A armadilha do ‘resultadismo’

 

Desde que o mundo é mundo, vencer sempre foi o objetivo maior de quem disputa qualquer competição. Por isso, não cabe ficar resmungando porque Mazola Junior diz que não quer dar espetáculo, prefere resultado. Tem números que respaldam sua argumentação: o Remo é um dos poucos times com desempenho 100% nesta fase de retomada das competições.

Conquistou três vitórias no Parazão (Águia, Tapajós e Castanhal) e uma pela Série C, sobre a Jacuipense, domingo passado. O retrospecto é elogiável e revelador de rápida evolução, considerando todas as dificuldades enfrentadas pelos times depois da inatividade de 120 dias.

Todos esses aspectos reforçam a posição do técnico, que aproveitou bem os 30 dias de preparação para superar a falta de condicionamento, as lesões e a dificuldade de entrosamento de sete novos jogadores.

Depois do jogo com o Castanhal, a declaração de Mazola repercutiu e reabriu um debate quase tão velho quanto a fome. Futebol pragmático ou jogo bonito? Objetividade ou exibição? A maioria enxerga incompatibilidade na forma de atuar, como se resultado e espetáculo fossem coisas excludentes. Não são.

É possível unir diversão e arte – vide o baile do Bayern sobre o Barcelona. Obviamente, não há como exigir que no limitadíssimo cenário local as atuações alcancem nível top, mas é razoável esperar que os times consigam jogar de forma interessante para quem assiste.

O Remo de Mazola tem sido econômico nas ações ofensivas. É um time armado para se defender. Joga no 4-4-1-1. Duas linhas de quatro: à frente da zaga, quatro volantes – Lucas, Charles, Gelson e Júlio Rusch. Quase uma concessionária, na observação gaiata de um leitor da coluna.


Nem contra o Castanhal, que jogou com dois volantes de ofício (Marcos e Keoma), o formato foi modificado. Com isso, o ataque ficou esvaziado. O gol saiu de uma gentileza do adversário. Mesmo com espaço para desenvolver seu jogo, o Remo preferiu a segurança de garantir o placar.

Hoje, diante do Ferroviário (CE), o bicampeão paraense tem a chance de assumir a liderança de seu grupo. O desenho tático não muda. Como há poucas opções para o ataque (Giovane, Wallace e Ronald), a defesa e o meio serão os pilares de sustentação. O gol é uma questão de detalhe. Enfim, é uma estratégia e até agora deu certo.   

 

 

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração a partir das 22h30, na RBATV, após a partida da NBA. Participações de Giuseppe e deste escriba de Baião. Em pauta, os gols da Série C e as projeções para a semifinal do Parazão.

 

 

Bayern faz picadinho do Barça e assombra o mundo

 

Foram 90 minutos avassaladores. No 1º tempo, 4 a 1. No segundo, mais 4 a 1. Resultado da equação: 8 a 2. Bayern absoluto, altivo e intenso no melhor sentido que a palavra pode ter. Jogou em cima, marcando e limitando espaços. Com a bola, o time executava saídas rápidas, verticais e sempre à procura do gol. Homens de zaga, meio, alas e atacantes perfeitamente entrosados, com erros mínimos de passe e finalizações certeiras.

Parece um resumo acerca da perfeição no futebol. Passou próximo disso. Lembrou até a volúpia competente da seleção alemã contra o Brasil na Copa de 2014. O mesmo instinto predador, que vai demolindo as forças do adversário a golpes de triangulações e capacidade de surpreender.

O grande Barcelona, do imenso Messi, ficou diminuto. Apequenou-se ao extremo, não por vontade própria, mas pela metódica e cirúrgica ocupação dos espaços pela máquina alemã de jogar futebol. Müller, Davies, Thiago Alcântara, Lewandowski. Grandes jogadores, mas nenhum é estrela no Bayern. O time vive do coletivo, por isso eles brilham tanto.

Até Coutinho, que caiu em desgraça no Barça, ressurgiu para fazer uma assistência para o único gol de Lewandowski e fechar a goleada com dois gols. Não comemorou porque teve humildade. O Bayern se entrega ao jogo como um gigante, por isso atropelou outro gigante. Será difícil ser parado.

Brasileiro segue ameaçado pela covid e a CBF não reage

 

O tema é o mais discutido nas resenhas desde que o Brasileiro começou em suas três divisões: vale arriscar a saúde de atletas, técnicos e árbitros para atender exigências de emissoras de TV e patrocinadores? A CBF não age de acordo com o que prega. Antes do reinício dos jogos, priorizava o respeito à vida. Na prática, os atletas estão entregues à própria sorte.

Agora, após duas rodadas, foram detectados 154 casos de testes positivos de covid entre todos os testes de jogadores, das comissões técnicas e árbitros. Um total de 27 partidas foram realizadas, com dois adiamentos.

Completamente desorientada e sem dar as respostas necessárias, a CBF partiu para ajustes nos protocolos de prevenção. Decidiu que os clubes podem recorrer a laboratórios credenciados em seus Estados. Na prática, descentralizou os testes, mas não sanou o problema.

Jogadores continuam entrando em campo sem saber se seus companheiros de profissão estão aptos a trabalhar. Podem estar convivendo com positivados, que desconhecem o resultado dos testes. É o caso do Ferroviário, que vem jogar com o Remo em Belém sem saber se os exames revelaram algum caso de covid no elenco.

As declarações da comissão médica da CBF, que deveriam tranquilizar a todos, acabam gerando mais incertezas. Por isso, certo mesmo está o Sindicato dos Atletas Profissionais, que estuda entrar na Justiça com um pedido de paralisação dos campeonatos nacionais, em defesa da integridade e da vida dos jogadores. Talvez seja o melhor a fazer.

 

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