A temporada 2017 chegou ao fim para o Clube do Remo e iniciou-se o processo de negociações. Nova diretoria e a promessa de que mudanças virão. Mas para alguns atletas, o ciclo na equipe está encerrado.

O lateral-esquerdo Gerson se despede do Leão. Titular absoluto do time desde a sua chegada, o jogador disputou oito jogos com a camisa azul marinho, totalizando duas vitórias, três empates e três derrotas. Agora, Gerson vive um período de negociação de salários atrasados  para voltar ao Brasiliense, clube em que conquistou o campeonato Estadual de 2017.

O jogador recebeu a equipe do DOL para uma entrevista exclusiva. Veja abaixo:

JOSUÉ TEIXEIRA

O Josué foi um pai para mim, sempre muito amigo, sou grato. Ele tratava a gente com cobrança, corrigia, mas depois te dava um carinho e mostrava o que estava errado.

OLIVEIRA CANINDÉ

Com a chegada dele víamos que o time estava evoluindo, mas não tiveram paciência. Aprendemos muito, ele trabalha com honestidade, sinceridade e firmeza, infelizmente não vieram os resultados.

LÉO GOIANO

Aprendi muito com o Léo, ele é um fenômeno. Ele pegou a batata quente na mão, já não tinha muito o que fazer. Com as peças que ele tinha tentou suprir as necessidades do Remo.

ANÁLISE


Hoje fazendo uma análise conseguimos entender que a diretoria se precipitou com as mudanças. No jogo contra o Salgueiro-PE a gente viu que não tinha peça de reposição. O Luiz Eduardo estava fora, se não tivesse mandando o Nino embora, ele poderia ter ajudado.

Ninguém é contratado para ser titular ou reserva, a gente vem com um planejamento que  diretoria te mostra e para ajudar o clube. Infelizmente os resultados não vieram.

Foi um período difícil que a gente passou, e ainda estamos passando, eu e minha família, quase sendo despejados, com dois meses de moradia atrasados.

SITUAÇÃO FINANCEIRA

Para muitos torcedores somos mercenários. Qual o mercenário que trabalha de graça? Qual o mercenário que trabalha com dois meses de salário atrasado? Mercenário que eu sei trabalha por dinheiro. Quando entramos dentro de campo, jogamos com raça, com a maior vontade de ajudar o clube.

No Remo é muito difícil de trabalhar, porque a única preocupação do atleta não é só de jogar, ele tem que se preocupar com a moradia e com o salários que estão atrasados.

A gente não entrava em campo exclusivamente só pensando em ganhar o jogo, a gente tem que ganhar porque “eles têm que pagar”, a gente tem que ganhar porque “vai ter o apartamento”, a gente tem que ganhar porque “só assim a torcida vem”,

Era uma série de fatores que às vezes atrapalhava.

A gente não tinha a cabeça fixa em só vir no Remo e trabalhar e jogar, os fatores de moradia e salário atrasados influenciam. Às vezes tinha funcionário que se queixava que estava faltando algo em casa, e eu ajudava as pessoas. A situação financeira, até de alguns jogadores, era bem difícil.

PROMESSAS

Hoje é um momento complicado de se falar e transferir a responsabilidade. É agoniante você ficar dias sem resposta.

A diretoria poderia ser um pouco mais atenciosa.

TRISTEZA

 Saio muito triste, porque queria ter levado o time para a Série B e ser campeão. Colocar o Remo na Segundona é como ver Flamengo e Corinthians jogando, a certeza de casa cheia. A paixão que o povo de Belém tem de futebol é incrível. Coisas que não se tem em todos os lugares.

FENÔMENO AZUL

Depois que sair do Vasco, Fluminense e do Goiás eu joguei em times pequenos. Tive propostas para ir para Portugal, mas decidir jogar no Remo. Amei jogar no Mangueirão lotado. A torcida do remo é Fenômeno Azul mesmo, apoia, participa.

Quando eu fui vaiado no jogo contra o Moto Club-MA, cheguei em casa rindo, porque fazia tanto tempo que não sentia aquela sensação gostosa de ter um desafio. Pensei: se eles estão me vaiando, vou fazer algo aqui, vou dar o meu melhor ali, para que isso não acontecesse.

VISÃO PROFISSIONAL

Quem está no Remo precisa entender que nada é superior ao clube. Quem for administrar o clube tem que ter em mente que não é maior que o Remo e sua torcida. Uma vez me perguntaram em uma entrevista se eu me importava em ser improvido no time, eu entendo que o Remo é superior a mim, e é lógico que eu me sacrificaria por isso.

Creio que quem for administrar o tem que pensar que os benefícios precisam ser para o clube e não para o pessoal.

(Arte: Kaytson Vila Nova/ DOL)

FUTURO

Infelizmente acabou aqui, eu fico muito feliz de ter jogado no Remo. Queria que tivesse sido melhor, amei a torcida.

Agora vou voltar para o Brasiliense.  Tenho planos e objetivos na minha carreira.

Para a próxima temporada o Brasiliense tem Copa do Brasil, Candangão e Série D para jogar.

(Bruna Dias/DOL)

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário!
Digite seu nome aqui