Cinco anos após a trágica noite que ceifou as vidas de dez jovens jogadores no Ninho do Urubu, o Centro de Treinamento do Flamengo, a busca por justiça ainda persiste. O incêndio, desencadeado por um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado, resultou em um processo que envolve oito réus, incluindo ex-dirigentes do clube.
Entre os réus estão o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, o ex-diretor financeiro Márcio Garotti e o ex-diretor adjunto de patrimônio Marcelo Maia de Sá. A acusação é de incêndio culposo qualificado por causar morte e lesão corporal grave. As audiências previstas para março serão cruciais para ouvir testemunhas de defesa e acusação, assim como as vítimas.
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O incêndio ocorreu de madrugada, enquanto 26 atletas das categorias de base dormiam em contêineres sem alvará do Corpo de Bombeiros. O Centro de Treinamento já havia recebido quase 30 autos de infração por funcionar irregularmente, e o dormitório não possuía licença.
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Das dez famílias que perderam seus filhos, nove fecharam acordos com o Flamengo, cujos valores permanecem em sigilo. No entanto, os pais do goleiro Christian Esmério continuam a debater na justiça o valor de uma indenização, com o clube considerando “exorbitante” a quantia de cerca de R$ 8 milhões.
DOR E SAUDADE
Dos 16 garotos que sobreviveram, a maioria seguiu carreira no futebol, mas a dor das famílias e a busca por responsabilização persistem. A mãe do zagueiro Arthur Vinicius, uma das vítimas, emociona-se ao relembrar o único filho.
“O sentimento é de dor e saudade. Eu perdi o Arthur que era meu único filho. No dia seguinte faria 15 anos. A mãe convive com uma saudade porque a gente sabe que não volta, não tem jeito. O Arthur falava que queria ser famoso e dar uma vida melhor para mim. Ele acabou ficando famoso, de uma maneira que ninguém queria ou imaginava. Uma vida melhor para mim seria com ele”, desabafa.
Além de Christian Esmério, perderam a vida no trágico incidente: Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, Pablo Henrique da Silva Matos, Bernardo Pisetta, Vitor Isaias, Samuel Thomas Rosa, Athila Paixão, Jorge Eduardo, Gedson Santos, e Rykelmo Viana.
O QUE DIZ O CLUBE?
Na última quarta-feira (7), o Flamengo divulgou uma nota oficial, respondendo às recentes especulações sobre o valor da indenização pedida pela família de Christian Esmério, único caso que não aceitou o acordo proposto pelo clube. Sem citar o nome do jovem falecido, o Flamengo deu sua versão, que pode ser lida na íntegra a seguir:
“O clube recebeu várias consultas de muitos veículos de comunicação. Sinteticamente, o clube tem a dizer o seguinte: desde o trágico dia, o clube prestou toda assistência às famílias, tanto psicológica, como financeira. Após algum tempo e independentemente de processo judicial, o clube firmou acordo com nove das dez famílias que tiveram vítimas fatais e com todos os sobreviventes. Essas famílias consideraram justos os valores da indenização e os aceitaram. A única família que não aceitou o acordo recebe, mensalmente, uma pensão do clube, independentemente do processo judicial, e o Flamengo continua aberto para alcançar uma composição com eles, a quem muito preza.”
Eduardo Bandeira de Mello, por sua vez, também por meio de nota, afirma que não era mais presidente do clube desde dezembro de 2018, destacando a excelência das instalações durante sua gestão.
NOMES DOS ACUSADOS PELA TRAGÉDIA NO NINHO DO URUBU:
1. Eduardo Bandeira de Mello – Presidente do Flamengo até 2018.2. Márcio Garotti – Diretor financeiro do Flamengo, junto com Bandeira.3. Marcelo Maia de Sá – Diretor-adjunto de patrimônio.4. Danilo Duarte – Engenheiro responsável-técnico pelos contêineres.5. Fabio Hilário da Silva – Engenheiro responsável-técnico pelos contêineres.6. Weslley Gimenes – Engenheiro responsável-técnico pelos contêineres.7. Claudia Pereira Rodrigues – Responsável pela assinatura dos contratos da NHJ.8. Edson Colman – Sócio da Colman Refrigeração, responsável pela manutenção no ar condicionado.
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