Misoginia é o desprezo, preconceito ou ódio contra mulheres, manifestado de diversas formas, desde comentários desrespeitosos e discriminação até violência física e psicológica. Recentemente, o jogador de futebol Neymar Jr. foi acusado de misoginia após responder de maneira agressiva às críticas da atriz Luana Piovani sobre seu apoio à PEC 3/2022, proposta que pode resultar na privatização das praias que atualmente pertencem à União.
Em sua participação no UOL News 2ª Edição nesta sexta-feira (31), a colunista Cristina Fibe destacou como as respostas de Neymar refletiram comportamentos misóginos, o que chama a atenção para a necessidade de um debate sobre a responsabilidade de figuras públicas no combate ao ódio e preconceito contra mulheres.
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Tudo começou quando Piovani usou suas redes sociais para manifestar sua desaprovação ao apoio de Neymar à PEC de autoria do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que está em discussão na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e propõe a transferência dos terrenos de Marinha para ocupantes particulares mediante pagamento. Diante das críticas, o jogador decidiu partir para ataques pessoais contra a atriz.
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Em suas respostas, publicadas por meio de um vídeo nas redes sociais, Neymar chamou Piovani de “louca”, “velha” e insinuou que a atriz estaria mal-intencionada ao criticar sua posição política. Neymar também fez um comentário violento, sugerindo que alguém deveria “enfiar um sapato na boca” de Piovani.
🚨FAMOSOS: Neymar se revolta e chuta o balde ao responder as frequentes criticas que vem recebendo de Luana Piovani, ex de seu amigo Pedro Scooby.
– “Toma vergonha na tua cara, pô. Mais de 50 anos e quer vim lacrar na internet? Ta pensando que você é quem? Ah, vai pro caralh*” pic.twitter.com/dVpvaJDOOQ
— DIRETO DO MIOLO (@diretodomiolo) May 30, 2024
ARTILHEIRO DA MISOGINIA
Cristina Fibe argumentou que a reação de Neymar exemplifica a misoginia, o ódio e a desvalorização das mulheres. “Ele fez um strike em vários sinalizadores de ódio à mulher”, disse ela, destacando que Neymar usou clichês comuns para atacar Piovani, como chamá-la de “louca”, desqualificá-la pela idade e fazer insinuações sexuais.
“Eu falei artilheiro da misoginia porque ele usa os clichês que a gente tá acostumada a ouvir para atacar as mulheres. Primeiro, ele começa falando que ela é louca, quem deixou ela ir embora do hospício pega ela de volta. Ele já começa nesse tom, chama de louca. Depois o etarismo: chama de velha, aumenta a idade dela. Luana por acaso não passou dos 50 anos. E se tivesse passado, qual seria o problema? Ele fala que ela já tá com mais de 50 e tá querendo lacrar na internet, desqualificando uma mulher pela sua idade – o que é uma coisa muito violenta não só com a Piovani, com todas as mulheres”, ressalta a jornalista.
“Quando ele usa louca, velha, e aí ele usa também o terceiro fator muito comum aos homens que é – desculpa, gente, licença – o famoso mal comida. Ele fala: ‘Deve estar querendo alguma coisa comigo para não tá tirando meu nome da boca”. Isso é muito agressivo também. Como se a Luana não tivesse o direito à opinião dela, mas ela estivesse dando a opinião dela para conquistar este alecrim dourado”, aponta Fibe. “Por fim, ele usa de uma agressão que eu achei bastante violenta, que ele diz tem que enfiar um sapato na sua boca ‘porque você só fala merda’ —desculpa de novo o palavrão. Achei a reação dele bastante violenta, misógina, e —de novo— por que isso é importante?”, destaca.
EXEMPLO PARA MENINOS BRASILEIROS
A colunista também ressaltou a importância do comportamento de Neymar, dado seu status de ídolo para muitos jovens.
“Tem muita gente na internet comentando: ‘Ai Luana e Neymar no ringue’ e não é sobre isso. É sobre um homem que é um exemplo, principalmente para os meninos, um brasileiro que destila em suas redes sociais com centenas de milhares de seguidores o ódio às mulheres. Não é sobre a Luana Piovani, é sobre todas nós, mulheres. Um ódio que neste país mata”, afirmou Fibe. Ela destacou que o Brasil é o quinto país em feminicídio, tornando ainda mais grave o impacto de tais comportamentos por figuras públicas influentes.
RESPONSABILIDADE NAS REDES SOCIAIS
Fibe concluiu que Neymar, com seus milhões de seguidores e influência global, deveria usar sua plataforma para promover exemplos positivos, em vez de perpetuar a misoginia. Luana Piovani também comentou sobre o desejo de que seus filhos não se espelhem em Neymar devido ao comportamento do jogador.
“A gente tem que pensar no Neymar como um modelo de comportamento. Neymar, só no Instagram, tem mais de 220 milhões de seguidores. Ele é um homem muito muito idolatrado, é bancado por patrocinadores por marcas mundiais, que joga – já jogou – em vários times pelo mundo, ele é um ídolo pros meninos. Então a Luana como mãe de menino, inclusive ela comenta isso: ‘Queria que os meus filhos não gostassem do Neymar porque ele é também um exemplo'”.