores do grupo, visto que chegou
ganhando mais que alguns líderes do elenco.

As atuações
nas rodadas finais deixaram claro que aquele time não tinha dado liga. Tanto
que uma boa parte dos jogadores não retornou para 2010.

INSTABILIDADE
ADMINISTRATIVA

O Palmeiras
de 2009 era uma panela de pressão política. Eleito para o biênio 2009-2010,
Belluzzo representava oxigenação política. Nem tanto pelo tempo de clube ou
pela idade, mas pela visão mais empresarial e moderna da gestão do futebol.

Mas naquela
época, o ex-presidente Mustafá Contursi, seu desafeto, era quem ditava os rumos
do Palmeiras tendo centenas de conselheiros vitalícios, por ele nomeados, no
bolso.

A gestão de
Belluzzo teve muitos embates de bastidores, que muitas vezes atrapalharam o
andamento de projetos, tais como o da construção do Allianz Parque. Isso também
fazia com que o vazamento de informações fosse constante, entre outros
problemas.

Hoje,
goste-se ou não dos métodos pelos quais isso aconteceu, o Palmeiras está pacificado
politicamente. A presidente Leila Pereira, que representa a continuidade da
gestão de Mauricio Galiotte, praticamente não enfrenta resistência no conselho
deliberativo. Menos volátil fora de campo, o Palmeiras consegue trabalhar com
mais calma o planejamento para o futebol propriamente.

TIME VEM DE
MUITAS CONQUISTAS

O Palmeiras
teve apenas a conquista da Série B de 2003 entre 2000 e 2008, quando conquistou
o Campeonato Paulista. Além de pouco identificado com o clube, o time de 2009
não era um grupo acostumado a títulos, muito menos com a camisa do Palmeiras.

Já o elenco
atual tem diversos campeões brasileiros de 2018, das Libertadores de 2020 e
2021, sem mencionar o Paulista e a Recopa deste ano. Dudu vai além, e tem no
currículo a Copa do Brasil de 2015 e o Brasileiro de 2016.

Todo esse
tempo juntos, o bom trabalho de Abel e sua comissão, bem como a maturidade
emocional atingida pela equipe, tornam muito difícil imaginar o Palmeiras se
perdendo emocionalmente como em 2009, ano em que Obina e o zagueiro Maurício
Nascimento chegaram a trocar socos na ida para o vestiário do estádio Olímpico,
durante jogo contra o Grêmio.

POUCAS
LESÕES

Um dos
motivos da derrocada verde também foi perder dois de seus principais jogadores
no segundo turno. Cleiton Xavier e Pierre, por exemplo, para lesões.

Pierre
rompeu ligamentos do tornozelo em setembro. Cleiton Xavier ficou um mês fora do
time, a partir do fim de outubro -mês em que Mauricio Ramos teve uma lesão
aguda no púbis.

Neste ano,
por conta do bom desempenho do Núcleo de Saúde e Performance que, junto com a
comissão técnica, trabalha minuciosamente na definição de intensidade de
treinamentos e rodízio de atletas, o Palmeiras vem sofrendo pouco com
ausências.

O núcleo
trabalha com metas, de modo a ter todos os atletas com 100% das condições de
jogo em momentos-chave da temporada. Hoje, apenas o volante Jailson, que rompeu
o ligamento cruzado do joelho direito, está sem condições de jogo.

Read More

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário!
Digite seu nome aqui