Como a Tuna é a sensação do Parazão, nada mais justo que tivesse a maioria (5) dos selecionados. Como é tradição, cada escolha é devidamente explicada e justificada. O craque é Felipe Gedoz, que comandou o meio-campo do Remo e deu mostras de seu talento em várias ocasiões, incluindo o golaço de falta contra o Castanhal na decisão do 3º lugar. A revelação é Fabinho, um ponteiro à moda antiga, daqueles que chegam à linha de fundo e ainda mandam flores. Robson Melo é o melhor técnico.

Vamos à onzena titular: Gabriel (Tuna); Léo Rosa (Tuna), Dedé (Tuna), Perema (PSC) e Marlon (CR); Lucas Siqueira (CR), Lukinha (Tuna) e Felipe Gedoz (CR); Dioguinho (CR), Cris Maranhense (Bragantino) e Fabinho (Tuna). Técnico: Robson Melo (Tuna).

O goleiro é Gabriel, da Tuna. Decisivo nas fases de mata-mata. Brilhou diante do Itupiranga, em Marabá, e foi fundamental nos confrontos com o Remo nas semifinais. No primeiro jogo, fechou o gol com quatro excepcionais defesas. Na segunda partida, voltou a aparecer no minuto final, impedindo o gol duas vezes no mesmo lance.

Léo Rosa foi o mais regular lateral direito da competição. Sem estardalhaço, no estilo contido de sempre, foi peça-chave na esquematização que Robson Melo armou para a Tuna. Além disso, marcou cinco gols importantes, que ajudaram a levar o time à final.

Na zaga, destaque para a dupla Dedé e Perema. Dois beques de características diferentes, mas com atuações destacadas no Parazão. Dedé, dono de ótima impulsão, quase imbatível no jogo aéreo, liderou a linha defensiva cruzmaltina.

Perema conseguiu sobreviver à saraivada de críticas ao time de Itamar Schulle. Líder da equipe, compensou a lentidão na cobertura com muita seriedade e senso de colocação. Suas atuações contribuíram bastante para a série de sete jogos sem sofrer gols.

Absoluto na lateral esquerda, Marlon marcou gols e foi o campeão de assistências do Remo, como já havia sido na Série C 2020. Apesar de alguns problemas de contusão, participou da maioria dos jogos e foi sempre um vértice importante das manobras pela esquerda do ataque, com Lucas Siqueira e Lucas Tocantins.


Lukinha é uma espécie de multiuso. É, seguramente, a figura mais importante do time de Robson Melo. Dinâmico, intenso, agudo. Participa tanto da reposição quanto da transição. Deu show nas semifinais e na primeira partida da final. Deve dar saudades nos remistas, depois que foi dispensado no ano passado por decisão do então técnico Mazola Jr.

Lucas Siqueira e Felipe Gedoz são dois dos melhores jogadores em atividade no Pará. Não poderiam estar fora da seleção. Lucas é firme na marcação e participativo nas tramas do ataque, inclusive como definidor. Encontrou em Marlon e Tocantins parceiros adequados para seu estilo.

Gedoz é o camisa 10 clássico, com as qualidades que a função tanto valoriza e exige. Passe preciso, noção de espaço/tempo, facilidade para o drible e o chute. Fez gols bonitos e importantes. Ajudou a dar sentido e organização a um setor que sofria desde a saída de ER. Teve grandes atuações, merecendo também figurar como craque do campeonato.

Cris Maranhense, do Bragantino, um desconhecido para a torcida paraense, chegou à penúltima rodada do Estadual como artilheiro máximo. Com oito gols, ele ainda pode ser ultrapassado por outros goleadores (Paulo Rangel tem 7, Nicolas 6), mas o feito de se destacar numa equipe tecnicamente modesta já justifica sua escalação.

Dioguinho foi o grande destaque da primeira fase do Estadual. Marcava gols em quase todos os jogos, era o ponto de referência ofensivo do Remo e se destacava pela ousadia de buscar lances individuais. Caiu de rendimento no mata-mata, mas voltou a atuar bem nas semifinais.

Fabinho é o mais agudo atacante de lado do torneio. Com facilidade para o drible e vocação para o jogo em velocidade, tornou-se peça de extrema importância no esquema luso. Ajudou muito nas semifinais e foi letal na goleada sobre o PSC. O jovem ponteiro é também a revelação do Parazão.

Robson Melo é o melhor técnico. Mesmo que a Tuna não seja campeã, o trabalho do treinador merece aplausos. Conseguiu extrair o melhor de um elenco pouco estrelado. Seu time tem intensidade, aplicação, velocidade e aproximação, como nenhum outro no campeonato.

A Seleção B ficou assim: Vinícius (CR); Wellington Silva (CR), Yan (PSC), Rafael Jansen (CR) e Alexandre Pinho (Tuna); Paulinho Curuá (Tapajós), Artur (Tuna) e Túlio (Bragantino); Nicolas (PSC), Danrlei (Independente) e Lucas Tocantins (CR). Técnico: Paulo Bonamigo.

 

 

Os muitos desafios de Vinícius Eutrópio no Papão

 

A contratação do mineiro Vinícius Eutrópio não trouxe paz ao ambiente alviceleste. Pelo contrário. Aumentou a insatisfação do torcedor, que já estava tiririca pelo vexame diante da Tuna. Nas redes sociais, desde quarta à noite, a manifestação da torcida foi de repúdio ao nome anunciado.

O problema é que ninguém engoliu o currículo do novo comandante. Vinícius tem histórico, rodou por vários clubes de respeito – Ponte Preta, Santa Cruz, Figueirense, Guarani, América-MG –, mas não tem nenhum título importante para chamar de seu.

Nos últimos três anos, ele só obteve seis vitórias em 36 jogos disputados por seis clubes diferentes. O último foi o Joinville, do qual foi demitido em abril passado após eliminação no estadual. Em função do trabalho ruim, o JEC ficou sem calendário para a temporada 2022.

Como se vê, o desafio de Vinícius será árduo na Curuzu. É muito ruim iniciar uma caminhada sob ataque e desconfiança generalizada. Terá que reformar uma equipe montada desde o começo do ano por Itamar Schulle e terá que trabalhar com jogadores trazidos pelo antecessor.

O lado mais preocupante dessa história é o pouco tempo que resta de preparação para a Série C. Depois da final do Parazão, ficará faltando apenas uma semana para a estreia do PSC no Brasileiro – no dia 29 contra a Tombense, fora de casa. Um desafio e tanto.

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